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Economia

Governo monitora de perto frigoríficos para que não fechem as portas em MS

Renata Volpe Haddad | 03/04/2017 11:36
JBS deu férias coletivas aos funcionários. (Foto: Marcos Ermínio)
JBS deu férias coletivas aos funcionários. (Foto: Marcos Ermínio)

A repercussão da operação Carne Fraca no Brasil foi mundial e 17 dias depois de desencadeada, a grande preocupação para Mato Grosso do Sul, é que os frigoríficos fechem as portas, por isso, o governo estadual monitora de perto a situação.

Nenhuma empresa do Estado foi investigada, mas ocasionou na suspensão de três dias nas atividades de seis dos sete frigoríficos do JBS (responsável mais de 80% do mercado no Estado) entre os dias 23 e 25 de março e recentemente em férias coletivas de 20 dias aos funcionários prorrogáveis por mais dez.

Segundo o secretário da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, o governo está monitorando de perto os frigoríficos, para que não encerrem as atividades. "Vamos demorar muito tempo para recuperar nossa imagem e nossa preocupação neste momento é que os frigoríficos fechem as portas. Aceitamos as férias coletivas, porque é uma adequação ao mercado, mas elas não podem fechar as portas", alega.

Em 2015, pelo menos 16 frigoríficos encerraram as atividades em Mato Grosso do Sul. "Temos receio que as grandes empresas aproveitem esse momento para uma reestruturação interna e acabem realocando a produção em outras plantas, fechando algumas", informa.

Sobre as exportações, o secretário afirmou que houve uma melhora em função dos embargos das principais consumidoras, como Egito, Hong Kong e China. "Já deu uma melhorada em relação ao fluxo de exportação, mas a recuperação é lenta. Os países voltaram a importar, mas com uma inspeção maior ainda".

Secretário da Semagro, Jaime Verruck, informa que o governo de MS monitora de perto situação dos frigoríficos. (Foto: Arquivo/ Campo Grande News)
Secretário da Semagro, Jaime Verruck, informa que o governo de MS monitora de perto situação dos frigoríficos. (Foto: Arquivo/ Campo Grande News)

O especialista em agronegócio e diretor da Agroconsult, Maurício Palma, informa que antes da operação ser desencadeada, havia um grande estoque de animais machos que não foram abatidos em 2016 para serem abatidos este ano, fazendo com que o preço da arroba estivesse baixo.

"Este ano é de muita oferta e esperávamos queda no preço, mas não queda de margem. Só que agora temos que recalcular tudo depois da operação, que foi criada em cima de um problema que não existe. A Polícia Federal fez um trabalho correto, foi atrás de corrupção, mas a forma que foi divulgada a operação e como a imprensa tratou, prejudicou e muito a cadeia", diz.

Sobre os preços da carne bovina, o especialista alega que agora é um momento de baixa. "Já era um cenário desenhado devido a grande oferta e com a operação, vamos trabalhar em baixa. O mercado deve se recuperar daqui dois anos".

O presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS), Maurício Saito, voltou a dizer que a carne do Estado é forte. "Somos referência para qualquer país. Nossa carne é de qualidade, se não fosse, não teríamos mais de 150 países importando nosso produto. Nosso sistema de vigilância é seguro e não podemos estudar questões pontuais".

Conforme o presidente do Sindicato Rural, Rui Fachini, pecuaristas estão preocupados. "O mercado da carne também é preocupante. Antes da operação, já estávamos com receio da crise econômica, mas tínhamos um lado positivo que eram as exportações, aí desencadeou a operação. Temos que analisar como vai ficar o preço, porque a situação é preocupante".

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