IPTU sobe até 128% para moradores em ruas cheia de buracos e alagadas
Apesar de o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) ser cobrado com a finalidade de arrecadar fundos para melhorias na infraestrutura das vias da cidade, como asfalto, rede de esgoto, calçamento e iluminação, a população de Campo Grande não vê o dinheiro do imposto investido nos bairros.
Para alguns imóveis, o reajuste do tributo em 2014 chegou a 128%, sem que o morador tenha realizado mudanças e em locais que sofrem com alagamentos quando chove, têm praças abandonadas e ruas cheias de buracos ou que “viram um breu” à noite.
É o caso da diarista Maria de Lourdes da Silva, 56 anos, que mora na Vila Nasser. Ela lembra ter “se assustado” no ano passado, quando pagou R$ 700 de IPTU, mas o choque maior foi abrir o carnê desse ano, que cobrou R$ 1.598. “É uma verdadeira sacanagem, porque não teve nenhuma benfeitoria, nem na minha casa, nem no bairro. Se melhorasse alguma coisa, eu seria a primeira pagar satisfeita, aí seria justo”, opina.
A revolta da funcionária pública Nadia Aparecida Santana, 34 anos, é ainda maior porque ela fica ilhada quando chove, na Vila Aimoré. “Minha casa, na rua Morelia Neves, só não alaga porque fica na descida. Mas, perto do museu (José Antônio Pereira), na Guaicurus, vira um rio, e a rua da Divisão, que seria outro caminho, também, então não tem para onde ir. Não entendo a cara de pau de cobrarem mais caro de gente, enquanto as ruas estão um caos”, comenta Nádia, cujo o IPTU saltou de R$ 189 para R$ 252, um reajuste de 33%.
Na Vila Albuquerque, o problema são as ruas escuras, conta a psicóloga Karina de Oliveira, 40. Moradora do bairro há dois anos, ela afirma que nenhuma benfeitoria foi feita para justificar o aumento do imposto. No ano passado, o carnê do imóvel ficou em torno de R$ 1,5 mil, para este ano, Karina aguardava na fila do posto de atendimento do IPTU, ao lado da Prefeitura.
“Ouvi que ia aumentar, e estou preparada para a surpresa, porque R$ 1,5 mil já era um valor pesado”, afirma. Ela sugere, ainda, que a prefeitura encontre uma forma de especificar as melhorias feitas em cada bairro, antes de reajustar o imposto. “Porque não vi nada de novo e não sei pelo que estou pagando”, justifica.
Só inflação - A prefeitura, por outro lado, nega que o reajuste tenha sido aplicado em bairros em situação de abandono. Por meio da assessoria, afirma que em 98% dos imóveis da Capital, o aumento seguiu somente o índice da inflação (IPCA-E), de 5,93%.
Nos demais, o valor do IPTU foi atualizado de forma proporcional à valorização, devido à benfeitorias (como reformas e ampliações), e ressalta que esta reavaliação de valores de mercado é um procedimento normal praticado todos os anos pela administração municipal, já prevista na legislação e, portanto, sem necessidade de aprovação pela Câmara de Vereadores.