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Economia

MS aceita ampliar contrato de ferrovia, mas quer cronograma de investimentos

Paulo Nonato de Souza | 17/01/2017 08:12
Malha ferroviária em Mato Grosso do Sul sucateada e o Sindicato dos ferroviários defende o mínimo de manutenção (Foto: Alcides Neto)
Malha ferroviária em Mato Grosso do Sul sucateada e o Sindicato dos ferroviários defende o mínimo de manutenção (Foto: Alcides Neto)

Renovação ou não da concessão com a empresa operadora, a Rumo/ALL, e o futuro do sistema ferroviário em Mato Grosso do Sul. Este será o tema da audiência que o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, terá na próxima segunda-feira, dia 23, em Brasília, com o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, responsável pela área de concessões e investimentos em infraestrutura do Governo Federal.

“O Governo do Estado já tem pronto um estudo de demanda e viabilidade econômica da malha oeste (a ferrovia em MS), e não somos contra a renovação da concessão por mais 30 anos como deseja a Rumo, mas isso tem que estar vinculado a um cronograma de investimentos. Se não for com a Rumo que seja com qualquer outro grupo interessado, desde que venha com um cronograma definido e não com proposta de viabilizar investimentos ao longo do contrato”, disse o secretário Jaime Verruck, nesta segunda-feira, em entrevista ao Campo Grande News, por telefone.

A Rumo/ALL admite investir na recuperação da malha ferroviária em Mato Grosso do Sul, mas com a ressalva de que, para garantir o investimento, precisa da ampliação do prazo de concessão para ter o retorno do dinheiro injetado nas obras necessárias.

“Também entendemos que em dez anos (é o tempo que resta para o fim do atual contrato) é inviável a recuperação de volume de capital investido, mas aceitamos estender o contrato com a garantia do cronograma de investimentos na nossa ferrovia”, frisou Jaime Verruck.

No início do mês, a Rumo ALL pediu ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) licença para construir pátios ferroviários em cruzamentos de Mato Grosso do Sul. 

Sem esperança - Ouvido pelo Campo Grande News, Willian Monteiro, do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários, disse que não acredita mais em nenhuma proposta que venha da empresa Rumo/ALL.

“A Rumo pode até dizer que tem interesse em investir em Mato Grosso do Sul, mas não acredito. Outro problema sério é que a Rumo não cumpre contrato. Tomara que a gente se surpreenda, mas no momento não existe nenhum indicativo de que alguma gestão da empresa possa beneficiar Mato Grosso do Sul. A Rumo sempre privilegiou a Ferronorte, que passa por Mato Grosso do Sul, porém, não acrescenta nada para o nosso estado", disse Monteiro.

Segundo ele,  a Rumo desviou dois mil vagões graneleiros e 95 locomotivas da malha oeste em Mato Grosso do Sul para outras ferrovias.

"A Rumo abandonou total a nossa ferrovia e ficamos nós aqui brigando por um mínimo de manutenção. Em torno de 700 funcionários ficaram na mão, somente em Mato Grosso do Sul foram demitidos 450 funcionários. Até o RH (Recursos Humanos) foi desativado, e hoje a empresa só tem funcionários em Corumbá e Três Lagoas", afirmou o dirigente do Sindicato dos Ferroviários.

DEMANDA E VIABILIDADE ECONÔMICA – De acordo com o estudo realizado pelo Governo do Estado em parceria com o ILOS (Instituto de Logística e Supply Chain), empresa especializada em estudos logísticos, e apresentado em setembro de 2015,a recuperação da malha ferroviária em Mato Grosso do Sul exigirá investimentos de R$ 1,9 bilhão.

O levantamento revela que está no setor de papel e celulose a grande oportunidade para a ferrovia em Mato Grosso do Sul, batizada de malha oeste. Além do volume já transportado atualmente por ferrovia, a exequibilidade passa pela expansão da produção na região de Três Lagoas e pelo novo projeto em Ribas do Rio Pardo.

Outro desafio está no crescimento expressivo do transporte de combustíveis, saltando de 5% transportado em 2014 para 75% da participação do mercado. O estudo ainda contempla o aumento da captação da carga geral produzida e consumida no Estado, além da manutenção das cargas atuais, como o minério da região de Corumbá.

Sede da ferrovia em Campo Grande, hoje sem nenhum funcionário, segundo o Sindicato dos ferroviários (Foto: Alcides Neto)
Sede da ferrovia em Campo Grande, hoje sem nenhum funcionário, segundo o Sindicato dos ferroviários (Foto: Alcides Neto)

Atualmente, a malha oeste transporta cerca de 6 milhões de toneladas por ano. Considerando uma tarifa competitiva, é necessário que o volume atinja 14,5 milhões de toneladas anuais para sustentar a viabilidade da ferrovia na região, aponta o estudo de demanda.

Para atendimento desse volume potencial, considerando a melhoria no nível de segurança, o aumento da capacidade e da eficiência, o investimento necessário para adequar a malha oeste a esse novo patamar de carga é de R$ 1,9 bilhão, com a previsão de obras de infra-estrutura e superestrutura, adequação de pontes e passagens em nível, extensão e construção de pátios, e aumento de carga por eixo – além da compra de mais de 70 novas locomotivas e mais de 2 mil vagões.

O estudo prevê esses investimentos irão reduzir o custo variável da operação da ferrovia, mas para garantir a viabilidade do projeto ainda é necessária a concretização de algumas premissas, tais como a realização de 100% do volume potencial em contratos de longo prazo, a redução do custo fixo, isenção de impostos, a definição de uma linha de financiamento adequada e a extensão do prazo de concessão para amortização dos recursos investidos.

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