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Economia

Pedidos de recuperação judicial crescem 314% em MS

Em 2022 foram apenas 7 pedidos de recuperação judicial, já em 2023 foram 23; em 2024, até aqui, já são 29

Por Lucas Mamédio | 21/07/2024 08:18
Corredor de comércio no centro de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Corredor de comércio no centro de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Os pedidos de recuperação judicial em Mato Grosso do Sul cresceram 314% de 2022 para 2024 e olha que o ano ainda nem acabou. Conforme dados solicitados pelo Campo Grande News à empresa de consultoria Serasa Experian, em 2022 foram apenas 7 pedidos de recuperação judicial, já em 2023 foram 23 e em 2024, apenas de janeiro a maio, foram 29 requerimentos

Se comparar 2022 a 2024, houve aumento de 314%. Já se comparar 2023 com este ano até aqui, o crescimento foi de 26%.

Em resumo, a recuperação judicial é um meio utilizado por empresas para evitar que sejam levadas à falência. O processo permite que companhias, após decisão judicial, suspendam as cobranças e renegociem parte das dívidas acumuladas em um período de crise, evitando o encerramento das atividades, demissões e falta de pagamentos.

Ela tem como objetivo principal apresentar um plano de recuperação viável, que mostre aos credores que a empresa possui condições de se reerguer, caso consiga renegociar suas dívidas.

Após o requerimento, a recuperação judicial passa por dois estágios: o de deferimento e de concessão.

Em Mato Grosso do Sul, contando solicitações feitas em anos anteriores e que foram finalizadas, foram 12 pedidos deferidos em 2022, 20 pedidos em 2023 e 27 neste ano até aqui. Já os números de pedidos concedidos, estão restritos aos anos de 2022 e 2023, sendo 12 e 23, respectivamente.

Na recuperação deferida, a documentação foi analisada pelo juiz e está correta, mas isso não significa que a recuperação será concedida. Já a recuperação concedida significa que o processo passou por todos os passos e foram cumpridas as exigências de lei. A empresa então permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano.

Para o economista Márcio Coutinho, este cenário pode se explicar pela oscilação da taxa básica de juros dos últimos anos. “O que acontece agora é reflexo de 2020 e 2021. Nesse sentido, eu entendo que um dos principais fatores foi o aumento da taxa básica de juros. Se fizer uma retrospectiva, em setembro de 2021 a Selic estava 6,25% ao ano. Em junho de 2022 ela bateu 13,25%, ou seja, dobrou e quem estava endividado e as empresas pegam dinheiro emprestado alastrado no CDI e se a Selic aumenta esse custo aumenta”.

Já para outro economista, Michel Martines, o pedido é uma última possibilidade de o empresário sobreviver. “O que precisa ser observado é que de 2014 a 2020 internacionalmente a gente já vive uma crise e dentro do brasil uma crise financeira e política”.

Para ele, além das questão dos juros, houve uma mudança no perfil do consumidor após a pandemia e isso refletiu na saúde das empresas. “Isso tudo se agravou quando veio a pandemia o comércio não pôde abrir suas portas e quando pôde ele já pega um consumidor com a cultura mudada, as possibilidades se ampliaram muito das compras online, de comércios chineses”.

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