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Educação e Tecnologia

Com 15 cidades universitárias e 13 polos EaD, Uems tem meta de expandir mais

Reitor reeleito quer curso de Direito nas Moreninhas e Medicina em Dourados, além de deixar Uems 100% digital

Gabriela Couto e Everson Castilho | 18/06/2023 11:21
Reitor reeleito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Laércio Alves de Carvalho. (Foto: ACS/Uems)
Reitor reeleito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Laércio Alves de Carvalho. (Foto: ACS/Uems)

Reeleito com 91,25% dos votos dos docentes; 88,33% dos técnicos administrativos; e 94,33 % dos alunos, o reitor da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Laércio Alves de Carvalho, tem metas ousadas para a nova gestão até 2027.

A instituição realizou nos últimos anos o maior programa de expansão da sua história, chegando a 15 unidades universitárias e 13 polos de educação a distância da UAB/Uems. Criada para cumprir um papel de responsabilidade social com as cotas, a Uems tem hoje 85% dos alunos que vieram da rede pública de ensino.

De acordo com Laércio, o papel da universidade será fundamental para o desenvolvimento do Estado que tem como meta ser próspero, verde, digital e inclusive na gestão do governador Eduardo Riedel (PSDB).

Parte do futuro de Mato Grosso do Sul está passando pelas mãos dos alunos que atual na construção do plano de diretor dos municípios, pesquisas com carbono neutro e pró-solo. Confira abaixo a íntegra da entrevista com o reitor sobre a instituição que deve expandir ainda mais nos próximos anos.

Após 30 anos de história, o que é a Uems hoje para a população de Mato Grosso do Sul?  

A Uems hoje tem mais de 68 cursos de graduação presenciais, mais de 12 ofertas no âmbito da EAD (Ensino à Distância), em 12 municípios. Nós temos aí 14 mestrados, dois doutorados e acabamos de receber a notícia de que mais um mestrado foi aprovado, em Geografia na unidade de Campo Grande, fora as ações de extensão que nós temos vários projetos.

São mais de projetos cadastrados de extensão, mais quinhentos projetos cadastrados em pesquisa e também todo o nosso trabalho que a gente desenvolve junto a comunidade,   principalmente de atendimentos, cursos que nós temos de línguas, outros cursos de extensão e especializações.

Hoje, são mais de vinte especializações, atendendo não só a sociedade, mas também os nossos servidores públicos.

Em relação a questão das cotas. Como está essa situação aqui na universidade?

A Uems ela foi pioneira nas cotas para negros e, principalmente, indígenas. Nós temos hoje 10% das vagas para cotistas indígenas, 20% para cotistas negros, 5% para PCD (Pessoas com Deficiência) e 10% para moradores que comprovem residência no Estado de mais de dez anos. Nosso programa de cotas é para todos os cursos, sem distinção.

Reitor da Uems, Laércio Alves de Carvalho, e Diretor Florestal da Bracell, Mauro Quirino em assinatura de cooperação técnico-científica. (ACS/Uems)
Reitor da Uems, Laércio Alves de Carvalho, e Diretor Florestal da Bracell, Mauro Quirino em assinatura de cooperação técnico-científica. (ACS/Uems)

 Como isso impacta a comunidade?

Nós temos aqui na Uems basicamente 85% dos nossos alunos oriundos da rede pública, e nós temos dentro desse percentual uma grande quantidade de acadêmicos com vários níveis de vulnerabilidade.

A Uems foi criada para atender a população do interior. Por isso que a reitoria, desde quando foi criada, está em Dourados. Damos a oportunidade para as pessoas que estão lá, em pequenos municípios, e que não teriam condições de ir para grandes centros para realizar o seu sonho do Ensino Superior.

Assim elas têm a condição de não só melhorar a vida dela, condição de melhorar a vida da sua família e condição de melhorar a vida no entorno de onde ela participa, dos municípios. Hoje, o Estado está em uma grande expansão de desenvolvimento, e isso requer pessoas qualificadas, qualificadas tecnicamente.

O que que a gente pode esperar para o futuro? 

Nós conseguimos ampliar para esse ano 14 novas ofertas, então foi o maior programa de expansão da história da Uems. Essa expansão ela só foi possível porque a universidade está estruturada, trabalha dentro da sua sustentabilidade financeira com o apoio do nosso Governo de Mato Grosso do Sul, com o apoio da bancada federal, da bancada estadual e, principalmente, prefeitos e vereadores dos municípios.

Estamos sempre trabalhando essa viabilidade de novos cursos em várias frentes, conforme a demanda. Estamos estudando agora um Tecnólogo em Silvicultura no município de Água Clara, em parceria com a Bracel, que é uma multinacional para atender uma demanda específica de formação para trabalhar dentro dessa linha da expansão do eucalipto, que o Estado todo vem acompanhando.

Então, a gente vem trabalhando dentro dessa possibilidade, a gente está trabalhando na possibilidade de ter cursos de Direito, nas Moreninhas e em Dourados. Analisamos a viabilidade dos cursos de fonoaudiologia e terapia ocupacional, que não tem hoje no Estado.

Nós queremos abrir aqui um centro multiprofissional de atendimento à saúde. Então, a gente tá pretendendo trabalhar aqui dentro da unidade de Campo Grande e também nós estamos trabalhando numa frente de um curso com a demanda pontual com a parceria da Prefeitura e do Governo do Estado.

Reitor ao lado do governador Eduardo Riedel (PSDB) e do vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), em solenidade de assinaturas e entregas na UEMS Dourados. (Foto: Leandro Benites)
Reitor ao lado do governador Eduardo Riedel (PSDB) e do vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), em solenidade de assinaturas e entregas na UEMS Dourados. (Foto: Leandro Benites)

Em Bataguassu, há possibilidade de uma turma de Direito naquela região. Com um polo tecnológico em Nova Andradina, devem sair os cursos da área da Computação, Tecnologia da Informação. O tão sonhado curso de Medicina em Dourados, que todos perguntam está em processo de estudo.

Uma demanda que nós temos lá também em Paranaíba é o curso de Relações Internacionais e curso de Medicina também. Já participamos de várias audiências lá em Paranaíba dentro dessa lógica, para trabalhar nesse sentido.

Tecnólogos em Cassilândia, onde nós temos uma expansão muito grande lá da cana-de-açúcar e da silvicultura também. Mundo Novo e Aquidauana vêm trabalhando na demanda de medicina veterinária, mas logicamente a gente trabalha o estudo técnico de viabilidade é justamente pra dar uma noção de valores, uma noção de investimentos e uma noção de tempo, de planejamento para que a gente possa abrir de acordo com as demanda, mas também com as possibilidades financeiras que a universidade tem hoje no seu orçamento.

Qual é o papel da Uems dentro do projeto do Estado de ser próspero, verde, digital e inclusivo?

A Uems vem dentro também dessa lógica do Governo do Estado, ela já tem o seu contrato de gestão com dez projetos estratégicos que a gente vem trabalhando junto com a administração estadual. Fora isso, nós temos os nossos projetos estratégicos na extensão, projetos estratégicos na pesquisa.

Então, nós temos agora os desafios de ser uma universidade digital, então a nossa meta é que a Uems seja 100% digital, zero papel. A gente tá trabalhando forte junto com o Governo do Estado pra gente transformar isso. A gente também vem trabalhando dentro da sustentabilidade para que a Uems possa ter a certificação de universidade sustentável dentro das ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

A gente também vem trabalhando na inclusão, que são as cotas que são os auxílios permanências, a Uems agora vem trabalhando na construção de seus restaurantes universitários. Então, a gente vai ter a gente tá trabalhando a possibilidade de ter restaurante universitário em Dourados, Campo Grande, Paranaíba e Aquidauana que hoje são as maiores unidades. Depois a gente migra para os outros municípios, em seguida que apresentarem essa demanda qualificada.

Uma frente importante agora para a universidade é a internacionalização. Hoje, a Uems tem cursos gratuitos para todos os servidores que queiram fazer, o de inglês, e vamos abrir em breve para espanhol e outra línguas, para que a gente possa se preparar para esse mundo globalizado.

Temos mais de 130 pesquisadores e outras frentes que a Uems vem trabalhando com a Rota Bioceânica. Temos um projeto junto do departamento de agricultura da universidade dos Estados Unidos. Estamos trabalhando em outras frentes com projetos com universidades da Itália e de Portugal, são várias frente de internacionalização que a gente considera como grande desafio para os próximos quatro anos desse mandato.

Já tem uma equipe aqui dentro da Medicina de Campo Grande, trabalha com a Telemedicina e agregando outros pesquisadores de letras, pedagogia e agora junto com a geografia, a gente tá trabalhando dentro de plano diretor. Agora, todos os municípios são obrigado a fazer plano diretor, a gente vem trabalhando nessa frente, vai começar com Porto Murtinho, por conta da Rota Bioceânica, e já estamos em processo de negociação junto com a Fiems [Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul] para discutir os planos diretores dos municípios.

A universidade hoje tá com mais de R$ 16 milhões de obras em andamento, mas eu acho que o mais importante é a gente ter uma universidade cada vez mais humana para que a gente possa ter esse acolhimento aqui dos nossos alunos, da sociedade como um todo.

E auxílio estudantil, como está essa questão? 

Nós temos hoje mais de R$ 24 milhões investidos ano no auxílio estudantil.  São mais de 1,4 mil auxílios em todas as áreas. Permanência e alimentação, principalmente, além das nossas bolsas de pesquisa, iniciação, cultura, esporte e também vale ressaltar que nós queremos transformar a universidade numa universidade que ela transcende as sala de aula.

Porque a universidade, na nossa concepção, não é somente sala de aula. A universidade de cultura, esporte, lazer, projetos de extensão com a comunidade. A gente vem trabalhando para que um projeto de uma associação, de uma atlética, por exemplo, ele tem que ser inserido dentro de um componente curricular para formação do aluno.

Laércio em discurso durante show de Almir Sater nos 30 Anos da UEMS, na Cidade Universitária de Dourados. (Foto: Leandro Benites)
Laércio em discurso durante show de Almir Sater nos 30 Anos da UEMS, na Cidade Universitária de Dourados. (Foto: Leandro Benites)

Tivemos agora no feriado de Corpus Christi, mais de 700 alunos de 11 municípios, no InterUEMS, com ajuda de prefeitos, Governo do Estado. Isso é muito bacana porque o aluno sai daqui preparado a organizar um evento, preparado para uma competição, porque hoje no mundo globalizado ninguém trabalha mais sozinho, você trabalha em equipe, por melhor formação que você tenha, se você não estiver preparado para trabalhar em equipe, você não vai ter um sucesso profissional e isso você trabalha dentro dos jogos, dentro do lazer.

Qual a novidade para este ano? 

Vamos inaugurar um parque tecnológico de inovação, em Mundo Novo. Foram mais de R$ 8,5 milhões investidos. Nós teremos lá mais de um complexo de laboratórios que vai realizar análise para produtores do Cone Sul, produtores da Agricultura Familiar que vão realizar análise de solo e de água para que a gente possa ter esse processo de pesquisa e inovação e conservação.

A gente está numa frente grande, acoplado aí a um grande programa do Estado que é o Pró-solo e o Estado Carbono Neutro. Então, são duas frentes que a universidade hoje têm. Nós temos criado hoje na Universidade Estadual, o Centro de Pesquisa de Carbono Neutro, que é lá em Mundo Novo. Ele já está para ser inaugurado, já tá pronto. A obra só esperando a visita do governador para inaugurar. Estamos na fase de instalação de equipamentos. Assim que o governador inaugurar, a gente vai calibrar os equipamentos para já fazer esse atendimento.

Também serão investidos cerca de R$ 10 milhões para atender o pró-solo, que é um programa forte do Governo para conservação de solos nas áreas de agricultura do estado e o carbono neutro.

A Uems já aprovou mais de R$ 2,5 milhões no edital da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) do carbono neutro. São dois projetos de Mundo Novo e um projeto aqui em Campo Grande, na unidade de Campo Grande da Geografia, que vai quantificar o balanço de carbono nos municípios do estado do Mato Grosso do Sul.

Trabalhamos também na parte de suinocultura do Biogás, para que a gente possa aproveitar melhor esse Biogás que sai como dejeto, mas que também depois ele é transformado em biogás, para que possa gerar energia.

Como é a Uems na comunidade? 

Este é o maior programa de extensão de Mato Grosso do Sul, porque leva toda a estrutura da universidade de ensino, pesquisa e extensão. Só é possível com apoio do Governo do Estado e da bancada federal. Rodamos o Estado todos os meses. No dia 24 de junho a gente vai realizar em Dourados, na aldeia indígena, que leva tecnologia, que leva inovação.

Temos também um trabalho forte na área penal. Os grupos de direito, eles trabalham com remissão de pena dos reeducandos, remissão de pena de quem tá lá cumprindo alguma pena. Então é remissão pela leitura, e a gente trabalha muito na formação também do corpo dos servidores do estado, principalmente na área de segurança pública e nós estamos com especialização sendo ofertado para assistente sociais de todo o Estado, são mais de 200 assistentes sociais realizando a especialização contínua.

Quais são as dificuldades da Uems?

Nossa maior dificuldade é a fixação do docente na Medicina.  Hoje, temos mais de 60 professores da Medicina porque como é um curso com uma característica de uma metodologia ativa, temos uma dificuldade do profissional no dia a dia. Mas, a gente já avançou bastante.

Temos agora oito vagas em aberto para concurso e vamos abrindo outros concursos para outras áreas. Temos também uma dificuldade de fixação de professores no interior. Muitas vezes o professor vem e não se adapta com a família e ele vai embora, mas hoje a Uems tem em 80% dos seus cursos mais de 90% de professor efetivos.

Outro problema é a permanências dos nossos alunos, mesmo com o valor de auxílios. Acreditamos que vai melhorar bastante com o restaurante universitário.

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