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Educação e Tecnologia

"Ele chorou muito", diz mãe de aluno autista sobre mudança de professor de apoio

Responsáveis relatam vômitos, ansiedade e descontrole emocional dos filhos com alteração feita pela prefeitura

Lucia Morel | 02/05/2023 19:05
Escola Municipal Professor Luis Antônio Sá de Carvalho, na Vila Célia. (Foto: Arquivo)
Escola Municipal Professor Luis Antônio Sá de Carvalho, na Vila Célia. (Foto: Arquivo)

“Ele chorou muito. Não quis ir à aula”, disse uma mãe. Outra relatou que nem mesmo mandou o filho à escola porque ele ficou inquieto e vomitou muito. Mais uma, com peso nas mensagens, relatou que o pequeno dela foi à aula, mas chorou todo o caminho até chegar lá.

Esse são relatos do primeiro dia de aula nas escolas municipais depois de mudanças nos acompanhantes terapêuticos de alunos autistas. Na semana passada, algumas responsáveis entraram em contato com o Campo Grande News reclamando que haviam sido informadas, sem antecipação adequada, da mudança. Hoje, o relato foi do desequilíbrio dos filhos, que estavam acostumados com as auxiliadoras que os acompanhavam por pelo menos três anos.

O filho de 10 anos da assistente social Marluce Britez Martins Peretto, de 52 anos, estuda na Escola Municipal Professor Luís Antônio Sá de Carvalho, na Vila Célia, e contou que o menino não foi à aula hoje porque “ele não quis ir de forma nenhuma e nesse final de semana até teve episódio de vômito, então não quis forçar a ida à escola”.

Fora isso, a nova professora acompanhante nem mesmo se apresentou na escola ainda. “Nem se apresentou outra professora e ele, até o começo da tarde, estava sem”, contou, enfatizando que “mandar na escola e ficar sem o apoio não dá”.

Mais tarde, avisou a reportagem que no fim da tarde uma senhora compareceu ao colégio e “se apresentou em cima da hora, sem ao menos procurar saber como são as crianças que vai atender? Pra mim, a pessoa já não serve”, lamentou revoltada com a situação. Segundo ela, “uma profissional que vai atender crianças especiais teria de se apresentar antes à coordenação para conhecer as crianças, procurar saber como são, a individualidade e a dificuldade de cada uma delas”.

Há seis anos, o filho de 11 anos de Vanessa Lima de Souza era acompanhado pela mesma professora e contou que ela foi substituída mesmo tendo sido aprovada no processo seletivo. “Meu sentimento é de total desespero, já que meu filho esta apresentando muitas alterações no comportamento. Ele se debate, chora, grita. Está completamente desorganizado mentalmente”.

O menino foi à escola hoje, mas “chorou o caminho todo até a escola” e a mãe relatou que “foi um dia muito difícil. Ele não para de perguntar da professora que o acompanhava. Está muito confuso”. Segundo ela, na aula de hoje, o menino fez apenas um desenho e mais nada. “De resto, está agitado. Mas ainda estamos na luta para que a antiga professora volte. Estamos vivendo dias muitos difíceis. Luta, muita luta”.

Por fim, o filho da decoradora Gisele Cândido, de 36 anos, tem 11 anos e há três estava com a mesma acompanhante. “A professora dele já mudou e estou aflita. Hoje fizemos uma terapia extra pra conversar com ele sobre. Ele chorou muito. Não quis ir à escola, mas foi”. Ela se sente de mãos atadas e acusa a escola (Professor Luis Antônio Sá de Carvalho) e a Semed (Secretaria Municipal de Educação) de não fazerem nada. “Parece que estão virando as costas pros pais, sabe? Parece que não estão nem aí”, lamentou.

Conforme a Semed, a mudança decorre de fim de contrato com os antigos acompanhantes e com isso, houve seleção de novos. “Ressaltamos que esses profissionais possuem pós-graduação em educação especial, e a lotação ocorre por meio da chamada que segue a classificação, podendo ser constatado e acompanhado pelo site da Semed”.

Por fim, que “o processo seletivo atende as orientações do Ministério Público e do Tribunal de Contas, no intuito de dar transparência, impessoalidade, moralidade, legalidade, publicidade e eficiência na convocação desses profissionais”.

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