Sindicato cobra combate à violência após denúncias de ataque no IFMS
Estudantes foram detidos pela Polícia Civil no campus de Coxim por planejarem ataques a alunos LGBTQIAP+
O Sinasefe/MS (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) cobra ações para conter e evitar os casos recorrentes de violência em todos os campus do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul). O pedido surgiu após alunos terem os celulares apreendidos pela Polícia Civil e serem afastados da Instituição na manhã de quarta-feira (5), após planejarem ataques contra alunos membros da comunidade LGBTQIAP+.
A nota divulgada solicita “que o IFMS apresente um relatório detalhado sobre as medidas de segurança adotadas em todos os campi da instituição, bem como sobre as ações preventivas para evitar que episódios de violência ocorram novamente”.
O sindicato cobra ações mais efetivas por parte da reitoria e a implementação de ações em parceria com órgãos de investigação, como o Ministério Público e Polícias Civil ou Militar, para interceptar possíveis crimes dentro da instituição. Foi sugerido também a criação de canal de denúncia direta, em parceria com os órgãos de competência, para que o sindicato possa interceptar os ataques, que na maioria das vezes acabam subnotificados.
Segundo o diretor do Sinafe Leonardo Reis, “os casos subnotificados acontecem porque os servidores, em muitos casos, temem [denunciar]”. O professor também ressalta que "há uma preocupação muito grande com a Instituição perante a sociedade, e tentam abafar as coisas que acontecem para proteger a imagem [da Instituição], eu acho que não é por aí que a gente vai resolver o problema”.
Denúncia - Durante a manhã desta quarta-feira (5), a Polícia Civil frustrou um plano de ataque ao IFMS, combinado via grupo de Whatsapp. A ação aconteceria na unidade do município de Coxim, cidade que fica a 260 km de Campo Grande.
O plano de ataque combinado por três adolescentes por meio de mensagens trocadas em um grupo foi descoberto na semana passada pelos policiais. Foi realizada busca e apreensão dos celulares dos suspeitos.
As mensagens comprovam que os alvos principais eram os colegas que são homossexuais e membros da comunidade LGBTQIAP+. Os pais dos alunos envolvidos foram informados que os alunos ficarão afastados, inicialmente, pelo período de 15 dias, podendo ser estendido conforme o andamento das investigações.
Injúria racial - Boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial foi registrado por mães de alunos contra o estudante José Evaristo Diel Freitas, de 18 anos, acusado de espalhar discurso de ódio e medo entre alunos do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. Caso aconteceu em 28 de fevereiro e registro informa que o estudante disse que o “IF é um local propício para um massacre. Eu tenho uma lista de quem eu mataria”.
De acordo com o documento, registrado na Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), o estudante teria afirmado que a primeira vítima seria um colega de 18 anos, por ser “negro e maior”. O segundo ataque seria contra outro estudante de 16 anos e um terceiro colega seria torturado.
Ainda conforme o boletim de ocorrência, os três estudantes alvos da ameaça são negros. “Que, por vezes, já presenciaram o estudante fazendo declarações preconceituosas e por diversas vezes se autointitula nazista”.
O que diz o IFMS? - Em nota, o IFMS informou que, além do afastamento dos envolvidos no caso de Coxim, a próxima ação institucional será a instauração de Comissão Disciplinar Discente, juntamente à investigação que já está sendo realizada pela Polícia Civil.
A instituição também solicitou à Polícia Militar que realizasse rondas na região onde está localizado o Campus, nos dias 5 e 6 de abril, como medida preventiva e para assegurar a segurança de todos que estudam, trabalham ou visitam o local.
O IFMS, por meio da reitora Elaine Cassiano, emitiu nota publicada no site oficial da Instituição como forma de solidariedade a vítimas de violência escolar, familiares e amigos. Também foi informado que a reitora se reuniu com a Polícia Federal para tratar sobre ações e medidas de segurança.
“O IFMS reforça ser uma instituição pública que tem a missão de promover a educação de excelência, prezando pela segurança e o bem-estar de seus estudantes e servidores, e repudia qualquer ato de violência ou ameaça à vida de todo e qualquer cidadão”, esclarece a nota.