Estresse no isolamento também fez pessoas descontarem nos doces
Para 55% dos que responderam, pandemia levou a comer mais doce, outros 45% disseram que não
Um dos maiores motivos pelos quais enchemos a pança de doce é ansiedade. Seja algo momentâneo ou de longo prazo, tendemos a descontar no consumo do açúcar, umas das drogas mais poderosas e viciantes, nossos dramas.
Por isso mesmo a enquete do Lado B essa semana perguntou: na pandemia você passou a comer mais doce? Para 55% dos que responderam, a pandemia levou sim a comer mais doce, outros 45% disseram que não.
Kátia Silene, professora de educação física, nunca foi fã de doce e quando comia, era sempre algum com menos açúcar e em pouca quantidade. Ela conta que percebeu uma mudança gradativa de seu comportamento em relação ao doce.
"No começo da pandemia eu continuei normal, mas como não bebo, acho que canalizei o estresse do isolamento nos doces. Daí passei a consumir muito mais que antes, que era quase nada. Se olhar na minha geladeira agora tem sempre um chocolatinho", brinca.
Um levantamento realizado entre abril e maio de 2020 revelou que quase metade das mulheres tem consumido chocolates e doces em dois dias ou mais na semana. O índice é 7% maior do que antes da pandemia. Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomende o consumo de 25 gramas ao dia e que não ultrapasse a marca de 50 gramas, o brasileiro chega a ingerir 80 gramas, o que equivale a 18 colheres de chá de açúcar.
Para a nutricionista e professora do curso de Nutrição da Uniderp, Bruna Spontoni, a pandemia desencadeia um gatilho emocional na maioria da população. “O corpo busca uma compensação por um excesso ou carência. Afinal, um doce é uma saída fácil para compensar cansaço, tristeza e frustração”, afirma.
Contudo, o gatilho emocional não é o único fator relacionado à compulsão. “Há também o hábito alimentar, por meio do consumo repetitivo de doces diariamente, e carências nutricionais identificadas na deficiência de magnésio e cromo, que podem aumentar o desejo por doces. Tem ainda a alimentação inadequada, como o alto consumo de alimentos refinados que também aumentam a vontade”, destaca Bruna.
Sobre os prejuízos que o exagero pode acarretar no organismo, Bruna faz uma alerta. “O consumo excessivo e diário de açúcar pode provocar o acúmulo de gordura no organismo, o que leva a um aumento do risco de obesidade e diabetes”. A professora chama atenção, ainda, para o risco de vício. “O açúcar atua no cérebro e libera a sensação de prazer e bem-estar. Assim, ele se torna viciante, e muitas pessoas possuem dificuldade em controlar o consumo, o que pode desencadear ansiedade”, explica.
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