Em casa, “Cowboy de Aço” terá presença do pai pela 1ª vez em competição
Atual campeão paralímpico já tem vaga nos mundiais, mas vai disputar etapa que acontece no Parque das Nações
No lago do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, onde começou a praticar o esporte, o canoísta Fernando Rufino, conhecido como “Cowboy de Aço”, recebe agora colegas da paracanoagem, que vão disputar vaga nos mundiais deste ano durante a primeira etapa da Copa do Brasil.
Do interior de Mato Grosso do Sul, o paratleta terá uma visita ilustre e inédita. O pai, Roberto Rufino, que vai acompanhar pela primeira vez, presencialmente, o filho na água. “Vai ser uma das emoções mais fortes, estar em casa. Meu pai vai estar aqui e pra ele vir aqui é uma briga. Nunca viu eu competir, só pelo celular, então vai ser a primeira vez que o ‘véio’ vai vir aqui. Já até sei o que vai dizer: ‘e lá’”, brinca Fernando.
Mesmo já tendo vaga garantida no Campeonato Mundial, que vai acontecer no Canadá em agosto, e na Copa do Mundo, que será na Polônia em maio, por ser medalhista e atual campeão da modalidade paralímpica, o canoísta diz que isso não garante a tranquilidade na hora de competir.
“Quando a gente alinha com qualquer um acaba esse espírito de tranquilidade. Você sabe que tem garantia, mas tem um dever a ser cumprido, não vai fazer feio. Eu tenho que ser espelho para os outros que estão competindo para baterem o seu melhor tempo também”.
Para além de toda a tensão pré-competição, o cowboy tem no rosto, estampada a alegria de receber grandes nomes da modalidade em casa. “Ter grandes nomes aqui como a Mari Santilli, Giovani Vieira, estar em casa é uma alegria, eles estando aqui comigo, a emoção é a mais forte”.
Além de Mato Grosso do Sul, atletas de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal estarão competindo no Parque. Entre paratletas renomados, a paranaense Mari Santilli se destaca. Competindo desde 2014, ela é campeã pan-americana de 2017 e 2019.
“Minha expectativa é das melhores, de manter o ano de 2022 na mesma qualidade de 2021, ou quem sabe até melhor. Estou estreando numa embarcação nova agora, que é a canoa, que vai estrear em Paris, aprendendo para chegar em 2024 e trazer um resultado bom para o Brasil”.
Competição – Segundo o presidente da CBCa (Confederação Brasileira de Paracanoagem), Rafael Girotto, a naturalidade sul-mato-grossense do atual campeão paralímpico influenciou a escolha do local para esta primeira etapa da Copa do Brasil.
“Com certeza foi um dos fatores, né. É a competição mais importante do ano, o evento que seleciona os competidores para provas internacionais. O nível técnico é bem alto, expectativa bastante grande”.
Sobre a previsão de chuva, Girotto explica que caso os ventos atrapalhem, as provas podem ser transferidas para o domingo. Durante os dias, poderão ter intervalos de tempo também, se necessário.
“Trazer esse evento para Campo Grande nos deixa muito feliz, além de motivar os nossos paratletas e reconhecer projetos do Estado”, afirma diretor-presidente da Fundesporte, Marcelo Ferreira Miranda.
Durante os dois dias, as provas começam às 8h. Serão, ao todo, 48 atletas nas disputas.
Entenda a paracanoagem – A modalidade começou a aparecer em jogos paralímpicos na Rio 2016 e permite atletas com deficiência físico-motora.
Os competidores são divididos em três grupos de acordo com o grau de movimentação (L1 – somente braços na remada; L2 - tronco e braços e L3 – braços, tronco e pernas) em classes, separadas em K para quem utiliza caiaque e em V para a canoa. Na prática, Fernando Rufino compete na KL2 e Mari Santilli na KL3.
Os atletas realizam o percurso na água, em linha reta, de 200 metros de extensão, marcada por boias. Há provas individuais e mistas.