Mais do que eliminar a Espanha, Rússia foi gigante na organização da Copa
No balanço do evento, Fifa diz que os russos fizeram a melhor Copa do Mundo desde a sua criação em 1928
A Copa do Mundo de 2018, na Rússia, chega ao fim neste domingo com a grande final entre França e Croácia, às 11 horas (no horário de Mato Grosso do Sul). Se os russos não estarão em campo, embora sua seleção tenha conseguido chegar de forma surpreendente até as quartas de final, o bom funcionamento da 21ª edição do evento da Fifa é motivo pelo qual também podem ser orgulhar.
Normalmente, quando se faz o balanço de uma Copa do Mundo o foco é sempre o desempenho técnico, físico e tático das seleções que estiveram em campo. No caso da Rússia, o sucesso pode ser contabilizado pela boa campanha da sua seleção, e sua façanha ao eliminar a favorita Espanha nas oitavas de final, mas especialmente pelo bom funcionamento das comunicações, sistema de Internet, transporte aéreo, transporte público e rede hoteleira em todas as 11 cidades e nos 12 estádios do mundial.
“É a melhor Copa da história de todas as Copas, sem dúvida”, disse nesta sexta-feira, 13, o presidente da Fifa, o italiano Gianni Infantino, em sua última entrevista coletiva na Copa da Rússia, onde chamou a atenção ao chegar à sala de conferência do Estádio Luzhniki, em Moscou, trajando o uniforme vermelho dos voluntários da Copa do Mundo.
O presidente da Fifa enfatizou que a Copa na Rússia é a melhor da história porque 98% dos estádios estavam ocupados, 1 milhão de turistas estrangeiros e mais de 3 bilhões de pessoas vendo os jogos na tevê. “Isso é seis vezes o Superbowl, ou coisa assim”, ressaltou o dirigente da Fifa. Segundo ele, 7 milhões de visitantes estiveram nas áreas de Fan Fest, que são os espaços preparados pela entidade para reunir torcedores em dias de jogos nas cidades-sede.
De fato a Rússia não surpreendeu apenas em campo com a classificação da sua seleção para as quartas de final, depois de eliminar os espanhóis. Quem veio para a Copa do Mundo de 2018 e imaginava encontrar um país fora do mundo virtual, provavelmente ficou pasmo diante da capacidade do sistema operacional russo no ambiente da Internet.
O país que no período em que foi União Soviética, entre 1922 e 1991, era totalmente centralizado e controlador das ações do seu povo, sob o comando do Partido Socialista, atualmente dá show de conectividade.
Nos 12 estádios que receberam os jogos da Copa do Mundo, pelo menos nos setores em que os jornalistas credenciados pela Fifa tinham acesso, como o gramado, sala de imprensa, área de transmissão no setor de arquibancadas, sala de press conference (entrevista coletiva) e zona mista, o sinal de wifi funcionou sem problema, embora acessado simultaneamente por centenas de repórteres.
O jornalista credenciado só precisava fazer a conexão no wifi uma única vez para usar a Internet no Centro de Imprensa da Fifa, em Moscou, e também nos estádios onde tivesse que trabalhar na cobertura de jogos da Copa do Mundo, fosse qualquer cidade, mesmo que a mais de 2 mil km de onde havia se conectado.
Além da conexão de Internet, fundamental para que o sinal de transmissão dos jogos chegasse aos lares das pessoas nos cinco continentes, a Rússia mostrou competência também na organização dos estádios, segurança e no transporte público com metrô, ônibus e bondes. Até os taxistas, de quem tanto se ouviam histórias de extorsão, desvios de rotas e até de sequestros, não se teve notícia de nenhum caso.
“A Rússia se converteu no país do futebol, abraçou o futebol. O desempenho do time da Rússia ajudou, mas houve trabalho, infraestrutura, estádios, eficiência. O legado desta Copa do Mundo deixará a Rússia no topo do futebol mundial. O que foi construído aqui é para o futuro, e a Fifa vai trabalhar com a Federação de Futebol da Rússia para que o futebol continue a crescer neste país”, declarou Gianni Infantino. O hóquei é o esporte mais popular entre os russos.