Primeira casa de alvenaria da Vila dos Ferroviários vai passar por reforma
A primeira casa de alvenaria construída na Vila dos Ferroviários, em Campo Grande, vai passar por reforma em caráter emergencial. Serão necessários R$ 295 mil para devolver ao imóvel, que hoje está quase caindo, as características originais da época em que foi construído.
Segundo o superintende do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Nacional), André Luiz Richard, o órgão já tem os recursos necessários para a obra. O investimento veio da União.
A empresa contratada para fazer o projeto de restauração tem 3 meses para entregar o trabalho, mas já se passaram 30 dias. Só o projeto custou R$ 45 mil.
Segundo o Iphan, a casa - que fica na Rua dos Ferroviários, abaixo da avenida Mato Grosso - foi construída para abrigar engenheiros que trabalharam na construção da EFNOB/RFFSA (Estrada de Ferro Noroeste do Brasil/Rede Ferroviária Federal S.A.).
"É uma das casas mais bem preservadas no ponto de vista das características originais", destacou André Luiz.
História - O dono é um maquinista aposentado que trabalhou na linha férrea por 14 anos. Jovenízio Ramão Nazareth, de 59 anos, lembra que comprou o imóvel em um leilão e nunca alterou nada.
“O que eu ouvi dizer era que aqui seria a primeira casa construída para um chefe de distrito em Campo Grande”. Já se passaram 16 anos e a casa continua em pé, resistindo ao tempo, mas os problemas na estrutura, parte hidráulica e elétrica, começaram a preocupar.
Há cerca de dois meses a residência foi ancorada com vigas para não cair ou ceder às rachaduras espalhadas pela maior parte dos cômodos. “Tenho medo de cair na nossa cabeça”, disse. “Ela está pendendo para a direita”, acrescentou.
O aposentando mora com a esposa, filho, sogra e um neto, que dividem 1 mil metros de área e as 8 peças.
Jovenízio Ramão está feliz com a notícia da reforma, mas gostaria mesmo é de voltar no tempo. “Legal seria se o trem tivesse passando aqui ainda”, disse.
O imóvel, comentou, precisa ser restaurado porque carrega parte da história de Campo Grande e pode se tornar um cartão postal aos visitantes.
O vizinho, Gabriel Gomes de Sá, de 58 anos, concorda. Para o microempreendedor, o passado não pode ficar esquecido, ainda mais quando ele virou patrimônio histórico da cidade. “Amanhã ou depois vem os filhos que precisam saber como era”, argumentou.
A conservação do imóvel, tombado como patrimônio histórico, é obrigação do proprietário, mas o Iphan pode bancar a obra, mediante comprovação de falta de recursos financeiros. É o caso de Jovenízio, que começou a mexer na papelada há dois anos.