Com fábula, crítica e tragicomédia, teatro reforça Festival de Inverno
Grupo de Campo Grande, Dourados e Minas Gerais vão estar em Bonito no mês de julho para realizar os espetáculos
Fábula sobre companhia teatral decadente, a consequência da ocupação humana no Pantanal e o misto de tragédia e comédia “Coragem que conserva os dentes” entram na agenda do Festival de Inverno de Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande. O festival acontece de 25 a 28 do mês de julho.
A peça “Os gigantes da montanha” está confirmada a quinta-feira (27), a partir das 18h. O Grupo Galpão, que vem de Minas Gerais, apresenta o espetáculo de classificação livre. A apresentação é fábula que narra a chegada de companhia teatral decadente a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo Mago Cotrone.
No espetáculo, os atores falam sobre o valor do teatro, da poesia, da arte e a eficácia dessa comunicação nos tempos modernos. Serão 90 minutos de apresentação com músicas ao vivo. A peça convida a plateia para um mergulho teatral que mistura o erudito com o popular e a tradição com a vanguarda.
Cenário e figurino são estratégias para emocionar. São 12 mesas robustas, armários, objetos e cadeiras que movimentam o cenário, contribuindo para a apresentação e caracterizando a atmosfera de sonho da fábula. Os adereços e figurinos dos personagens contêm detalhes que fazem referência ao teatro popular.
A companhia "Teatral Gupo de Risco", de Campo Grande, também vai se apresentar no Festival de Inverno, no entanto o dia, horário e local ainda serão confirmados. A turma leva a peça “Os Guardiões” pela primeira vez a cidade. O enredo é uma crítica que surgiu de uma pesquisa sobre o Pantanal sul-mato-grossense e as consequências da ocupação humana, tanto no ecossistema, quanto nas relações sócio culturais.
No enredo, os habitantes têm uma relação com o território que habitam e, gradativamente, são expulsos da região. Os personagens enfrentam dificuldade com o novo sistema. A nova realidade que se impõe no território prejudica as estruturas econômicas e sociais, e o pantaneiro vê a falência do seu mundo.
Na peça, os personagens se misturam com o cenário. Durante o enredo, os atores, ora são animais, ora são homens, e permanecem no pantanal. Há momentos lúdicos e o teatro também tem toques de ironia e sátira.
Outro espetáculo divulgado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul é a tragicomédia “A coragem que conserva os dentes”, do Coletivo Clandestino. O grupo é de Dourados e estará pela primeira vez no Festival de Inverno, ainda sem data e horário confirmados.
Na apresentação, os lugares são comuns e as situações cotidianas, os personagens se encontram em qualquer esquina, porém todos são iguais em suas contradições. A peça faz a plateia pensar de qual lado vai ficar e propõe um enfrentamento do público com os personagens de forma tragicômica.
“Na peça os personagens são representações sociais, alegorias do poder estabelecido em nossa sociedade. Uma narrativa de desconstrução social. Parte-se de um mundo ideal, o conflito se estabelece através de metáforas que ressignificam a naturalidade das divisões sociais impostas no mundo contemporâneo”, conta um dos atores do Coletivo Clandestino, Igor Schiavo.