"Vida de Inseto" é canção sobre trabalhador maltratado na cidade
"O trem é clichê, mas a gente vai falar até que respeitem o povo trabalhador", diz o autor
O ator e cantor de rap, Tero Queiroz, lança hoje o single “Vida de Inseto”, música na qual faz um manifesto pelos trabalhadores em geral, usando como analogia a situação a que são submetidos os entregadores de comida.
“A gente crítica como o povo é maltratado pelos poderosos, o trem é clichê, mas a gente vai falar até que respeitem o povo trabalhador. Os poderosos lá se lambuzando e o trabalhador contando moedas para o arroz, não dá, não dá! “Vida de Inseto” convida o povo não somente para reflexão, mas para se mexer, sair dessa agoniante estagnação que está posta”, destaca o músico.
A música faz menção a guerreiros de luta que obtiveram êxito em suas investidas contra o sistema. O caso de Zacimba Gaba: uma princesa guerreira do reino de Cabinda, em Angola, na África, que capturada por portugueses, foi trazida ao Brasil e vendida ao fazendeiro português José Trancoso, no Espírito Santo, onde foi estuprada e torturada ao longo de anos, mas não abaixou a cabeça.
Ao longo de anos, usou pequenas doses de um veneno até matar o fazendeiro e assim, liderou uma revolta que levou a liberdade de todos nas fazendas nas regiões que ela dominava. Zacimba fundou um quilombo norte do Espírito Santo, hoje, município de Itaúnas. Livre, ela continuou o levante constante contra os opressores e liderou ataques a navios negreiros vindos de Portugal, até ser morta em um deles.
“A história de Zacimba me faz pensar em Mato Grosso do Sul, que nunca deu terras ao povo trabalhador negro que foi escravizado aqui. Eles alegam que não houve registros de que ocorreu escravidão no Mato Grosso do Sul. Aqui, muitos e muitos negros morreram escravizados em fazendas, cuidando de gado e nunca ninguém quis que a história de povo fosse lembrada, eles tentam apagar, assim como a história de Zacimba. Mato Grosso do Sul deve muito ao povo negro que trabalhou para fazer existir essas centenas de fazendas de brancos”, diz Tero.
Outro trabalhador lembrado na música, segundo o cantor, é Benedito Meia-Légua (Benedito Caravelas), que deu origem ao dito popular “Mas será o Benedito?”. Isso porque o homem não somente lutou contra escravidão, ele também inspirou milhares a se disfarçarem de sua persona. “O Meia-Légua é o convite da pólvora. Ele não ficou esperando nada e nem ninguém que te dissesse o que ele deveria ser, ele foi e é uma das figuras mais impressionantes que tentam apagar dos livros e da narrativa escravagista do Brasil, país que se levantou e se fez nação com o suor do negro, pobre, que até hoje são maioria a subir numa moto e entregar comida nas casas para metaforicamente “alimentar os gafanhotos””, completou o cantor.
A composição é uma parceria com o cantor e compositor Nando Dutra.
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