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Comportamento

Abandonado em UPA, Valdomiro reencontrou a família após 23 anos

Família mora em Flora Rica, no interior de São Paulo, bem longe de Campo Grande, onde Valdomiro foi deixado

Lucas Mamédio | 18/05/2021 16:21
Valdomiro à esquerad sem máscara com equipe da Sas e os familiares em SP (Foto: Divulgação/Prefeitura)
Valdomiro à esquerad sem máscara com equipe da Sas e os familiares em SP (Foto: Divulgação/Prefeitura)

Depois de ser abandonado por desconhecidos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coophavila no final do ano passado com a saúde muito debilitada, a vida deu uma segunda chance para Valdomiro Ambrósio Pedro, de 53 anos.

Após passar por intenso tratamento, ele, com a ajuda de órgãos da Prefeitura Municipal, reencontrou a família que não via há 23 anos. A reaproximação aconteceu na última quinta-feira (13). Os familiares moram em Flora Rica, cidade distante 600 quilômetros da capital paulista.

Depois de sair da UPA, Valdomiro foi assistido pela unidade de Acolhimento Provisório I, implantado no anexo da escola municipal “Antônio Lopes Lins”, no Portal Caiobá, desde o dia 30 de dezembro do ano passado.

De acordo com a assistente social e coordenadora da unidade de acolhimento, Giany da Conceição Costa, não foi possível identificar quem deixou Valdomiro na UPA, que estava com a saúde muito debilitada devido ao trabalho em carvoarias do Estado.  Esta era a única informação que ele passou aos profissionais que o atenderam.

Após dias de tratamento, o usuário foi acolhido na escola. Foi então que Giany e a assistente social Maria Cristina Gonçalves da Silva iniciaram as buscas pela família de Valdomiro. Com o emocional abalado e a saúde fragilizada, ele não passava informações sobre a família e tão pouco sobre as condições que vivia antes de chegar em Campo Grande.

“Nosso foco na assistência social é buscar os vínculos familiares e resgatar os laços, principalmente se a pessoa é idosa e não tem mais condições de viver sozinha. É fundamental essa reaproximação, por isso priorizamos sempre o reencontro familiar”, explicou Giany.

Valdomiro em Campo Grande com assistentes sociais (Foto: Divulgação)
Valdomiro em Campo Grande com assistentes sociais (Foto: Divulgação)

Mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, já que muitos serviços públicos sofreram alterações de horários e nos atendimentos, a equipe da unidade se empenhou e começou o levantamento de informações na região de Palmeira e Corguinho, onde Valdomiro trabalhava.

Após levantamentos em cartórios e buscas pelo CPF no banco de dados da Receita Federal, a equipe chegou a um dos sete irmãos de Valdomiro, até que na semana passada foi realizado o primeiro contato.

“Fizemos uma vídeo-chamada e todos se emocionaram muito”, lembrou Giany. Na última quinta-feira, dois irmãos e até o prefeito da cidade, Gilberto Sanchez Gomes, amigo de infância de Valdomiro, vieram de carro à Campo Grande, em uma viagem de cinco horas.

O irmão Paulo Ambrósio Pedro fala sobre a surpresa ao ser contatado pela equipe da unidade.  “Nunca perdemos a esperança de encontrá-lo, principalmente minha mãe, que tem 78 anos e sempre chamava por ele. Foi uma surpresa enorme porque não pensamos que isso poderia acontecer agora, por causa das dificuldades da pandemia”, ressaltou.

Ele contou que o contato com o irmão foi perdido depois que ele foi trabalhar em obras na divisa de São Paulo e Mato Grosso do Sul, logo após a morte do pai.

Ainda emocionado com o reencontro, Valdomiro prefere que os irmãos falem por ele. “Ele não para de elogiar o tratamento que recebeu. Aos poucos ele está revendo toda a família. Estamos organizando os exames médicos necessários, mas ele já está recebendo muito carinho. Não tenho como agradecer o atendimento de toda a equipe da unidade. O trabalho da rede de Assistência Social de Campo Grande está de parabéns, ficamos encantados com a estrutura oferecida pela prefeitura”, pontuou Paulo Ambrósio.

Apesar dos oito anos dedicados à política de assistência social, Giany não esconde a emoção que sentiu ao ver essa família reunida.

 “Ficamos muito motivados porque acreditamos na reinserção familiar. É um momento difícil, mas se não fosse a pandemia, talvez ele não tivesse vindo para uma unidade de acolhimento e este trabalho não poderia ser feito. O resgate desse laço será muito importante para ele”, destacou a coordenadora.


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