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Comportamento

Alunos dizem estar preparados para deixar celular longe da escola em 2025

Ano letivo volta com lei federal que proíbe esses aparelhos em sala de aula; pais defendem "infância raíz"

Por Kamila Alcântara | 02/01/2025 16:48
De férias, crianças brincam e andam de bicicleta em rua do Loteamento Marçal de Souza, em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)
De férias, crianças brincam e andam de bicicleta em rua do Loteamento Marçal de Souza, em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)

Chegou janeiro e os preparativos para o começo do ano letivo movimentam as famílias. Mas, desta vez, um item vai ter de ficar fora da mochila. A partir de 2025, lei federal proíbe uso de celular na sala de aula. Para os pais, e até alguns estudantes, o aparelho realmente trouxe prejuízos para educação e para o crescimento saudável das crianças.

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Com a proibição do uso de celulares nas escolas de Mato Grosso do Sul a partir de 2025, pais e educadores expressam preocupações sobre o impacto do aparelho na educação e no desenvolvimento infantil. Muitos acreditam que o celular tem prejudicado a concentração dos alunos em sala de aula, levando a distrações e perda de conteúdo. Pais como Evelyn Jordão e Arilson de Souza defendem a importância de limitar o uso do celular, enfatizando a necessidade de promover atividades ao ar livre e interações sociais. A estudante Bianca Francelino, que trabalhou em uma escola, confirmou as dificuldades enfrentadas pelos professores devido à falta de controle dos alunos sobre o uso do celular. A medida, embora considerada extrema por alguns, é vista como uma possibilidade de trazer resultados positivos a longo prazo para a educação.

Era fim de tarde quando a manicure Evelyn Jordão, 32 anos, e o esposo caminhoneiro, Dirceu Orlando, 39, tomavam tereré com o filho adolescente, o Dodanim, no Loteamento Marçal de Souza, em Campo Grande. Ele vai começar o 7° ano do ensino fundamental e concorda que muitas situações complicadas acontecem durante as aulas por causa do uso do celular.

"Já vi colega sendo chamado atenção, professor precisar recolher e atrapalhar a rotina só por causa do celular. Acho que é bom mesmo não ter”, acredita o estudante de 12 anos.

Dodanim está de costas e toma tereré com os pais, Evelyn e Dirceu (Foto: Juliano Almeida)
Dodanim está de costas e toma tereré com os pais, Evelyn e Dirceu (Foto: Juliano Almeida)

Evelyn tem uma avaliação mais ampla sobre o assunto, enxergando a problemática do uso de celular até fora do horário letivo. "Nós aproveitamos esse horário, um pouco antes de se ajeitar para jantar, para estimular ele (o Dodanim) a brincar na rua, andar de bicicleta, ter uma infância de verdade, raiz, fora das telas. Acho que essa está sendo a dificuldade de todos os pais, porque cada vez mais temos menos tempo para esse tipo de atividade", diz a mãe.

Algumas casas à frente, o barbeiro Arilson de Souza, 28 anos, observa pela vitrine o filho Otávio Henrique, de 6 anos, andar de bicicleta. A criança praticamente nasceu sabendo o que é um celular e gosta de ver vídeos, mas o pai também concorda com as medidas restritivas do aparelho na educação.

Barbeiro Arilson e o filho Otávio Henrique, de 6 anos (Foto: Juliano Almeida)
Barbeiro Arilson e o filho Otávio Henrique, de 6 anos (Foto: Juliano Almeida)

"Penso que ajuda em momentos muito específicos, como em uma tarefa programada para casa ou pesquisa, fora isso, até na vida pessoal não é bom. Às vezes deixou de assistir um desenho e logo aparece algo impróprio para idade dele, por isso, prefiro trabalhar com ele assim, podendo brincar com outras crianças aqui perto", defendeu o barbeiro.

Com mais responsabilidades, a estudante de administração Bianca Francelino, 23, testemunhou a dificuldade que é manter adolescentes focados quando podem ter acesso ao telefone.

"Fui estagiária em uma escola e vi, de perto, o quão dificultoso é dar aula para pessoas que não tiram os olhos do celular. Crianças e adolescentes não têm controle, eles pegam no telefone mesmo sem precisar e perdem conteúdo. Pode ter sido uma medida até extrema, mas acho que veremos bons resultados a longo prazo", analisa a jovem.

Jovem usa celular para ver vídeos curtos na rede social (Foto: Juliano Almeida)
Jovem usa celular para ver vídeos curtos na rede social (Foto: Juliano Almeida)

2025 sem celulares nas escolas - Usar celular na escola para o que não tiver relação com o ensino, deve ser proibido a partir deste ano em Mato Grosso do Sul. Ainda em dezembro, o Senado aprovou projeto de lei que prevê a proibição nas instituições públicas e particulares, com algumas exceções, mas ainda falta sanção presidencial.

Ao Campo Grande News, o secretário Helio Daher, a SED (Secretaria Estadual de Educação) chegou a adiantar que será publicada uma resolução em janeiro, decidindo pela proibição e definindo critérios para casos de uso permitido nas escolas da rede estadual. "A grande discussão é como será na prática. Tem modelos em que a escola recolhe ou que o estudante nem entra com o celular. A gente vai ter que estudar como aplicar", disse.

Enquanto a Semed (Secretaria Municipal de Educação) diz que proíbe o aparelho em sala de aula nas escolas municipais de Campo Grande desde 2019.

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