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Comportamento

Aos 21 anos, Emi transformou todas as agressões que sofreu em arte

Emiliano Mateus, de 21 anos, é artista, drag queer, escritora e pesquisadora

Thailla Torres | 21/05/2021 07:41
Emi durante apresentação na Mostra Apollo Black realizada pela Casa Satine. (Foto: Alexandre Torquato)
Emi durante apresentação na Mostra Apollo Black realizada pela Casa Satine. (Foto: Alexandre Torquato)

Estudante de Artes Cênicas, transgênero Emiliano Mateus, de 21 anos, é artista, drag queer, escritora e pesquisadora na área da dança envolvendo a performance de gênero e as sexualidades. Uma pessoa que segue sendo tudo o que puder na busca de sobrevivência e luta por pessoas que vivem no mesmo universo a dor do preconceito.

Foi assim que ele realizou a produção de um vídeo-performance transformando sua experiência em poesia e as agressões em arte. “Esse trabalho é resultado das vivências na praia sendo um corpo trans e preto, minhas experiências boas e ruins, meus afetos e desafetos”.

Foi por meio deste trabalho que Emi foi ser selecionada pelo Latinidades Pretas, um edital de apoio cultural e político, festival esse que visa apoiar e fomentar projetos de pessoas negras e indígenas da comunidade LGBTQIA+. “Foram 104 selecionados no Brasil e América Latina para receber bolsa e ter seu conteúdo amplificado na plataforma”

Emi conta que se entendeu enquanto uma pessoa transgênero no ano passado, mas sempre teve uma expressão de gênero “desviante da normatividade heterossexual”. “O que faltava era eu me entender um pouco mais nesse lugar do gênero e me aceitar enquanto uma pessoa trans não binária, e começar a me reivindicar neste lugar político”, afirma.

O isolamento social foi o tempo que precisava para pensar sobre as suas próprias questões. “Entre surtos e sustos, eu venho me encontrando, assim como vi que muitas pessoas trans estão se descobrindo por lidar com suas questões de frente devido a esse isolamento. Começamos a ter mais tempo para pensar sobre nossa identidade”.

Tudo o que Emi deseja é lutar contra as inúmeras violências que pessoas trans e pretas sofrem no dia a dia, especialmente com a falta de capacitação e empregabilidade, o desrespeito em relação ao nome social e pronome, as violências físicas e verbais, a falta de acesso e informação sobre leis.

“Com certeza é um longo e doloroso caminho, mas acredito que estamos mudando aos poucos essa sociedade, não podemos esperar, temos que ir à luta, que ocupar os espaços representativos e fazer o nosso papel dentro desses espaços, fomentar leis que garantem o básico para nossa comunidade, lutar pelo direito à uma vida digna. É necessário dividir a responsabilidade com as pessoas cisgêneras, com as pessoas heterossexuais e com pessoas brancas, é um dever lutar por uma sociedade menos violenta e preconceituosa”, pontua.

É por isso que para Emi a arte que realiza e o trabalho intenso diário por meio da pesquisa pode ser transformadora em sua vida. “Atuo em todos esses campos e venho construindo um campo por levar tantos não. A sociedade é muito violenta com corpos como o meu, por isso busco estudar tanto, para não morrer, não morrer sem comida, sem capacitação. Acho importante fomentar essas discussões”.

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