Cidade não tem touro de ouro, mas bois fazem sucesso nas fachadas
Em alguns locais, estruturas foram montadas há mais de dez anos e mistério é saber quem fez a obra
Por aqui, nunca apareceu um touro de ouro, como a polêmica estátua de São Paulo. Mas estruturas de bois estão espalhadas em diferentes regiões de Campo Grande e fazem parte do cenário urbano. Há anos, nos mesmos pontos, a presença dos bois e também de touros é ponto turístico e parada obrigatória para fotos.
Apesar do sucesso das estátuas, a origem delas é um mistério para os funcionários que trabalham nos estabelecimentos onde elas estão posicionadas. O Lado B passeou pela cidade para tentar descobrir a história dos bois e a identidade dos artistas que assinam as obras.
Localizada entre o cruzamento das Ruas Marechal Rondon e José Antônio, o monumento do cowboy montando um touro chama a atenção na esquina. Em cima do bloco de concreto, o bicho tem as patas dianteiras apoiadas na superfície, à medida que as traseiras estão livres no ar.
A estrutura pertence à loja Country & Cia, que comercializa roupas e artigos especializados nessa vertente. Fátima Faria, 68 anos, trabalha no lugar há mais de 30 anos e conta que a imagem do animal foi inspirada no melhor touro de rodeio brasileiro. “Ele era colorido, mas pintaram todo de preto, porque o touro bandido estava famoso em Barretos. Todo dia tiram fotos, homens, crianças, todo mundo”, afirma.
Sobre a origem do bicho, ela relata que a obra foi trazida de Dourados, município onde existe outra unidade da marca. “Nossas coisas tem mais de 40 anos, tem jornal antigo da empresa que conta história do boi e do cowboy, mas eles vieram da empresa de Dourados", explica.
De acordo com o funcionário Diego Barbosa, os bois foram instalados há menos de dez anos. Ele confirmou que os dois vieram de Dourados, mas revelou que a confecção ocorreu em São Paulo. “Instalamos no mínimo há uns quatro anos, é antigo de fabricação. Eles vieram de Dourados, mas foram fabricados em Presidente Prudente”, conta.
Posicionado entre um cercadinho de madeira e com direito a grama, outro touro também faz sucesso. Na Rua Rui Barbosa, o bicho é a decoração da Pró-Rural Agropecuária e enfeita a calçada. Como os dois anteriores, ele atrai os moradores, que não perdem a oportunidade de tirarem fotos.
Rafael Junqueira é empregado da empresa há 12 anos e revela que o boi já estava quando chegou. Sobre quem fez a peça, sabe somente que o local encerrou as atividades. “Faz mais de 20 anos que ele está aí, na época, foi mandado fazer na saída de Rochedo, mas hoje, não tem mais o espaço lá”, afirma.
No Galpão da Costela, no Bairro Santa Fé, o touro rico em detalhes, que fica próximo a placa da loja, é assinado pelo artista Ivolin Ramos, 58 anos. Ao Lado B, o homem confirmou que é o dono da obra desse e de outro empreendimento do ramo. “Eu criei a da Ceará e da Bandeirantes, fazia essas peças no tamanho original do boi, mas depois, comecei a mexer com outras coisas”, inicia.
Ele comenta que, no momento, confecciona estruturas de araras, tucanos e demais aves símbolos da região sul-mato-grossense. “A maioria dos municípios tem meus monumentos, como Naviraí, Caarapó, Coronel Sapucaia e Três Lagoas. Em janeiro, vou fazer um carro de boi em Antônio João e restaurar uma araras”, diz.
No Bairro Moreninhas, o boi da Agro Pet Fazendinha virou referência de localização. O médico-veterinário e proprietário do espaço, Rubens Elias Júnior, 51 anos, fala que diariamente vê os moradores tirando fotos ao lado da estrutura. “É ponto de referência, o pessoal pergunta qual entrada, falo que tem o boizinho. Todo dia alguém tira foto, falo que se ganhássemos por fotos, venderíamos mais que na loja”, ri.
Sobre o responsável pela obra, Rubens diz que contratou o serviço de um conhecido, mas que não o vê há alguns meses. “É de um amigo, o Marcelo, mas faz horas que não o vejo e ele não vem aqui”, comenta.
Com uma estética diferente, um boizinho colorido é novidade na Avenida Afonso Pena com a Rua Rio Grande do Sul. Ele pertence ao restaurante Barreto e foi criado a pedido da proprietária Marina Barreto, 48 anos. “Existe uma parada mundial chamada CowParade e cada vaca remete a uma região. Essa vaca é idêntica ao CowParede, mas fizemos a de Mato Grosso do Sul. Quem executou a ideia foi o artista plástico Ageu e o Michael Davis grafitou”, ressalta.
Embora seja pequeno, a fama desse boi repercute em toda a cidade. Na Avenida Afonso Pena com a Rua Joaquim Nabuco, a Churrascaria Nossa Querência ganhou fama com o pequeno boizinho que está há 41 anos no mesmo local. A fama dele foi matéria no Lado B sobre fachadas que substituem nomes comerciais.
O proprietário José Nivaldo Lopes Filho, 40 anos, fala que a peça foi encontrada pelo pai nos fundos do estabelecimento e anualmente ganha uma pintura nova. “Quando compramos, o boizinho já estava, mas nos fundos da churrascaria”, expressa. Por terem achado sem querer o boi no espaço, a autoria da obra é um mistério não solucionado até hoje.
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