Com gestos ancestrais, parteiras e doulas resgatam o parto tradicional
Linha tradicional busca a reconexão com as sabedorias ancestrais para trazer crianças ao mundo naturalmente
Se todo parto precisa respeitar a dignidade e a saúde da mulher e da criança, a linha de parteiras e doulas tradicionais da I’memby de Parto Tradicional Raiz Ancestral busca resgatar o momento do parto, apoiando-se nas formas ancestrais de trazer bebês ao mundo. É o resgate das parteiras, que, de aldeias, vilas ribeirinhas e quilombos, trouxeram crianças ao mundo por mais tempo que se pode contar.
“As parteiras tradicionais são formadas com esse conhecimento passado de mãe para filha, entre as comunidades. A formação da parteira tradicional vem de peregrinar junto com uma parteira mais velha, durante anos, pela comunidade. Hoje incorporamos também enfermeiras obstétricas, formações mais clínicas para agregar”, explica a doula tradicional, Laís Camargo.
A linha Tradicional I'memby, fundada pela parteira Carol Figueiró, é um movimento de parto que busca a reconexão com as sabedorias ancestrais de doulas e parteiras, conhecimentos passados de mulher para mulher desde o começo dos tempos. O I'memby atua há mais de 10 anos com parto domiciliar, sendo pioneiro em Campo Grande. “A doula lida com o alívio do parto e o auxílio para a mulher, e a parteira lida diretamente com o momento do parto e do nascimento”, afirma a doula Laís.
Laís explica que, diferente das doulas da Humanização, que é mais voltada para a parte científica e clínica, a Tradicional é mais voltada para a ancestralidade e para os princípios antigos. “Enquanto doula, a gente se envolve em todos os processos antes do parto, no parto e no pós-parto, com uma visão mais holística voltada para essa família”.
Em casos de partos domiciliares, as doulas tradicionais cumprem várias funções além do parto, como cozinhar e arrumar a casa, serviços que ajudam a preparar um ambiente de conforto e abrigo para a nova mãe e para a nova família.
Além de acompanhar partos domiciliares, as doulas também podem acompanhar partos hospitalares. Partos com risco, como diabetes gestacional e hipertensão, não são recomendados de serem domiciliares, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. “Só assistimos partos domiciliares de baixo risco, mas se for um parto hospitalar, a doula vai da mesma forma”.
O direito à doula, profissional relacionada ao trabalho de parto e que auxilia a gestante, é garantido pela Lei Municipal 5.528, de 10 de março de 2015. A lei determina que as maternidades, casas de parto e estabelecimentos hospitalares da rede pública e privada de Campo Grande são obrigadas a permitir a presença das doulas, no período que antecede o parto, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, sempre que solicitadas pela parturiente.
A parteira e fundadora Carol Figueiró relata que ainda existe preconceito com as perspectivas ancestrais. "Com o tempo, nossa verdade foi se perdendo. Hoje, a sociedade olha para quem ancorou a base da humanidade com espanto, receio e como se fosse loucura". As mulheres tradicionais acreditam não apenas nos processos biológicos de parir e de criar, mas também nos processos espirituais e emocionais. Todas as energias estão conectadas e representam o movimento da vida.
Por fim, Carol deixa uma lição para darmos a importância devida para as parteiras: "Parteiras tradicionais são patrimônio precioso da humanidade pois são guardiãs do portal entre a vida e a morte. São detentoras de saberes que ativam a vida e a moral do ser que chega na Terra. Quando se deparar com uma parteira tradicional, perceba sua presença: é um ser diferente! Quem tem uma pra chamar de sua, louve a Deus!".
Quem deseja conhecer mais sobre o trabalho da I’memby de Parto Tradicional Raiz Ancestral, basta acessar seu perfil no Instagram.
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