Com realidade sobre maus-tratos, curta de MS vai para Nova Iorque
Produzido em Campo Grande, obra aborda sobre maus-tratos aos animais e a prática ilegal da rinha de galo
Roberto Leite, 36 anos, era só um adolescente, quando decidiu que iria dedicar a vida ao cinema. Na escola estadual, o encontro dele com a câmera foi amor à primeira vista e determinante sobre o rumo que iria seguir. Graças a escolha feita há 20 anos, Roberto leva, neste mês, a essência do cinema sul-mato-grossense para Nova Iorque, nos Estados Unidos. O mais novo trabalho, intitulado “O Formoso”, é um dos selecionados para a competição de curtas-metragens no 4º Meihodo International Youth Visual Media Festival.
O cineasta conversou com o Lado B para explicar qual é a proposta de “O Formoso” e a importância dele ter sido notado no exterior. A obra conta a história de uma criança de periferia que presencia uma cena de maus-tratos contra um galo na rua. No curta-metragem de 13 minutos, o público acompanha a trajetória do sonhador Lucas e o cruel dono de rinha, o Zé Galo.
De acordo com Roberto, a ideia de produzir o curta surgiu após diversas matérias sobre maus-tratos ganharem ênfase na mídia. “Aqui, em Campo Grande, a gente ouve muitas notícias dessa prática e isso sempre me incomodou muito. O filme vem para trazer a luz sobre esse tema que, às vezes, a gente não entende que é importante”, comenta.
Ambientado no Bairro Dom Antônio Barbosa, o processo de gravação possibilitou que os próprios moradores fossem conscientizados sobre o tema. Roberto conta que durante as filmagens, a equipe também teve a oportunidade de provocar curiosidade das pessoas da região sobre o universo cinematográfico. “A gente foi para as periferias retratar e as pessoas ficaram curiosas. A gente entrou no bairro, eles cederam a locação e contamos a história. Algumas pessoas ainda ficam insensíveis com essa prática (maus-tratos), mas a equipe conseguiu impactar aquele local”, afirma.
Financiado com recursos próprios, o curta-metragem também foi roteirizado pela cineasta Luciana Bitencourt. O roteiro procurou trazer a leveza do pequeno Lucas contra a frieza do Zé Galo. Enquanto um vê o animal que merece cuidado e a oportunidade de ser feliz, outro prefere insistir nos jogos ilegais e maus tratos.
Questionado sobre o momento que decidiu estudar cinema, Roberto recordou da juventude e o momento decisivo para escolher a profissão. “Na escola estadual, eu fiz uma peça de teatro e usamos uma câmera para filmar. Quando eu a vi, minha vida mudou completamente, ali, escolhi o cinema”, diz.
Em relação à relevância do festival, ele revela que é uma oportunidade de colocar o Estado em evidência. “Esse festival é de muita importância. O Michael Douglas vai estar apresentando e a academia vai olhar para o festival. Isso coloca o nosso Estado na linha de produção de filmes”, ressalta.
Além da importância de ter o trabalho reconhecido, o cineasta se diz animado pelo futuro do cinema independente. “Quando a gente vai para os Estados Unidos, que é centro do cinema, a gente fica muito contente. Vemos que o cinema do Mato Grosso do Sul está indo adiante, o cinema independente está indo adiante”, conclui.
O 4º Meihodo International Youth Visual Media Festival é uma parceria entre o Japão e os Estados Unidos. Com tema principal sobre as relações do futuro e inovações tecnológicas, o evento acontece no dia 22 de fevereiro. Quem quiser, pode conferir o trailer de “O Formoso” no Youtube.
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