Escola não é depósito de criança, mas é salvação de pais que têm que trabalhar
A questão é ir além no debate sobre o assunto ao invés de lançar julgamento disfarçado de opinião
Dia desses li: crianças abaixo dos três anos não precisam de escola! Todo mundo sabe que crianças fora da idade escolar não precisam necessariamente da escola. É de conhecimento geral da nação materna que os bebês não precisam ser “depositados” em creches e berçários, ninguém tem que ressaltar isso.
A questão é ir além no debate sobre o assunto ao invés de lançar julgamento disfarçado de opinião que mais sobrecarrega mães que já estão no limite, do que ajudam. Vamos furar a bolha da educação estritamente positiva do comercial de margarina?
Quem é que em sã consciência gosta de encarar os olhinhos dos filhos na adaptação escolar, fitando-nos, marejados, como quem diz “você vai me deixar aqui, mamãe?”. São dias a fio enfrentando esse processo até vencê-los pelo cansaço.
É mexer na rotina. É enfrentar viroses, gripes e todas as “escolites” possíveis, tão comuns que emendam uma na outra e não acabam nunca, aumentando as noites insones, reduzindo a paciência e com o plus de não poder se ausentar do bendito trabalho para cuidar da cria doente porque, na esmagadora maioria das vezes, a introdução à escola é justamente para que os pais trabalhem fora.
Tudo isso com a culpa entrando em nossas veias em doses homeopáticas que é pra nunca acabar. Então, veja bem, meu bem, no mundo ideal os pais tinham que ter tempo de qualidade com seus pequenos, é verdade
No mundo ideal, os adultos responsáveis não precisariam se matar de trabalhar para dar infância minimamente digna aos seus rebentos. Teriam apoio governamental para criar seres humanos e não apenas mantê-los vivos.
No mundo ideal, pais se sentaram no chão diariamente para brincar das mais lúdicas atividades, longe de telas e comidas açucaradas.
Mas no mundo real sabe o que acontece? As mães sequer têm licença maternidade o suficiente para amamentar seus filhos exclusivamente por seis meses, conforme preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde).
No mundo real pais se veem sem mínima rede de apoio e tentam suprir as necessidades emocionais dos filhos entre uma tarefa cotidiana e outra para não deixar os inúmeros pratos equilibrados caírem.
No mundo real não tem choro, não tem vela. Na maioria absoluta dos casos, deixar bebês e crianças pequenas na escola não é questão de querer ou não. É simplesmente o que resta.
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