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Comportamento

Instituto propõe detox à criançada e ensina como curtir férias longe das telas

IDEC reuniu 11 recomendações para filhos, pais e também poder público

Por Ângela Kempfer | 21/12/2023 13:43
Criança com celular na mão. (Foto: Arquivo)
Criança com celular na mão. (Foto: Arquivo)

Os pais entram em desespero só de ouvir falar em férias. Como a maioria acha que o caminho mais fácil para controlar a garotada é colocar na frente de uma tela, o IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) reuniu 11 recomendações, inclusive, com cobranças ao poder público, que envolvem mais vagas em creches, abertas também, no fim de ano. A relação tem como meta auxiliar para o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes. Veja se consegue colocar algo em prática:

Para filhos e pais:

1. Limitar o tempo de uso de tela

Essa é uma recomendação que pode ser muito difícil para mães e pais que precisam trabalhar para colocar comida em casa e não tem como fornecer para os filhos outras formas de entretenimento.

Por isso, é uma dica voltada para quem tem essa possibilidade, mas acaba deixando a criança tempo demais no celular, porque é o único jeito de ficar quieta. É essencial que as crianças tenham limite no uso de tela e não “virem a noite” nas telas. Separar algumas horas por dia ou por semana e impor isso como uma regra dentro de casa.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda, por exemplo, que crianças de menos de 2 anos não devem ser expostas a telas. Já as crianças entre 2 e 5 anos, o tempo de tela deve ser de ao máximo de 1 hora/dia. Sempre com supervisão de pais, cuidadores ou responsáveis. Entre 6 e 10 anos o tempo de telas deve ser de ao máximo de 1-2 horas/dia, também com supervisão. Por fim, aos adolescentes com idades entre 11 e 18 anos, o tempo de telas e jogos de videogames deve ser limitado a 2-3 horas/dia.

Com isso, evita-se o vício nos jogos e vídeos, que são feitos para serem viciantes, e melhora o desenvolvimento físico, psicológico e emocional das crianças.

2. Usar as telas apenas com supervisão

Sabemos que para muitas mães e pais isso é quase impossível por conta da necessidade de trabalhar enquanto os filhos ficam em casa sozinhos. Porém, para quem consegue, é muito importante supervisionar as crianças durante o uso de celular, tablet ou computador.

Uma boa dica é estimular e obrigar a criança a usar os dispositivos apenas em locais comuns da casa. Não deixar utilizarem no quarto trancados, por exemplo. E proibir o uso de webcam ou outras ferramentas que permitam chamadas de vídeos ou fotografias dos pequenos.

É dever também do Estado criar mecanismos, como disponibilizar creches públicas para que crianças fiquem em um local seguro e longe dos perigos trazidos por criminosos que atuam na internet.

3. Oferecer outras atividades recreativas

Criança precisa brincar e fazer atividade física e isso tudo pode ser divertido e lúdico. Por isso, pais e mães precisam separar horas do dia para fomentar na criança o desejo por essas atividades longe do celular.

Isso é bom não apenas para afastá-la das telas, mas também para criar uma relação maior entre a criança e os pais, além de desenvolver mentalmente e fisicamente a infância.

Algumas dicas de atividades que podem ser feitas: brincadeiras ao ar livre, esportes, contação de histórias, leitura de livros, brinquedos motivacionais e educativos (como quebra cabeça), atividades na natureza e ao ar livre (piqueniques, por exemplo).

4. Criar regras e senhas no uso de telas na infância

Ter e cuidar de filhos é sempre muito complicado, principalmente para pais e mães de primeira viagem. Por isso, uma dica importante é criar regras que devem ser cumpridas pelas crianças.

Essas regras delimitam, por exemplo, o tempo de uso do celular, onde dentro de casa a criança pode mexer, quais redes sociais o adolescente pode ter e quais os conteúdos são permitidos postar, a obrigação de todos os equipamentos e redes serem monitorados, entre outras.

Além disso, é essencial que o responsável não deixe senhas salvas nos aparelhos, muito menos as de cartão de crédito. Assim, para que uma criança consiga entrar em uma rede, um jogo ou fazer uma compra, seja obrigada a comunicar e pedir aos pais.

5. Lugar de criança não é em rede social

Sempre se atente aos termos de uso dos aplicativos e redes sociais antes de permitir que seu filho o utilize. A idade mínima para o uso da rede social deve ser respeitada, afinal é provável que a criança ainda não tenha maturidade suficiente para estar naquele ambiente e acabe ficando mais vulnerável à coleta indevida de dados, à publicidade abusiva e enganosa e, até mesmo, a ser vítima em crimes cibernéticos. O WhatsApp, Instagram e Tik Tok, por exemplo, só são liberados para adolescentes a partir dos 13 anos.

Priorize o uso de aplicativos educacionais, para que o desenvolvimento da criança seja respeitado.

6. Fazer as crianças e adolescentes participarem de tudo isso

Não adianta apenas impor regras, sendo que elas são entendidas pelas crianças. Por isso, tudo que for feito pelos pais, mães e responsáveis precisa ter a participação direta dos filhos. Inclusive na discussão sobre as regras, sobre onde e como vão usar o celular, entre outros.

Quanto mais a criança entender a importância dessas regras, mais consciente e obediente ela fica. Se for algo que ela não vê sentido obedecer, a chance dela burlar, teimar, brigar é muito grande.

Por isso, sempre faça tudo com a maior transparência e participação possível. Os seus filhos querem e precisam saber o porquê de poder ou não poder determinada coisa. Faça com que eles se sintam parte disso, dê a importância devida à criança e ao adolescente.

O Idec também faz recomendações ao Estado por meio da Consulta Pública sobre o uso de telas por crianças e adolescentes da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. O Estado tem o dever de dar prioridade absoluta para os pequenos e, com isso, regular o uso de telas na infância e adolescência. É possível acessar a contribuição do Idec aqui.

Para os governos:

1. Acabar com a exploração econômica para crianças

Jogos, vídeos, brincadeiras online estão recheadas de dois graves problemas para a infância: a coleta irregular de dados pessoais das crianças e o uso desses dados para oferecer publicidade.

Entre os vários problemas que isso gera está, por exemplo, a compra de jogos, de moedas e de demais produtos que os próprios aplicativos oferecem. O que gera um desgaste emocional e econômico nas famílias. Muita criança consegue comprar sozinha, o que faz com que pais, mães e responsáveis fiquem endividados sem nem saber o motivo ao certo.

Por isso, é essencial que haja uma barreira à propaganda e à coleta de dados pessoais de crianças feita pelo Estado. Vedar completamente essa exploração econômica na infância.

2. Informar dos problemas de saúde relacionados ao uso de telas na infância

Falta uma regulamentação por parte do governo de regras para o uso de telas por crianças e adolescentes e também uma melhor educação a pais e responsáveis. Por isso, é essencial que o Estado faça campanhas que mostrem os problemas de saúde e de desenvolvimento que estão diretamente relacionados ao uso de telas.

3. Advertir quanto ao uso de redes sociais

As redes sociais podem ser ainda mais perigosas que os jogos em si, seja em crianças ou em adolescentes. É nessas redes, como o Discord e o TikTok, que elas e eles se tornam alvos de pedófilos, golpistas e criminosos.

Assim, é essencial que o governo também faça campanhas de informação sobre esse assunto. Deve-se evitar a exposição de crianças e adolescentes em redes sociais por meio de fotos e vídeos, por exemplo. O uso dessas imagens por criminosos é cada vez mais comum.

4. Estimular a fiscalização pela família e escolas

Outro dever do governo é criar campanhas que estimulem a moderação do uso de telas por parte das famílias e escolas. Inclusive, por meio do uso de tempo em sala de aula para alertar as crianças e adolescentes e também nas reuniões de pais e mestres para orientar familiares e responsáveis.

A educação é muito além do português e da matemática e com o desenvolvimento cada vez maior de tecnologias voltadas para crianças, é essencial que o Estado cumpra esse papel.

5. Fornecer suporte e recurso às famílias vulneráveis

Como já foi dito, é dever do Estado fornecer creches públicas para que crianças fiquem em segurança, enquanto os pais e responsáveis estão no trabalho. Mas não só isso. Os governos precisam dar todo o suporte e criar outros recursos que permitam o desenvolvimento de uma infância saudável por parte das crianças de famílias vulneráveis.

Isso pode ser feito por meio da criação de praças e parques em periferias e zonas rurais, melhoramento dos equipamentos fornecidos nas escolas, eventos e feiras infantojuvenis nos bairros e escolas, aulas e oficinas de apoio aos pais e pequenos sobre o uso de telas e redes sociais, entre uma série de outras medidas.

*Com informações do IDEC

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