Menina que trocou faxina por estudo se tornou a 1ª vereadora da cidade
Preocupada para que outras crianças tivessem oportunidades melhores, Oliva Enciso dedicou vida à educação
Quando chegou a Campo Grande, Oliva Enciso queria estudar e, sem ter condições de pagar uma mensalidade na escola que gostaria de frequentar, se ofereceu para limpar o espaço em troca de uma bolsa. Anos depois, essa menina se tornou a primeira vereadora da cidade, repetiu o feito de “primeira” ao se eleger como deputada estadual e dedicou sua vida a lutar para que outras crianças tivessem oportunidades melhores graças à educação.
RESUMO
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Oliva Enciso, uma figura emblemática de Campo Grande, dedicou sua vida à educação e à política, rompendo barreiras e abrindo portas para outras mulheres. Desde jovem, lutou por oportunidades educacionais, chegando a limpar um colégio em troca de uma bolsa de estudos. Posteriormente, tornou-se a primeira vereadora e deputada estadual da cidade, além de ter sido a primeira farmacêutica da região. Sua paixão pela educação se refletiu na fundação da Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante e na participação na criação de escolas, do Senai e do Sesi. A história de Oliva Enciso, agora imortalizada no programa "Memórias da Câmara", serve como inspiração para as futuras gerações, lembrando a importância da educação para o desenvolvimento de um país.
Além de ser a primeira (e a mais votada em suas eleições) vereadora e deputada, Oliva também foi a primeira mulher farmacêutica de Campo Grande. Ao olhar para os marcos de sua vida, não faltam heranças deixadas para a cidade e, por isso, “o que ficou de quem partiu”, no seu caso, envolve muita coisa.
Os fatos são tantos que ela foi a escolhida para inaugurar o novo programa da Câmara Municipal de Campo Grande: o “Memórias da Câmara”, produzido pela TV da instituição pública. Lançado nesta quarta-feira (13), o episódio foi exibido na televisão e também está disponível no YouTube (confira o documentário ao fim da matéria).
E, aproveitando o projeto do Poder Legislativo, o Lado B conta sobre a mulher que se tornou um ícone quando o assunto é educação.
Voltando para o século passado, Oliva nasceu em 1909, conforme o documentário produzido pela TV Câmara, na então Fazenda Taquaral, região de Corumbá. Em 1923, se mudou para Campo Grande ao lado de sua mãe e irmãs, após o falecimento do pai.
Sobrinho da antiga vereadora, Eduardo Fontoura é quem narra a vontade da tia em estudar. Os relatos familiares são de que, logo no primeiro dia, a menina procurou por uma escola e encontrou o Nossa Senhora Auxiliadora.
Foi nessa situação que, segundo Eduardo, ela se ofereceu para limpar o colégio como forma de pagar as mensalidades. Além da bolsa para estudar, Oliva também conseguiu o uniforme e, assim, iniciou o caminho.
Em sua trajetória, Oliva pensou em ser freira e começou a cursar a faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, conforme descreve sua sobrinha, Maria Inês Puga Barcelos. Mas, no processo, entendeu que queria mesmo se envolver com a educação.
Tanto é que, em Campo Grande, deu aula no então Instituto Pestalozzi, que se tornaria o Colégio Dom Bosco. Durante essa época, ajudou na formação de nomes famosos como Manoel de Barros e Paulo Coelho Machado.
“A educação foi o principal na vida dela. Ela parece que veio ao mundo para ser educadora e realmente foi”, argumenta a sobrinha. Entre as memórias que têm da tia, Maria narra que Oliva fazia questão de reforçar que um país sem educação não tinha chance de melhorar.
Conectados, os âmbitos da vida no Poder Público e na educação não se distanciam. Antes da campanha política, em 1940, decidiu fundar a Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante. Por ali, o objetivo era garantir escolaridade e funcionar como orfanato para as crianças abandonadas e sem renda.
“Ela também participou diretamente da criação de várias escolas em Campo Grande e interior do Estado. Ainda, teve participação na criação do Senai e Sesi”, descreve a Câmara dos Vereadores.
Em 1955, ela foi eleita como a primeira vereadora de Campo Grande e seguiu até 1959. A partir desse ano, se tornou deputada estadual e, após esse mandato, decidiu retornar às pautas da educação fora dos cargos políticos.
Para a família, a memória de que Oliva ajudou a trazer o primeiro curso da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) é mais um dos motivos de orgulho. Na época, a luta foi pela então faculdade de Odontologia e Farmácia, sediada no Colégio Maria Constança.
Além de todos esses marcos, a política também era escritora e o título de um dos seus livros declara aquilo que realmente queria deixar: “Pensai na educação, brasileiros!”.
E, aproveitando, além da história de Oliva, outros episódios serão lançados no Memórias da Câmara. Segundo a assessoria do Legislativo, o projeto faz parte da resolução 526/2023, do vereador Carlos Augusto Borges (Carlão) para armazenar, organizar e divulgação informações históricas da Câmara.
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