Na casa de crocheteira, o que mais surpreende é quadro do tio pelado
Dona Edite trata com maior naturalidade a foto pendurada do tio falecido, que foi retratado sem roupa
Na parede na casinha de madeira de Dona Edite Rezende Dutra, de 81 anos, existem várias fotos da família, daquelas antigas e restauradas. Entre elas, a que mais espanta é de um homem pelado. A "personalidade" é o tio de Dona Edite, chamado Julião.
Foi como a herança do passado, que ficou ali, intocada, como o resto da casa que antecede a "modernidade" da alvenaria no Bairro Amambaí. “Eu me casei em 1960, naquela época, ele já não vivia mais”, relata.
Dona Edite apenas comenta que o tio paterno viveu no Bairro TV Morena e sempre foi do tipo "diferentão". “Ele dormia no chão, em um pedaço de couro”, comenta.
Dona Edite vive no Amambaí há 40 anos, na mesma casinha de madeira que ainda está de pé.
Na fachada, placa mostra o ofício da proprietária do imóvel: costura e crochê. É crocheteira de mão cheia, atividade que ocupa a maior parte do tempo do dia dela, na verdade, da vida toda praticamente. “Comecei com o crochê desde os 12 anos de idade. Gosto, inclusive, mais do crôche do que dá costura”, relata.
Faz várias peças no crochê, desde cachecóis a tapetes, mas o que encomendar, ela topa reproduzir, no ponto que for. Gosta também de experimentar. “Olho também as revistas, faço o que vejo, mas invento também algumas coisas”, detalha.
O interior da casa é organizado e as paredes ocupam fotos de várias vidas, desde o casamento a fotos de infância e de filhos e netos. Elas compartilham a decoração com a foto do tio gordo e sem roupa.
Ao ser questionada sobre a imagem inusitada, nem demonstra reação. Só ao ser questionada sobre o porquê dele estar nu na foto, ela dá uma risadinha. “Não sei. Ele usava uma camisola. De certo tirou pra foto”, se diverte.
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