Na era das redes sociais, as comparações podem estar provocando a sua tristeza
Na segunda reportagem da série "para sermos pessoas melhores em 2017", a comparação da própria vida com a do outro pode ser classificada como um dos grandes males das redes sociais. O efeito de seguir artistas e até mesmo de quem está mais próximo de nós desperta uma tristeza crônica. Para discorrer sobre o assunto, contamos com a participação da psicóloga Cláudia Malfatti.
Cláudia começa explicando que hoje a rede social é usada muitas vezes como um termômetro de como está a nossa vida em relação à vida do outro e isso é um problema. "É comum até se frustrarem se um post é pouco curtido. Existem pessoas que chegam ao extremo de publicar que estão namorando, quando na verdade estão solteiras; outras fazem falsos check-in", exemplifica. Ou seja, nem tudo o que se vê no mundo virtual é real.
E mesmo sabendo disso, a nossa tendência é se deixar afetar e a psicóloga explica que é porque na vida, buscamos referências. "Por isso é natural você observar o outro, admirar e desejar chegar aonde o outro chegou. Agora, observar e ficar com raiva não é saudável para quem sente e muito menos produtivo. É um indicativo que a pessoa tem auto-estima baixa e não acredita no seu potencial. Todos temos condições de realizar o que deseja", alerta.
E a grama do vizinho, é sempre mais verde mesmo? A frase resume tudo o que sentimos nas redes sociais, porque temos a tendência de só olhar o resultado final e não o quanto o "vizinho" se dedicou para deixar a grama dele assim.
"Cada indivíduo é único. Você precisa descobrir quais são seus sonhos e desejos para lutar por eles", pontua a psicóloga.
E quando o "outro" é uma das Kardashian por exemplo? Vida perfeita, dinheiro, fama e beleza? É preciso voltar para a realidade. "Não podemos viver num mundo totalmente fora do nosso. A gente tem que lidar com a nossa realidade. As pessoas precisam também perceber as conquistas que elas fazem na vida. Às vezes se fica muito preocupado com o externo e não percebe o seu caminhar", atenta.
Perceber que temos nos incomodado muito com a felicidade alheia, já é um sinal de alerta. "Quando alguém não acredita em si, tem dificuldade de lidar com as frustrações e não encontra uma rede de apoio, pode desenvolver uma doença como, por exemplo, depressão", descreve Cláudia.
A psicóloga defende que com a ajuda da psicoterapia é possível se aprofundar e trabalhar os conteúdos internos, descobrir as aptidões, desejos e se fortalecer para alcançá-los.
"Se desligar um pouco da rede pode ser um caminho sim, mas não é a solução. Se você se incomoda muito com o que vê nas redes sociais, com certeza repete esse comportamento fora do mundo virtual. O caminho é mudar a crença de que só o outro pode conquistar as coisas. Caso não consiga sozinho, busque ajuda de um psicólogo".
E que tal começar o ano assim? Focado nas nossas conquistas e o que é possível dentro da nossa realidade?
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