Para terror dos "rolezeiros", 2020 foi o ano sem novas amizades
Para 84% dos leitores que responderam à pergunta do dia, o ano da pandemia de covid-19 foi mais difícil de conhecer gente nova
O que a pandemia mais trouxe de ruim foi a parada total na vida social e noturna da Capital. Isso de acordo com os campo-grandenses mais "rolezeiros". Como todo mundo foi obrigado, até eles tiveram que se readaptar ao "novo normal" sem a chopada na hora do happy hour ou as saidinhas aos finais de semana. E claro, sem também render novas amizades na mesa de bar.
É o que pelo menos aponta a enquete do Lado B. Perguntamos aos nossos assíduos leitores se, durante essa temporada de pandemia, aumentaram ou não o círculo de amigos. O resultado não podia ser diferente: 84% das pessoas alegaram que não fizeram novos "brothers".
No caso da estudante Júlia Ferreira, de 13 anos, de fazer novas "sisters".
"Fiquei sem ver minhas amigas, fazer rolê no shopping, o que sinto uma falta danada. E também mal deu para conhecer outros amigos, mal iniciamos o ano na escola e já veio a pandemia", admite. O jeito, segundo a menina, foi recorrer à melhor amiga que praticamente virou sua confidente diária, em conversas por aplicativo de mensagens.
Esse "normal" pode até ser novo, mas as amizades continuam "velhas". Nem que seja buscar dentro do ambiente familiar, como aconteceu para dona Juliana, mãe da adolescente. "Recorri aos parentes e vizinhos que eu já conhecia. Mudou o tipo e o calor das amizades, com menos beijos e abraços", considera.
Para a psicóloga Laynara Vilagra, como a pandemia de covid pegou todo mundo de surpresa, tivemos que preencher o vazio do lado social com o que já tínhamos em mãos.
"Seja com as amizades formadas anteriormente, com o próprio namorado ou marido ou até mesmo parentes próximos. Ficamos de certa forma perdidos, porque a quarentena foi algo imposto, e não determinada pelo indivíduo. Mas a sociedade tem essa capacidade de se ajustar às novas condições", analisa a profissional.
Fora que as responsabilidades de cada um são diferentes. "O adulto se volta à a sobrevivência, às questões financeiras, então as relações sociais ficam em segundo plano. Por sua vez, o adolecente não enxerga essa necessidade justamente por suas breves experiências na vida".
Restante da matemática – Sobre os 16% que "sobraram" na conta da enquete, estão aqueles que até conseguiram expandir o universo de laços afetivos. Dono de uma barbearia na periferia, Tiago Oliveira, por exemplo, investiu companheirismo próprios clientes.
"Eu até consegui aumentar os amigos porque foi a forma que encontrei. A falta de rolê estragou um pouco, é verdade, mas as amizades que são verdadeiras continuam independente de covid", valoriza o rapaz.
Por outro lado, teve gente "rolezeira" que não aguentou ficar parado dentro de casa, quebrou todos os protocolos e foi às ruas farrear. Um grupo de amigos na Capital – que obviamente não quiseram se identificar – não respeitou a quarentena e, portanto, conseguiram fazer novas amizades por aí.
"Teve até grupinho no Whats para marcarmos encontros. Somos em 5 meninas e 8 meninos. Fora que a pandemia me rendeu aproximar de amigos de amigos, que antes eram apenas conhecidos. Mas também teve gente que só começou a voltar pra ativa agora", confessou um jovem ao Lado B.
Para isso, a psicóloga Laynara tem resposta. "Certas pessoas não praticam outra forma de relacionamento social a não ser o de forma explícita, presencial. Teve gente que, para não causar alguma marca, trauma ou mesmo depressão, buscou suporte familiar, enquanto outros foram pras ruas", examina.
"Quando a covid chegou, o assunto número 1 dos meus atendimentos no consultório foi o medo provocado pela doença. Entendo que trabalhar uma válvula de escape seja saudável, mas no momento o aconselhável seja por meio do virtual, nas redes sociais", opina a profissional.
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