Professor vira "craque" até em figurinha para prender aluno on-line
Vários professores sem familiaridade com tecnologia viraram também verdadeiros editores com as aulas on-line
Faz mais de um ano que, todos os dias, ao começar suas aulas, o “boa tarde” da professora Elizabete Carminati é bem diferente. Uma figurinha de WhatsApp é que mostra aos alunos o início da aula.
Dali em diante, durante 50 minutos, tempo que dura sua aula, a professora de artes reage às atividades dos alunos com várias outras figurinhas que levam seu avatar junto.
Aos 58 anos, professora da rede municipal há mais de 10, Elizabete se viu num universo bem distante do qual estava acostumado: o da tecnologia. Ela adquiriu nesse tempo habilidades que jamais sonhou em ter, como edição de vídeos, fotos, produção de stickers e muito mais.
“Foi bem desafiador, mas o que ajudou muito foi a ajuda de outros professores. O desafio está em se comunicar não só com a criança, mas também com os pais dela, tudo isso por meio de vídeos e outras atividades”.
A professora edita vídeos em seu celular mesmo. Produz desenhos, acelera e, edição, usa fotos, músicas e as vezes com sua voz narrando em off. Nada muito profissional, mas um evolução inimaginável para alguém criada no universo analógico.
Assim como Elizabete, a professora Ana Lúcia Arguelho Sanhos, de 52 anos, e que da aula há mais de 20, se viu tendo que aprender coisas que passava ao largo de suas expectativas profissionais.
“Eu nunca fui muito nem de mexer em internet. Aí quando veio a pandemia fui pedindo socorro pra um, pra outro e assim fui aprendendo”, explica Ana.
É perceptível a criação de uma rede de apoio entre professores para troca de experiência. Alguns mais novos e mais familiarizados à tecnologia ajudaram os outros. Indicações de aplicativos de edição e de como usá-los tomaram grupo de professores, o que facilitou bastante o trabalho deles.
A professora Ana Lúcia, que dá aula para o ensino infantil, criou até cenário em casa, com decoração temática dependendo da aula. “É uma coisa que vou levar pra vida agora. Esse dias foi aniversário de um familiar e eu fiz até um vídeo de homenagem”.
Keith de Moraes Gonçalves Nogueira, 42 anos, é da turma que já tinha uma certa habilidade com algumas ferramentas mesmo antes da pandemia.
“Eu também tive que aprender muita coisa que não sabia. A minha diferença e que eu gosto e acredito muito na tecnologia. Mas fiz tudo sozinha e com troca entre colegas”.
Inshot, Mobizen, YouCut e o PowerPoint, são todos ferramentas usadas por Keith. “Eu aprendi questão de enquadramento, luz, tudo isso influencia na gravação dos vídeos. Foi tudo muito cansativo, mas vejo, muitas vezes que o esforço valeu a pena”.
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