Sem espaço em casa, Luiza adotou praça como seu próprio quintal
Moradora já plantou desde ervas medicinais até árvores frutíferas na Praça do Monumento aos Pioneiros
O tempo vivido na área rural fez Luiza Peralta Chavez olhar para espaços vazios e deixá-los tomados por folhas, flores e frutos. Por isso, quando percebeu, ela já tinha adotado a Praça do Monumento aos Pioneiros como seu quintal e plantado inúmeras árvores.
Localizado na Avenida Ernesto Geisel, o “quintal” de Luiza é a extensão da praça principal e fica próximo ao seu lar. Orgulhosa do trabalho que tem feito nos últimos anos, ela narra que o espaço era vazio e sem cores.
Aos 80 anos, a moradora coleciona desde plantas medicinais até árvores frutíferas na praça. “Eu não tenho quintal, então fico ansiosa de ficar em casa. Moro aqui há 20 anos e já plantei pitomba, jasmin, limão e até jabuticaba, que é uma lembrança da minha irmã”, conta.
Assim como Luiza é apaixonada pela praça, ela detalha que sua família ajuda a melhorar o espaço comum. E, nesse processo, memórias foram sendo criadas conforme cada muda se desenvolvia.
Em relação ao pé de jabuticaba, por exemplo, a moradora explica que sua irmã, Luzia, sempre contribuía com mudas. Hoje, tendo perdido a caçula para o novo coronavírus, a proximidade com a jabuticabeira é ainda mais especial.
Além da irmã, ela detalha que recebe muita ajuda dos filhos e também do genro. Por isso, a variedade de espécies plantadas por ali é grande e, se depender dela, a lista vai só aumentar.
“Temos guavira, ingá de metro, uma laranja que plantei há dez anos quando foi ao Paraguai, cajá mirim, pé de goiaba, amora, ipê rosa e amarelo. Ainda tem noni, babosa, jaca e outras coisas que vou lembrando aos poucos”, diz Luiza.
Explicando sobre como chegou ao atual lar, ela relata que apesar de ter nascido em Porto Murtinho, se mudou para Campo Grande quando tinha 18 anos. Desde então, se encantou pela cidade e não quis fazer uma nova mudança de município.
Mesmo gostando de lidar com a terra, nem sempre a moradora fez esse trabalho com a praça. Por ajudar a cuidar dos netos e precisar lidar com as responsabilidades de sua vida, foi necessário esperar a idade passar para que ela se voltasse para as plantações.
“Às vezes eu penso que quero viajar, mas fico preocupada porque preciso regar minhas plantas. Sempre trago uma muda nova e ninguém vai cuidar com tanto carinho, então fico com medo”, explica.
E, com essa vontade sendo predominante, até pouco tempo o processo de regar era feito saindo de sua casa com um balde e indo até a praça. “Eu levava água assim porque precisa regar, ainda mais em tempo de seca. Agora colocaram uma torneira e facilita, mas se precisasse eu continuaria com os baldes”.
Sem ter ciúmes do espaço, a moradora completa que vê a praça como seu quintal adotado, mas que seu desejo é realmente deixar o espaço como uma herança coletiva. “Não é para mim, é para todos. Mas ainda tenho muito o que plantar”.
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