ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  14    CAMPO GRANDE 30º

Comportamento

Siamesas separadas há 13 anos corrigem até hoje a história contada pelos outros

Unidas pelo amor e às vezes pela raiva, como brincam as irmãs, Jhenifer e Sthefani completam 15 anos de vida em agosto

Thailla Torres | 08/01/2020 06:37
Jhenifer e Sthefani nasceram em Água Clara. (Foto: Arquivo Pessoal)
Jhenifer e Sthefani nasceram em Água Clara. (Foto: Arquivo Pessoal)

Há 13 anos foi realizada em São Paulo a cirurgia de separação de gêmeas siamesas nascidas em Água Clara, a 198 quilômetros de Campo Grande. O fato ganhou repercussão nacional e, desde então, elas não pararam de contar a própria história a cada novo caso raro que surge nas mídias.

Jhenifer Beatriz de Oliveira e Sthefani Beatrile de Oliveira Prado, hoje com 14 anos de idade, moram com a avó materna em uma casa do interior, “unidas pelo amor e às vezes pela raiva”, brinca Jhenifer ao falar da relação inseparável. “Dizem que nos separamos, mas continuamos mais juntas do que nunca, seremos sempre parceiras”, completa.

Falante ao telefone, o jeitinho extrovertido que lida com a “fama” desde o nascimento, em 2005, impressiona. Ela diz se orgulhar de ter virado “assunto de Mato Grosso do Sul”.

Irmãs inseparáveis, como elas se definem. (Foto: Arquivo Pessoal)
Irmãs inseparáveis, como elas se definem. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje as meninas moram com a avó no interior, ainda em Água Clara. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje as meninas moram com a avó no interior, ainda em Água Clara. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em caso raro, com incidência de 1 para cada 100 mil nascidos vivos, as irmãs nasceram unidas pelo abdômen e foram separadas com 9 meses de vida. Nesta semana, elas voltaram a falar do assunto com amigos e familiares após a repercussão do nascimento das gêmeas Maria Julia e Luna Vitória no dia 3 de janeiro, na Santa Casa de Campo Grande. Os bebês têm o tórax interligado e seguem em estado grave, mas estável e respirando com auxílio de aparelhos.

“Como é muito raro isso acontecer e pessoas sobreviverem, quando acontece, as primeiras pessoas para quem os outros ligam são para os meus familiares”, lembra Jhenifer. “Só de pensar que há alguns anos estávamos grudadas e hoje estamos bem seguindo nossa vida, isso me faz querer falar do assunto”.

Com frequência, ela e a irmã são questionadas sobre os desafios após a cirurgia de separação e a força com que enfrentaram a condição em que nasceram. Mas em tom alegre ela dispensa qualquer título de menina valente e dedica à família a superação. “Minha mãe e meu pai foram fortes porque não foi nada fácil no começo. Depois da nossa separação eu vim para Água Clara e ela ficou um tempo com a minha mãe no hospital”.

Jhenifer não teve sequelas. Sthefani tem dificuldades para andar desde a infância e tem deficiência intelectual. Juntas seguem a mesma rotina de outras crianças. “Vamos à escola, brincamos e voltamos para casa para fazer bagunça”, diz a irmã toda orgulhosa.

O desafio diário, ou sempre que o assunto volta ao imaginário dos moradores, é explicar a história que acaba sendo “supervalorizada” pelos outros. “Tem gente que aumenta demais a nossa história. Há quem diga que uma de nós quase não sobreviveu e que foi por muito pouco, ou que uma ficou sozinha, essas coisas”, conta.

A menina defende a história de vida e a luta da família. Pelo WhatsApp ela envia orgulhosa a fotografia delas pequenas e fotos atuais, sempre sorridentes. Assim como nas fotos, ela diz que se apoia na irmã para seguir em frente e realizar sonhos. “Ela é minha melhor amiga nessa vida e por causa da nossa história quero fazer Medicina”.

Caso - Jhenifer e Sthefani passaram pela cirurgia de separação no dia 2 de maio de 2006, no Hospital das Clínicas, em São Paulo, quando tinham nove meses de idade. Sthefani teve de passar por nova cirurgia anos depois por causa de uma ferida no intestino e, após a operação chegou a ficar em coma na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas se recuperou.

Lutando contra as estatísticas de sobrevivências, as meninas também surpreenderam os médicos na época por causa do peso e tamanho. Além de nascerem aos nove meses de gestação, elas chegaram ao mundo com 2,7kg e 49cm cada.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir para a gente? Manda pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas, Whats do Campo Grande News: 9-9669-9563.

Nos siga no Google Notícias