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Comportamento

Viúva duas vezes, Epomira viveu para criar sobrinhos e espera novo amor

Em casa, ela cuida das plantas e adora fazer piada de tudo: 'Tô solteira até hoje', diz

Jéssica Fernandes | 05/10/2022 06:10
Epomira da Cruz conta história de vida com sorriso no rosto. (Foto: Paulo Francis)
Epomira da Cruz conta história de vida com sorriso no rosto. (Foto: Paulo Francis)

Sentada na cadeira de fio, Epomira da Cruz, de 89 anos, abre um sorriso e fala que a história dela é longa. Na casa azul rodeada de flores que plantou, ela, que não tem filho, foi quem criou os sobrinhos. A data que chegou a Campo Grande, Epomira lembra e traz na ponta da língua. “2 de março de 1972. Eu não esqueço”, declara.

Viúva de dois homens, ela viu o primeiro morrer ‘porque bebia muito’ e outro ‘de acidente’. Há uma década, a ex-dona de bar brinca que está esperando outro que a faça companhia. “Tô solteira até hoje, esperando um e não acho”, ri.

O riso acompanha o final da maioria das frases dela que faz piada sobre situações que viveu. Nem ao ouvir um diagnóstico desanimador, Epomira perdeu a chance de fazer graça. “Eu fui no médico e ele falou que eu estava com uma doença grave, que não tinha cura e que matou Tancredo. Eu falei: Então, se matou o presidente, eu já vou também”, conta.

Descontraída, a ex-dona de bar se diverte com as piadas que faz. (Foto: Paulo Francis)
Descontraída, a ex-dona de bar se diverte com as piadas que faz. (Foto: Paulo Francis)

Anos depois de ouvir o médico, ela segue firme e forte plantando milho no quintal, chuchu, maracujá e outras flores que não sabe dizer o nome. Antes de cuidar do próprio terreno, a mulher tinha uma plantação no lugar que hoje é uma igreja.

Quando veio de Bela Vista, Epomira chegou a Campo Grande com a mãe, irmã e um sobrinho. Embora não tenha filhos, a mulher diz que ajudou a criar todos os sobrinhos. Isso ocorreu, pois mais de um irmão chegou à casa dela acompanhado dos pequenos.

“Veio uma cunhada, meu irmão e os cinco filhos. Jogou eles (os filhos) tudo em cima de mim. Passou um tempinho, veio outro irmão com quatro filhos e eu que sustentava todo mundo”, afirma.

Em casa, ela cuida diariamente da plantação de milho e as flores. (Foto: Paulo Francis)
Em casa, ela cuida diariamente da plantação de milho e as flores. (Foto: Paulo Francis)

Hoje, ela diz com orgulho que todos os sobrinhos vivem bem. “Graças a Deus todos eles estão tudo bem. O mais novo tem duas casas em Campo Grande, uma em Bonito e Camisão”, fala.

Em 1982, Epomira fechou o bar, pois estava cansada de tanto trabalho. “Eu não tinha vida, não tinha um domingo que fechava, eu levantava cedo e aí juntei um dinheiro”, explica.

As economias, segundo ela, foram perdidas após ser vítima de um homem que rasurou o cheque passado por ela. O assunto é único que não faz Epomira esboçar sorriso. "Aí eu larguei mão, falei: ‘Não vou mais trabalhar para juntar dinheiro”, diz.

Na casa do Bairro Coronel Antonino, ela vive desde 2000. (Foto: Paulo Francis)
Na casa do Bairro Coronel Antonino, ela vive desde 2000. (Foto: Paulo Francis)

A casa onde reside atualmente no Bairro Coronel Antonino, ela comprou em 2000. No lugar, hoje, ela vive com a sobrinha e a irmã mais nova, Leide, de 85 anos. "Mamãe, quando morreu, mandou ela me cuidar, mas aconteceu o contrário”, comenta.

No final da conversa, Epomira posa para foto, olha pra irmã, a sobrinha e faz outra piada para rir de si mesma.

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