Vivendo em mosteiro, mãe do “milagre de MS” se foi sem ver Acutis virar santo
Luciana Viana morreu em meados do mês de junho, dias antes do Vaticano aprovar canonização de jovem italiano
Vivendo em mosteiro em Anápolis, no interior de Goiás, Luciana Viana, a mãe de Matheus, o garoto que foi curado, segundo a família, pelo italiano Carlo Acutis, que teve a canonização aprovada na segunda-feira (1º), partiu sem ver o beato virar o primeiro santo da geração “millenial”. Católica fervorosa, Lu, como era chamada pelos íntimos, morreu em meados do mês de junho.
No dia 20, foi rezada missa pelo 7º dia do falecimento. A mãe de Matheus já tratava doença rara, medula aplásica – quando organismo deixa de produzir uma quantidade suficiente de células sanguíneas novas –, mas a causa da morte não foi divulgada.
Em luto, a família está de resguardo e preferiu não dar entrevista. Mas a mãe de Luciana, Solange Lins Viana, tem comentado sobre a perda pelas redes sociais. “Essa ausência que dói. Fico te olhando apenas por essa imagem do que você foi. Acalenta meu ser que reluta com essa dor de te perder. E você me esperava ansiosa nessas férias. Nem sequer pudemos nos abraçar, pois ao chegar já estava no hospital gravíssima. Resta-me tentar seguir seu exemplo buscando na oração meu sustento. Aquieta minha alma pois nos braços do Senhor. Descansa nossa Lu”.
Entrevistados – Solange, Luciana e Matheus deram entrevista ao Campo Grande News em 2019, logo depois que a cura do garotinho por intercessão de Carlo Acutis foi reconhecida por Comissão Médica do Vaticano, em novembro daquele ano.
O menino tinha 9 anos e esbanjava saúde. Mas, anos antes, nenhum alimento parava em seu estômago. Ele era diagnosticado com pâncreas anular, uma anomalia rara neonatal que só poderia ser revertida por intervenção cirúrgica.
Aos 2 anos, Matheus pesava apenas 9 kg e, apesar de a única solução ser a cirurgia, uma mudança na alimentação foi iniciada para que o garoto se fortalecesse, já que ele não resistiria a uma operação no estado em que se encontrava.
A família conheceu a história de Carlo Acutis, por meio do Padre Marcelo Tenório. Durante uma celebração a Nossa Senhora da Aparecida, em 2010, que o pequeno Matheus, já com 4 anos, teve contato com a relíquia de Carlo Acutis e por conta própria pediu para “parar de vomitar”, lembrou a mãe Luciana.
“Até os 4 anos eu o carregava como um bebê no carrinho, então o Matheus é a prova viva da cura, não precisa falar mais nada. Eu lembro que no dia da cura, estávamos eu, Matheus e meu pai na fila. Meu pai pediu para pegá-lo no colo e eu expliquei o que era uma relíquia e que as pessoas beijavam e faziam um pedido. Eu expliquei que a relíquia era um pedacinho de Carlo Acutis e que ele poderia pedir o que quisesse. Lembro que ele perguntou: 'É sélio, mãe?' Eu e meu pai já tínhamos combinado de pedir pela cura do Matheus, mas como ele estava no colo chegou na frente e soltou um: 'palar de vomitar'”, lembrou Luciana na entrevista.
A avó explicou que a família seguiu rezando e pedindo ajuda a Acutis. Mais tarde, levou Matheus para novos exames, já que ele havia apresentado melhora nos sintomas. “Fomos rezando, confiando, pedindo e percebemos que ele foi parando de vomitar. Decidimos fazer mais exames, para saber o que tinha acontecido naquele intervalo. Voltamos ao mesmo laboratório para realizar o ultrassom e o médico nem lembrava de nós. Assim que saiu o resultado perguntei: e aí, doutor, e o pâncreas como está? Ele respondeu: como assim? Normal. Eu expliquei que ele tinha sido diagnosticado com o pâncreas anular e o médico disse que não tinha nada de anular”.
Canonização – O Papa Francisco e os cardeais aprovaram a canonização de Carlo Acutis como o primeiro santo "millenial", junto com outros 14 nomes, nesta segunda-feira (1º). O jovem italiano, que morreu aos 15 anos, foi beatificado em outubro de 2020 na Basílica de São Francisco, em Assis, na Itália. A cerimônia ocorreu após o reconhecimento do primeiro milagre em decorrência da cura do campo-grandense Matheus Viana, em 2013.
Acutis conhecido como "Influencer de Deus" por fazer a divulgação de material religioso na internet. A cerimônia de canonização ainda deve ser marcada.
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