Com olhares pidões, cães e gatos conquistam novos “pais”
Em meio a calçada da Avenida Mato Grosso no domingão, os olhares solitários e pidões de cachorros e gatos conquistam quem passa. Muitos visitantes chegam só para “olhar”, mas logo são conquistados por um dos animais abandonados da Feira ‘Domincão da Adoção’, promovida pelo Abrigo dos Bichos.
Basta um colinho e uma acariciada no pelo, combinados com a miada ou um latido pedindo um novo lar. Pronto. Os voluntários gritam para comemorar mais uma adoção.
“Mais um gatinho adotado, uhuu. Ah, o meu gatinho cinza que dei mamá vai embora”, diz a voluntária Loyana de Almeida, de 26 anos, enquanto aplaude e comemora a doação de uma gata cinza, mas também já sofre de saudade antecipada do “afilhado de leite”. A gatinha de 1 mês foi amamentada pelos voluntários, que colocaram leite em chuquinhas.
A pequena e manhosa gata, de olhos azuis, conquistou uma família inteira, que chegou até a Feira dizendo que só estava olhando. “Ele é muito bonitinho, vamos levar pra nossa casa”, diz Rafael, de 10 anos, que quer ser veterinário.
A mãe, Angela Dias, de 40 anos, conta que um cachorro já mora na casa e os dois filhos, de 10 e 8 anos, que adoram animais, pediram um gato. “Aqui é uma oportunidade de unir o útil ao agradável, porque tem muito animal na rua precisando de um lar e a gente pode conseguir mais um animal de estimação”, diz.
Rafael explica que o cachorro é “bonzinho”, mas que já pensou em como evitar possíveis brigas. “O gatinho vai ficar dentro de casa e o cachorro do lado de fora”, frisa.
Um outro gatinho, de cor rajada de preto e amarelo, também conquistou um novo lar com seu charme. A terapeuta Étina Gutierrez, de 31 anos, não resistiu ao gatinho, mesmo já tendo 4 cachorros e 1 gato em casa.
“Vim só pra ver os bichinhos, não posso mais pegar nenhum”, disse a reportagem no início da visita, que durou menos de meia-hora e já foi o suficiente para sair com o gato rajado nos braços.
Pra família toda - A família da comerciante Tatiane Dias, de 30 anos, deu um novo lar para quatro cachorros durante a Feira. Ela, as duas filhas e o marido ganharam novos companheiros.
“É um para cada um de nós cuidar. Todos gostamos muito de animal”, diz.
Sobre o trabalho que terá para cuidar de 4 cachorros, ela explica que são como “4 filhos, mas não dá trabalho porque cada um cuida do seu”. Maria Eduarda, de 6 anos, garante que sabe cuidar do cão e vai dar carinho, comida e limpar a sujeira.
As crianças ganharam filhotes e Tatiane se apaixonou por um vira-lata adulto, que tem leishmaniose. “Vou ter que cuidar mais dele, dar remédio todo dia, mas vale a pena. Gostei dele e não ia deixar de adotar só porque tem a doença”, frisa.
Todos os “pais adotivos” assinam termo de responsabilidade, comprometendo-se a seguir todos os cuidados necessários com o animal de estimação, que incluem a castração para evitar a procriação descontrolada.
Aqueles que têm leishmaniose são orientados pelo veterinário sobre o tratamento e os donos se responsabilizam a continuar com a medicação, que segundo os veterinários, impede que o animal seja transmissor da doença. Os animais adotados recebem descontos nas clinicas veterinárias parceiras do Abrigo.
As medidas são exigidas para evitar que animais sejam adotados como se fossem “bichinhos de pelúcia, que não precisam de cuidados e podem ser descartado”, explica a voluntária Patrícia Marques.
O Abrigo dos Bichos afirma que acompanha os novos lares dos animais por alguns meses, observando se os donos estão cuidando corretamente do animal de estimação.
Quer adotar? - Até o fim da tarde, por volta das 16h, foram mais de 60 animais doados. Mas outros cães e gatos ainda esperam por um lar que não seja provisório.
Patrícia explica que a maior dificuldade é encontrar lares para os animais adultos e que estão doentes.
“Muitos só querem filhotes e de raça, mas o trabalho dos nossos voluntários é de convencimento com os visitantes, fazer com que adotem porque se apaixonaram pelo animal”, diz.
A adoção de uma cachorra da raça Cocker adulta e cega foi motivo de muita comemoração dos voluntários. “Foi uma alegria muito grande. Nós caímos aos prantos aqui”, conta.
Entre os animais que ainda aguardam um lar está um cachorro vira-lata albino. Durante quase a tarde toda ele ficou no colo da voluntária Naira Santana, de 27 anos, só recebendo carinhos e praticamente imóvel.
“Ele é muito bonzinho, não late. Seria ideal para alguém que mora em apartamento”, recomenda.
Uma gata que já morou em cima de um pé de carambola também espera por um lar. “É difícil conseguir uma família pra ela porque as pessoas não querem uma gata já adulta”, diz.
Os animais recolhidos da rua pelo Abrigo ou entregues para adoção ficam esperando um lar em casas temporárias, de voluntários.
Os interessados em adotar um cão ou gato podem conhecer os animais pelo site - http://www.abrigodosbichos.com.br - ou facebook do Abrigo dos Bichos.