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Diversão

Em dia de cultura, Noroeste mostra que periferia também quer arte

Praça do bairro lotou com crianças e adultos para acompanhar 1º dia do Circuito Comunidades do Campão Cultural

Aletheya Alves | 11/10/2022 08:09
Pocket Show Gatinha Mexerica foi uma das atrações no Jardim Noroeste. (Foto: Kísie Ainoã)
Pocket Show Gatinha Mexerica foi uma das atrações no Jardim Noroeste. (Foto: Kísie Ainoã)

De grafite até teatro e cinema, a praça do Jardim Noroeste encheu durante o primeiro dia do Circuito Comunidades no Campão Cultural mostrando que a periferia também quer respirar arte. Mais do que achar o festival divertido, quem cresceu no bairro ainda garante que ver tanta cultura em um só dia é esperança tanto para os adultos quanto para as crianças.

Assim como na primeira edição, o festival deste ano está levando atrações também para regiões periféricas da cidade. Começando nesta segunda-feira (10) com o Jardim Noroeste, o Circuito Comunidades reúne mais de 12 horas de atrações diárias em cada bairro selecionado.

Moradora do Noroeste há mais de 20 anos, Daniele da Silva Santos, de 31, fez questão até de filmar as atrações para guardar de recordação. Depois de trabalhar, a camareira reuniu os três filhos e foi para a praça acompanhar as atividades.

Sorrindo durante todo o tempo, a mãe explicou que anos atrás nunca iria imaginar que o bairro fosse receber tantas atividades diferentes, principalmente em um só dia. “O bairro era muito complicado. A gente não imaginava nem que fosse ter essa praça, então é muito bom ter eventos assim aqui”, conta.

Crianças encheram a praça central do bairro no 1º dia do Circuito Comunidades. (Foto: Kísie Ainoã)
Crianças encheram a praça central do bairro no 1º dia do Circuito Comunidades. (Foto: Kísie Ainoã)
Adriane dos Santos, de 30 anos, levou os filhos para aproveitar o dia de cultura. (Foto: Kísie Ainoã)
Adriane dos Santos, de 30 anos, levou os filhos para aproveitar o dia de cultura. (Foto: Kísie Ainoã)

Assim como Daniele, Adriane dos Santos, de 30 anos, é moradora antiga do bairro e também aproveitou para levar os dois filhos durante o dia do Campão.

Defendendo que ações parecidas se tornem recorrentes por ali, a dona de casa explicou que a maioria das pessoas que vivem no bairro não conseguiriam sair da região para ter acesso a eventos culturais.

“Aqui no bairro as pessoas são mais carentes e tem muita criança, então é bom até para a gente poder participar. Eu não ia ter condição de ir para o Centro se só tivesse lá, precisa trazer para cá também”, completa Adriane.

Sobre a importância do evento, a mãe destacou que a presença de teatro, contação de histórias e músicas gratuitamente faz toda a diferença. “É bom para a educação das crianças e também para todo mundo que mora aqui”.

E, mostrando que a diversão não era só para as crianças. Patrícia dos Santos, de 36 anos, até levou o neto junto, mas comentou que iria participar mesmo sem ele. “Resolvi trazer ele para ver as primeiras coisas, mas depois ainda vou voltar para assistir mais sozinha. Ele se diverte e eu também”.

Patrícia explica que mesmo sem o neto iria participar do festival. (Foto: Kísie Ainoã)
Patrícia explica que mesmo sem o neto iria participar do festival. (Foto: Kísie Ainoã)
Mural unindo grafite e lambe-lambe é herança deixada pelo Campão Cultural. (Foto: Kísie Ainoã)
Mural unindo grafite e lambe-lambe é herança deixada pelo Campão Cultural. (Foto: Kísie Ainoã)

Do grafite ao teatro

No Jardim Noroeste, a programação do Circuito Comunidades começou logo cedo com mural de grafite sendo feito pelo Coletivo Beco Pantaneiro e encerrou a noite com música. Responsáveis por deixar a herança do Campão Cultural marcada nas paredes dos bairros, os artistas Curumex, Pedro Vasciaveo, Pedro Morato e Léo Mareco integram o coletivo de grafite. Assim como no Noroeste, o grupo irá criar outros três murais nos bairros Dom Antônio Barbosa, Santa Emília e Coophatrabalho, que integram o circuito da periferia.

Muriel Oliveira, o Curumex, conta que o coletivo está iniciando o mural pela manhã e finaliza a arte pela tarde. “A gente já tinha feito grafite juntos na cena de Campo Grande e criamos o coletivo para o Campão. Como surgimos na periferia, voltar para ela é voltar para as raízes”, conta.

Sobre a escolha de cada arte, ele detalha que no Noroeste o objetivo foi retratar a fauna e a flora de Mato Grosso do Sul. “Nós temos um esboço para cada bairro, mas criamos na hora mesmo. A gente une as técnicas de spray com colagem e a arte vai surgindo”.

Coletivo Beco Pantaneiro irá produzir mais três murais durante o evento. (Foto: Kísie Ainoã)
Coletivo Beco Pantaneiro irá produzir mais três murais durante o evento. (Foto: Kísie Ainoã)

Programação continua

Assim como houve no Noroeste, a programação continua variada durante todos os dias de Circuito Comunidades. Hoje, o evento segue para a praça central do Dom Antônio Barbosa, na Rua Lúcia dos Santos.

No local, o mural de grafite começará a ser feito às 8h e, às 9h, terá workshop com técnicas de arte urbana ministrado pelo grafiteiro Resaone. Às 16h, Guilherme Santos dá início à contação de histórias, depois haverá o Pocket Show Gatinha Mexerica com a Cia Fusion de Danças Urbanas.

Às 17h, o Teatro Imaginário Maracangalha irá apresentar “Tragicomédia de Dom Cristóvão e Sinhá Rosinha” e às 18h haverá mostra de filmes. Mais teatro chega às 19h30min com o Coletivo o Bonde e a noite será encerrada com Quintetas, às 20h30min.

No dia 12, o bairro Santa Emília é que vai receber o Campão Cultural e, por último, o circuito será encerrado no Coophatrabalho durante o dia 13. Para conferir toda a programação é só clicar aqui.

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