"Mãe recém-nascida" precisa dar os primeiros passos na paciência
A jornalista Suzana Serviam escreveu texto ao Lado B dedicado às mães
A jornalista Suzana Serviam é uma mãe recém-nascida. Tem aprendido dia após dia como é a maternidade na vida real, longe de romantismos. E os primeiros passos, na visão dela, é na paciência. Paciência com as expectativas, com o tempo e até com quem acha que sabe de tudo.
Na enquete do Lado B deste sábado, 38% responderam que ainda sofrem com as críticas e opiniões sobre como criar os filhos. Por isso, haja paciência para qualquer mãe. Suzana escreve hoje uma carta aberta às mães que sobrevivem na base da paciência e que tiram forças para cuidar dos filhos de onde muita gente nem imagina.
Sou mãe recém-nascida e não vou mentir, a expectativa para o meu primeiro Dia das Mães é alta. Embora os três meses com meu neném mostre a maternidade como uma verdadeira quebra de expectativas, a ansiedade para viver todos os sentimentos que essa data comemorativa pode trazer é viva. É óbvio que em meus pensamentos há vários pontos de interrogação: “Será que vão lembrar de me parabenizar?”, “Vai ter algo especial?”, “Vou ganhar algum presente?”, “Vou ser honrada de alguma forma?”
Acho que só hoje vou saber o que a minha mãe sempre sentiu. Aliás, eu só consigo entender agora o verdadeiro significado dessa palavra. É exaustivo! Mesmo com rede de apoio, é exaustivo porque há momentos em que só a mãe com seu colo e peito vai conseguir acalmar a criança. Estou em viagem e quando topei escrever minha experiência para o Lado B não pensei duas vezes porque é como se eu precisasse de algo para poder me expressar, me enxergar, me sentir eu mesma, sentir a adrenalina.
E que adrenalina! Parei pra dar mama, ele dormiu mamando, coloquei pra arrotar, ao ir pro carrinho acordou. Ninei de novo e ao colocar no carrinho chorou mais uma vez. A pressão e a ansiedade para cumprir com o combinado começou vir à tona e eu só sei pensar que a vida mudou. E como mudou. Os primeiros passos de uma mãe recém-nascida, sem dúvida, é a paciência.
O tempo já não é mais meu. Aquela vida ativa cheia de coisas para fazer desacelerou 100 por cento para eu viver a maternidade. Me sinto perdida de mim mesma e a cada dia tento me reencontrar nessa nova fase que é gostosa e, ao mesmo tempo, exaustiva. Me pego ansiosa e quando dou conta penso que não preciso estar assim porque sou privilegiada, tenho um marido excelente que sustenta nosso lar, se esforça para ajudar em tudo que está ao alcance dele, mas assim como eu ele também está aprendendo.
Aí está outra coisa que muda na vida, a relação do casal, dá uma saudade da vida a dois… Saudade de dormir de conchinha, dançar na rua ou no mercado ao ouvir um forró. Mas quando olho para meu filho, ele olha nos meus olhos e me dá aquele sorriso, é como se toda essa avalanche de sentimento me fizesse esquecer tudo isso que sinto falta.
Pra escrever esse texto tive que interromper minha linha de raciocínio muitas vezes.
Antes pensava que esse dia era só mais uma invenção comercial para fazer as pessoas gastarem dinheiro… e se for, graças a Deus as pessoas tiveram inspiração para pensar nesta data, porque de alguma forma, obriga os filhos a pararem um pouco para dedicar algumas horas à mãe. Mas como fazer quando seu filho ainda não tem essa consciência? Sobra para o parceiro. E como faz se o parceiro não existe? Se a mãe é sozinha? Seria lindo se todas nós pudéssemos ter um parceiro que pensasse nesses detalhes e nos fizesse sentir acolhida.
Inclusive nada tem de acolhedor os palpites não autorizados, a ajuda com opiniões não solicitadas. Parece que todo mundo sabe ser mãe, menos você, por isso, haja paciência para lidar com quem fala "criei meu filho assim...", "na minha época era assim" e por aí vai.
Para todas as mamães que se doam 200%, que todas vocês possam ser honradas o tanto que merecem, acolhidas, amadas, lembradas e que consigam se reencontrar para cuidarem de si mesmas.
Para mim, que eu tenha paciência de viver esse momento sem ansiedade, para que eu consiga curtir cada fase de desenvolvimento do meu pequeno, pois quando ele crescer terei todo tempo para as coisas que agora não são possíveis.
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