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Diversão

No ritmo do pop japonês, “Matsuri Dance” tem adeptos que sabem os passos de cor

Paula Maciulevicius | 16/08/2013 23:46
As músicas trazem o que é sucesso hoje e o que já embalou as baladas japonesas e os passos seguem circulando por todo salão. (Fotos: João Garrigó)
As músicas trazem o que é sucesso hoje e o que já embalou as baladas japonesas e os passos seguem circulando por todo salão. (Fotos: João Garrigó)

A 29ª edição do Bon Odori, festa japonesa que já está no calendário do campo-grandense há muito tempo, abriu no ritmo do pop japonês. As danças típicas que acontecem no salão da Associação Nipobrasileira apresentam um estilo que dispensa mestre. Para o ‘Matsuri Dance’, a coreografia já está na cabeça e nos pés dos participantes que dançam a batida do pop sem nem sequer olhar para quem dança no palco.

As músicas trazem o que é sucesso hoje e o que já embalou as baladas japonesas e os passos seguem circulando por todo salão. A diferença aí é que em cena estão jovens, o público mais aberto ao tipo de música. E não é surpresa pra ninguém que a festa tradicionalmente japonesa tem mais brasileiro curtindo do que descendentes. Fruto da miscigenação que Campo Grande sempre abraçou, o estudante Fernando Domingos, de 19 anos, que assim como o sobrenome, nada tem de japonês, mostrava o gingado em todas as coreografias.

A cada ano o Bon Odori traz uma dança nova e para se inteirar e manter o padrão de um dos melhores nos passos, ele conversa o ano todo com os grupos de dança japoneses em Campo Grande. O envolvimento dele passou da pista para a sala de aula e ele até começou a aprender japonês.

Fruto da miscigenação que Campo Grande sempre abraçou, Fernando Domingos, que nada tem de japonês, mostrava o gingado nas danças.
Fruto da miscigenação que Campo Grande sempre abraçou, Fernando Domingos, que nada tem de japonês, mostrava o gingado nas danças.

“Frequento o Bon Odori desde 2007, aprendi todas as coreografias mesmo sem ter nenhuma descendência japonesa”, comentou.

Para que todos possam aprender, a estudante Brenda Tamashiro é quem fica no palco exibindo os passos. Há dois anos ela começou a dançar e os ensaios passaram a ser frequentes justamente para a agenda do Bon Odori. Questionada do por quê se aprende tão fácil e no salão não há ninguém parado, ela responde “são movimentos repetidos várias vezes. A gente aprende com muita repetição”. Se a prática faz o mestre, ali tinha muita gente disposta a sair craque no Matsuri.

Presidente há seis meses na Associação Nipo Brasileira de Campo Grande, Acelino Sinjó Nakasato, se diz feliz de ver que a cultura está na vida do campo-grandense além do sushi. “É muito gratificante ver tantos jovens empenhados em aprender. A gente vê que vai além da culinária. Hoje muitas pessoas estão aderindo e não é só a comida”, comenta.

Num cantinho da festa, um anúncio de ‘escrevo seu nome em japonês por R$ 2 e R$ 5’. Vinda de um intercâmbio através de uma ONG, a professora Miki Uehara, de 27 anos, já se considera 80% adaptada ao Brasil. Primeiro destino depois de se formar, ela diz que só estranha a comida japonesa feita na Capital. “Aqui é mais temperado, o brasileiro gosta de coisa mais salgada”, comenta sobre o próprio sobá.

Voltando às letras japonesas, os preços para os nomes escritos variam de acordo com o tamanho da escrita, que mais parece desenho. Ela explica que ensina japonês na escola que funciona dentro da Associação Nipo, que além de aberta ao público, tem um preço acessível de R$ 60 ao mês.

O estudante Gustavo Shiroma, de 21 anos, é um dos que faz aula do idioma na escola. Aluno há cinco anos ele admite que começou a aprender pelo ‘abc’. É que a língua é tão difícil que não permite ‘garranchos’, afinal as letras tem exatamente o ponto onde começar e terminar e qualquer diferença não só destoa, como muda completamente o sentido da palavra.

No entanto ele ainda defende que o português é ainda mais difícil. “É mais fácil para um brasileiro aprender japonês do que um japonês aprender português”.

A tradicional festa japonesa do Bon Odori começou nessa sexta e segue até domingo, com comidas típicas do Japão, como sobá e sushi, além de muita música e dança. O evento começa às 19h na Associação Esportiva e Cultural Nipo Brasileira, saída para Três Lagoas. A entrada custa R$ 10.

Num cantinho da festa, um anúncio de ‘escrevo seu nome em japonês por R$ 2 e R$ 5’.
Num cantinho da festa, um anúncio de ‘escrevo seu nome em japonês por R$ 2 e R$ 5’.
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