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Meio Ambiente

Administração insiste em palmeiras de outro bioma que seguem morrendo no parque

Ornamentais, as plantas foram repassadas como pagamento de dívida à Secretaria de Fazenda

Aletheya Alves e Alana Portela | 16/06/2021 11:28
Palmeiras Fênix não estão resistindo às condições climáticas e solo desde que foram plantadas. (Foto: Marcos Maluf)
Palmeiras Fênix não estão resistindo às condições climáticas e solo desde que foram plantadas. (Foto: Marcos Maluf)

O nome é até irônico: Palmeiras "Fênix". Mas o ressurgir das cinzas parece difícil no terreno nada recomendado do Parque dos Poderes, em Campo Grande. Como não são do nosso bioma, mais uma leva delas morre na Avenida Desembargador José Nunes da Cunha.

Conforme informação da Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura), as plantas foram doadas e, devido às condições climáticas e de solo, estão sofrendo para se adaptar. O mesmo já aconteceu em outro ponto do parque com palmeiras secando, porque esse tipo de planta não faz parte do bioma do cerrado.

Recebidas pela administração do Parque dos Poderes, elas foram doadas pela Sefaz (Secretaria de Fazenda), depois de recebidas como pagamento de dívidas de impostos que deixaram de entrar nos cofres do Estado.

Segundo a secretaria, como o contribuinte não pagou débitos, referente a impostos, as palmeiras foram dadas como garantia, mas, como o solo não é apropriado, viraram folhagem seca. "Como havia dívida o Estado cobrou como manda a legislação, e penhorou o bem que estava disponível", justifica a assessoria do governo estadual. Até agora, 12 árvores foram removidas do local. Em comércios de plantas na Capital, uma Palmeira Fênix chega a custar R$ 132.

Plantas estão concentradas em trecho da Avenida Desembargador José Nunes da Cunha. (Foto: Marcos Maluf)
Plantas estão concentradas em trecho da Avenida Desembargador José Nunes da Cunha. (Foto: Marcos Maluf)

Agora, equipes da administração do parque estão removendo as mortas e tentando adaptar novamente as que sobraram ao solo, cuidando de pragas e formigas. Entre as dificuldades relatadas pelos responsáveis está a intensidade do clima seco.

O parque já faz parte da rotina de pedaladas da empresária Keila Vasconcelos, de 33 anos, que percebe a perda de algumas espécies. Para não ter prejuízo, ela defende que é necessário uma equipe de paisagismo que avalie as condições antes do plantio no Parque dos Poderes..

Ainda conforme a empresária, durante suas idas e vindas à região já percebeu a morte de outros tipos de vegetação. "Só pelo nome da cidade ser Campo Grande já deveria ter mais importância", diz.

Keila Vasconcelos, de 33 anos, acredita que uma equipe dedicada ao cuidado do paisagismo resolveria o problema. (Foto: Marcos Maluf)
Keila Vasconcelos, de 33 anos, acredita que uma equipe dedicada ao cuidado do paisagismo resolveria o problema. (Foto: Marcos Maluf)

Paisagista, Maria Luiza Denari, de 56 anos, relata que caminha com frequência pela região e, a princípio, ficou feliz com a implantação das palmeiras. “Hoje fico triste, foram várias plantas mortas. Elas precisam de uma cova bem adubada quando transplantadas”, disse.

Ainda de acordo com a paisagista, as palmeiras em questão são plantas baixas e, em sua opinião, iriam deixar o ambiente mais bonito.

Também acostumada a frequentar o parque, a pedagoga Kátia Graci, de 50 anos, conta que se sente decepcionada com o cenário.

Ela lembra que o Parque dos Poderes é um dos cartões postais da Capital e, por isso, deveria receber mais cuidados e atenção. “Eu gosto de plantas e é uma tristeza vê-las secas assim”, conta.

Fênix - O governo do Estado informa que recebeu as palmeiras já em situação de "desgaste", por isso foi necessário acelerar o plantio, mesmo sob o risco da falta de chuvas, fato que colaborou para algumas não se desenvolvessem como o esperado.

A prefeitura do Parque dos Poderes ainda recorreu a uma poda emergencial, porém não foi possível recuperar. Na avaliação do governo "foi feito o necessário na tentativa de garantir a sobrevivência integral da espécie plantada".


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