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Meio Ambiente

Barragens ficam a 40 km de Corumbá, mas acidente seria fatal ao Pantanal

“São mais de 40 quilômetros, muito tranquilo. Lá em Minas Gerais, foi de 7 quilômetros”, afirma diretor do Imasul

Aline dos Santos | 28/01/2019 13:54
Corumbá está localizada no coração do Pantanal e é banhada pelo rio Paraguai. (Foto: Clovis Neto)
Corumbá está localizada no coração do Pantanal e é banhada pelo rio Paraguai. (Foto: Clovis Neto)

A lama e a dor que correm em Brumadinho (Minas Gerais) põem em alerta os municípios que têm barragem com rejeitos de mineração. Em Mato Grosso do Sul, Corumbá concentra as 16 barragens dessa modalidade existentes no Estado.

No caso de rompimento de uma delas, realidade vivida duas vezes em Minas Gerais no período de três anos, a análise mais tranquilizadora é de que elas ficam a mais de 40 quilômetros da área urbana de Corumbá e sua vizinha Ladário, mas o desastre poderia ser fatal a um ecossistema único: o Pantanal.

Diretor-presidente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Ricardo Eboli Gonçalves Ferreira, que vai liderar uma força-tarefa que fará vistoria nas barragens, afirma que a distância é segura.

“São mais de 40 quilômetros, muito tranquilo. Lá em Minas Gerais, foi de 7 quilômetros”, diz. Sobre o Pantanal, destaca a capacidade da natureza se restabelecer. “Mas muitos danos seriam irreversíveis, principalmente, aos recursos hídricos da região”.

As barragens no município de Corumbá – que pertencem à Vale, mesma empresa das tragédias em Minas Gerais, e MMX -, ficam localizadas nas jazidas dos morros de Santa Cruz e Urucum.

Segundo o diretor do Imasul, a maior barragem é a Gregório, que tem capacidade para 9 milhões de metros cúbicos. Em Brumadinho, a capacidade da estrutura que se rompeu era de 12,7 milhões de metros cúbicos.  

Segundo Ricardo Eboli, barragens têm monitoramento por câmeras e sensores. (Foto: Marina Pacheco)
Segundo Ricardo Eboli, barragens têm monitoramento por câmeras e sensores. (Foto: Marina Pacheco)

Na produção, é usada água para limpar o minério que depois é direcionada para a barragem, quando a exploração da jazida chega ao fim, a estrutura passa a ficar inoperante. Ele explica que a classificação de risco vai de 1 (baixo risco) a 6 (alto risco).

No Mato Grosso do Sul, duas são de médio a alto risco, mas o Imasul não soube fornecer a localização. Em 2015, após a tragédia em Mariana (MG), o instituto liderou missão de vistoria similar, com participação do Ibama, órgão federal responsável pelo licenciamento e fiscalização das barragens em Mato Grosso do Sul. Naquele ano, não foram encontradas irregularidades.

Presente à vistoria de 2015, Ricardo Eboli detalha que o sistema de controle das barragens é de alta tecnologia. “Há câmeras 24 horas apontando para essas barragens e sensores que mostram alteração. Nesse caso de Brumadinho, a gente não sabe se esses sensores falharam ou não, até mesmo porque o centro administrativo de Brumadinho foi arrasado”, afirma.

Fora o período em que se forma a força-tarefa, os monitoramentos são feitos pelo Ibama e ANM (Agência Nacional de Mineração), que substituiu o Departamento Nacional de Produção Mineral.

No balanço das exportações de Mato Grosso do Sul, o minério de ferro ocupa o sétimo lugar e respondeu por 2,5% (144 milhões) dos 5,6 bilhões de dólares exportado pelo Estado entre janeiro e dezembro de 2018. Os lideres são soja e celulose.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Vale e aguarda retorno. Até o fim ada manhã de hoje, a tragédia de Brumadinho contabilizava 60 mortos e 292 desaparecidos.

Imasul fez vistoria em barragens de Corumbá no ano de 2015. (Foto: Marcelo Armôa)
Imasul fez vistoria em barragens de Corumbá no ano de 2015. (Foto: Marcelo Armôa)
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