Cena comum, população também pode ajudar a evitar alagamentos
Nesta quinta-feira, moradores em diversos bairros de Campo Grande sofreram com estragos provocados pela chuva
Sempre que chove com intensidade na Capital, ruas viram rios em diversos pontos de Campo Grande. Mas de quem é culpa?
A engenheira civil Dayane da Fonseca explica ao Campo Grande News que os bueiros recebem a água e as direcionam até os córregos da cidade. No entanto, as estruturas, muitas vezes bloqueadas por lixo, não suportam. Em outros casos, o sistema já não comporta o aumento populacional em determinadas regiões.
Resíduos descartados de forma incorreta nas ruas somada a força da água fazem com que as bocas de lobo percam a eficiência na drenagem. “Isso envolve a questão da consciência da população, a prefeitura faz toda a limpeza, tira folha e entulho, e dois dias depois, a população joga tudo de novo. O poder público não consegue atender 100% do município.”
Na Capital, há serviços agendados diariamente para limpar as estruturas, mas a vazão além do esperado e o acúmulo de lixo podem dificultar a situação. Desta forma, além de obras para ampliar os serviços de drenagem, a engenheira civil destaca a importância em fomentar políticas públicas para evitar descarte irregular, por exemplo.
A gente consegue ter avanço com educação, informação correta, além de obras de melhoria na drenagem do município. A prefeitura e poder público deveriam investir em informação para que as futuras gerações tenham mais consciência do que as antigas”, diz Dayane.
Regiões antigas como o Centro e o entorno ganharam muitos habitantes nas últimas três décadas e as estruturas utilizadas até então não são mais suficientes para dar conta da demanda.
Ela ressalta que o projeto de drenagem é feito considerando diversos fatores, como número de imóveis e população residente, bem como uma estimativa de chuvas. “Em um projeto de drenagem, é feita uma previsão de chuvas dos próximos 10, 30, 50 anos. Depende do projeto, do poder público atual, mas é uma previsão e a gente não consegue ter exatidão.”
Segundo a engenheira, Campo Grande realiza obras para prevenir enchentes na Avenida Ernesto Geisel e há previsão de duas bacias de contenção, para reduzir o fluxo de água.
A natureza também tem comprometido analises mais certeiras. Conforme o meteorologista da Uniderp, Natálio Abrahão Filho, o volume de chuva em agosto já é quase o triplo do esperado para todo o mês em Campo Grande. Enquanto a meteorologia previa 31,4 mm (milímetros), a chuva caiu com força e soma 83,8 mm, ou seja, 267% a mais do que o previsto.
Transtorno - Mais cedo, o Campo Grande News noticiou que, com as chuvas dos últimos dias, ruas nas proximidades da Lagoa Itatiaia, no Bairro Tiradentes, ficaram alagadas nesta quinta-feira (18). Pedestres não entram nem saem das vias, que só podem ser acessadas por meio de carro e com transtornos.
A situação, segundo moradores da região, é recorrente há anos. O motoboy Cássio Augusto, de 22 anos, afirmou que ficou praticamente impossibilitado de trafegar. “Passo aí direto e está um inferno, impossível passar por ali, É complicado, fura pneu, atola, entra água no motor."
O pedreiro Eduardo Gonçalves, de 44 anos, que também pilota motocicleta, relata que sua moto “já afogou na água”. “Não é só a minha moto não. Com quase todo mundo que tenta passar, acontece isso. Só rebocando a moto ou carro para sair.”
Tempo - O tempo instável predomina e a frente fria avança por Mato Grosso do Sul nesta quinta-feira, quando os termômetros podem alcançar os 7ºC até o fim do dia. Em Campo Grande, o dia começou com pancadas de chuva e rajadas de vento, que devem continuar até o fim do dia.
Os termômetros podem chegar aos 26ºC durante à tarde, mas até a noite a mínima prevista é de 11ºC. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta de acumulado de chuva praticamente para todo o Estado até o fim de sexta-feira.