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Meio Ambiente

Com 12 mil animais mortos em rodovias, "Estrada Viva" é esperança

Tatu-peba é o animal que mais morreu, em seguida está o cachorro-do-mato e o jacaré do Pantanal

Izabela Cavalcanti | 11/07/2023 15:09
Tamanduás-bandeira adulto e filhote, mortos no acostamento da BR-262 (Foto: Reprodução/Instagram Bandeiras e Rodovias)
Tamanduás-bandeira adulto e filhote, mortos no acostamento da BR-262 (Foto: Reprodução/Instagram Bandeiras e Rodovias)

De 2017 a 2020, 12.398 animais morreram em atropelamento nas rodovias de Mato Grosso do Sul, conforme último levantamento feito pelo projeto Bandeiras & Rodovias, do Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres). Diante do cenário, o projeto “Estrada Viva” tem sido a esperança para reverter o cenário.

As estradas percorridas para a pesquisa foram: BR-267, BR-262, MS-040 e MS-338. Tatu-peba é a principal vitimas dos veículos. Foram 2.015 mortes; em seguida, está o cachorro-do-mato (1.779); e em terceiro lugar, o jacaré do Pantanal (896).

O Campo Grande News teve acesso a fotos envolvendo mortes de animais, mostrando que o problema é crônico e se estende ainda para a morte de pessoas. Confira na galeria as imagens ao fim da reportagem.

Em uma pesquisa rápida, somente neste ano, a equipe de reportagem noticiou, pelo menos, dez casos. A situação mais recente envolve também a morte de uma pessoa. Adrieli Nunes Barbosa, de 22 anos, faleceu no dia 10 de julho, após bater a moto que pilotava em uma anta, na BR-267, em Nova Andradina, distante 298 quilômetros de Campo Grande.

Já no dia 11 de junho, Miguel América, de 63 anos, morreu após sua irmã, de 54 anos, tentar desviar de um animal na pista e capotar o carro onde estava. O acidente aconteceu na BR-359, em Alcinópolis, a 311 quilômetros de Campo Grande.

Na visão do biólogo e diretor de comunicação e engajamento do S.O.S Pantanal, Gustavo Figueiroa, é preciso ver mais movimentação dos órgãos estaduais e federais.

“A percepção é que tem aumentado, estamos cada vez mais vendo bicho morrendo. É muito preocupante, porque não vemos uma movimentação clara dos órgãos estaduais e federais para fazer isso mudar. Se essas medidas de mitigação têm sido feitas, a gente não tem visto, os especialistas que trabalham nas estradas não têm visto, e os animais e as pessoas continuam morrendo”, destacou

Rodovias estaduais – O projeto Estrada Viva monitora atropelamento de animais silvestres nas rodovias MS-040, MS-178, MS-382, MS-339, MS-345 e MS-450. O objetivo é tornar as estradas mais seguras para os usuários e reduzir o número de atropelamentos e mortalidade de animais.

Em um dos exemplos para mitigar a situação está o projeto “Bonito Não Atropela”, que já foi entregue à Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) em 2021. São recomendações técnicas de medidas de mitigação para redução de atropelamento de Fauna, na MS-345. A rodovia conecta os municípios de Bonito e Anastácio.

Sobreposição de dados do Projeto Estrada Viva, trechos prioritários para mitigação e recomendação de implementação de medidas na MS-345 (Foto: Reprodução/Projet Bonito Não Atropela)
Sobreposição de dados do Projeto Estrada Viva, trechos prioritários para mitigação e recomendação de implementação de medidas na MS-345 (Foto: Reprodução/Projet Bonito Não Atropela)

O documento é uma iniciativa voluntária de empresas e organizações não governamentais formados pelo Instituto Raquel Machado, ViaFAUNA Estudos Ambientais Ltda., Ampara Silvestre, Rede Pró-UC, Instituto de Conservação de Animais Silvestres, Fundação Neotrópica do Brasil, Movimento Unidos da Serra da Bodoquena.

Apesar de Bonito ser conhecida como a capital do Ecoturismo Brasileiro, as instituições reconhecem que o município não tem iniciativas que combatem com as perdas de biodiversidade.

Exemplo da porção inferior da cerca do tipo saia com 40 centímetros (Foto: Reprodução/Projeto Bonito Não Atropela)
Exemplo da porção inferior da cerca do tipo saia com 40 centímetros (Foto: Reprodução/Projeto Bonito Não Atropela)

Com isso, é recomendado a instalação de quatro passagens superiores de Fauna para animais arborícolas; instalação de ao menos três passagens inferiores de fauna e cercamento associado; adequação de cinco pontes existentes; adequação de um bueiro existente; instalação de ondulações transversais e placas verticais de advertência para sinalização de travessia de fauna.

A cerca recomendada deve ser instalada próxima às passagens inferiores numa extensão mínima de 500 metros de cada lado, com altura entre 1,70 a 2 metros.




Para a rodovia MS-382, entre o Trecho da Gruta do Lago Azul, próximo à área urbana do Município de Bonito, até a Ponte sobre o Córrego Seco. É recomendada a adoção de três novas passagens inferiores de fauna totalmente seca com o dimensionamento mínimo de 2 x 2 metros.

Este dimensionamento é compatível com a travessia de médios e grandes mamíferos presentes na região, como antas, onças, tamanduás, veados, além de quatis, cachorro-do-mato, entre outras espécies.

Ainda conforme o estudo, é recomendável também um tipo de passagem superior mais robusto, uma vez que a estrutura deverá contar com postes de sustentação independentes, como postes de madeira, fibra de vidro, concreto ou perfis metálicos.

Além disso, também foi enviado ofício à Agesul para a implementação de ondulações transversais, em trecho experimental da MS-178 entre os km 39 e 45.

Confira a galeria de imagens:

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