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Meio Ambiente

Governo autoriza aceiros com até 50 metros para combater fogo no Pantanal

Medida visa conter o avanço das chamas em meio a situação climática rara no Mato Grosso do Sul

Por Jhefferson Gamarra e Fernanda Palheta | 27/06/2024 09:10
Governador Eduardo Riedel ao lado de autoridades reponsáveis pelo monitoramento das queimadas no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)
Governador Eduardo Riedel ao lado de autoridades reponsáveis pelo monitoramento das queimadas no Pantanal (Foto: Henrique Kawaminami)

Em uma decisão emergencial, o governo autorizou a ampliação dos aceiros no Pantanal, permitindo a abertura de até 50 metros para conter os incêndios que se alastram pela região. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (27), durante o primeiro evento de divulgação de dados sobre incêndios florestais no Pantanal, realizado na sala do Cicoe (Centro Integrado de Comando e Controle Estadual).

O governador Eduardo Riedel (PSDB) fez a abertura do evento e destacou a decisão de realizar a live semanalmente serve para para combater a desinformação e garantir transparência sobre a situação das queimadas que se alastram pelo bioma. Segundo ele, a iniciativa visa informar corretamente a população e evitar confusões que possam prejudicar as operações de combate aos incêndios.

"A gente tem visto muita especulação em torno do assunto sobre as queimadas no Pantanal, então tomamos a decisão de fazer semanalmente um live para que as pessoas responsáveis por monitorar, controlar e agir em cima dessa questão venham aqui semanalmente apresentar a evolução dos trabalhos, para evitar desinformação, por que isso confunde as pessoas e atrapalha o resultado dos trabalhos", afirmou o governador.

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação durante o anuncio da medida (Foto: Henrique Kawaminami)
Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação durante o anuncio da medida (Foto: Henrique Kawaminami)

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, explicou que a decisão partiu do Corpo de Bombeiros, sendo uma medida importante para o combate ao fogo. "Ontem o Cicoe tomou a decisão de ampliar a possibilidade dos aceiros do Pantanal, até então a legislação estabelecia que o produtor rural poderia fazer no máximo 6 metros de aceiro e ontem nós publicamos uma ampliação", disse.

O secretário detalhou a importância dos aceiros no combate aos incêndios que se alastram pelo bioma. Com a medida os proprietário de fazendas e demais agentes de combate ao fogo poderá abrir faixas ao longo de divisas, cercas e áreas de vegetação nativa com até 30 metros.

 "Você tem as propriedades rurais ou estrada com pasto e capim em qualquer dos dois lados. Então você tem muita dificuldade de reter o fogo ali. Já era autorizado fazer aceiro de 6 metros. O produtor rural pegava a sua máquina com uma esteira e abria 6 metros na beira da sua cerca para exatamente evitar que o fogo chegasse. Isso sempre estava permitido. O que o bombeiro constatou agora é que esse aceiro de 6 metros, dadas as condições climáticas, ele é muito pequeno. Só que se alguém fizesse 7, seria autuado, porque não pode. Então ontem nós liberamos esse aceiro até 30 metros, para esse período", frisou.

A medida terá validade por 180 dias, com objetivo de conter os incêndios até novembro deste ano. "Depois desse período precisa voltar ao que está na legislação, que são 6 metros. Porque ele é utilizado normalmente para limpeza, para passar com carro e não para fogo", acrescentou Verruck.

Aceiro aberto para evitar a propagação do fogo no Pantanal (Foto: Alex Machado)
Aceiro aberto para evitar a propagação do fogo no Pantanal (Foto: Alex Machado)

A situação enfrentada no Pantanal é considerada rara e sem precedentes devido às condições climáticas atípicas enfrentadas em Mato Grosso do Sul, que anteciparam o período de queimadas em 2024.

"Nós estamos numa situação climática severa, o Inpe até destaca ela como rara. Ela tem um processo que aconteceu praticamente só em 1941. Então é classificada como rara porque é mais severa do que 2020. Todas as condições presentes no Pantanal, como nível de biomassa para queima, são maiores do que 2020, a seca é mais prolongada que 2020 e o volume de chuva está abaixo da média histórica dos últimos 10 anos. Então todas as condições para a possibilidade de um incêndio florestal são extremamente adversas", concluiu o secretário.

Combate aos incêndios - Para reduzir os focos de incêndio no Pantanal, o Corpo de Bombeiros segue com várias ações de combate e monitoramento do fogo na região. Na última quarta-feira (26), foram realizados vários sobrevoos e ações de campo em áreas como Maracangalha, Baía do Castelo e nas proximidades dos rios Miranda e Abobral.

Brigadistas empenhados no combate ao fogo no Pantanal (Foto: Alex Machado)
Brigadistas empenhados no combate ao fogo no Pantanal (Foto: Alex Machado)

O boletim informa que entre o Rio Miranda e o Rio Abobral, duas guarnições realizaram o combate ao fogo durante todo o dia e noite. Quatro aeronaves Air Tractor foram empregadas próximas à Fazenda Baía Mondego, com o auxílio das equipes do Prevfogo, resultando na ausência de focos de incêndio na região nesta quarta-feira.

Após sobrevoo na região da Baía do Castelo, foi necessário mobilizar as equipes para infiltração por meio de aeronave. "Utilizamos helicópteros para transportar duas guarnições, que estão realizando o combate, combinado com a atuação de três aeronaves Air Tractors", informou o Corpo de Bombeiros.

Ao norte do Rio Abobral, as equipes continuam controlando o foco presente na área e monitorando os arredores para evitar a propagação. Nas proximidades da Fazenda Bodoquena, duas novas equipes, com três militares cada, chegaram ao local para reforçar os trabalhos de combate e prevenção desde as primeiras horas do dia.

Na região norte, próximo ao Rio Taquari, foram feitos sobrevoos utilizando a aeronave Air Track para reconhecimento da área. Desde terça-feira, uma nova equipe de militares assumiu as atividades de combate ao fogo na região.

Para a região de Maracangalha, equipes em solo continuam trabalhando em conjunto com a aeronave Air Tractor, realizando ações de monitoramento na área. Já na região da BR-262, próximo à ponte do Rio Paraguai, não há mais focos ativos, com a situação sob controle e apenas pontos de calor na área queimada sendo monitorados.

Para reforçar os trabalhos dos bombeiros de Mato Grosso do Sul, duas equipes da Força Nacional estão se deslocando ao Pantanal em 27 viaturas, com 80 integrantes. Um grupo de 42 bombeiros saiu de Brasília e mais 40 seguiram do Rio Grande do Sul, ambos indo diretamente para Corumbá.


(*) Matéria atualizada em 28/06 às 8h para correção de informação. O decreto publicado sobre a permissão de aumento dos aceiros foi de 50 metros, ou seja, 20 metros a mais do que o anunciado previamente pelo secretário de meio ambiente. 

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