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Meio Ambiente

MS perdeu 30% da superfície de água em 38 anos

Ao todo, 263 mil hectares de área hídrica foram "para o ralo"; Corumbá e Aquidauana lideram as maiores perdas

Por Jhefferson Gamarra | 26/06/2024 12:21
Jacarés às margens de rio em Corumbá (Foto: Alex Machado)
Jacarés às margens de rio em Corumbá (Foto: Alex Machado)

A superfície de água em Mato Grosso do Sul sofreu uma redução alarmante de 30% ao longo dos últimos 38 anos, de acordo com um levantamento do MapBiomas divulgado nesta quarta-feira (26). Desde 1985, o estado perdeu 263 mil hectares de área hídrica, com as cidades de Corumbá e Aquidauana sendo as mais afetadas.

O estudo revela que, em 2023, a superfície de água no Brasil esteve abaixo da média histórica, cobrindo apenas 18,3 milhões de hectares, o equivalente a 2% do território nacional. Esta área representa uma queda de 1,5% em relação à média histórica desde 1985. Todos os meses de 2023 apresentaram perdas em comparação com 2022, inclusive durante a estação chuvosa. A última retração significativa da superfície hídrica no Brasil havia sido em 2021, com uma redução de 7%.

Dos 10 estados que apresentaram a superfície de água em 2023 abaixo da média histórica, Mato Grosso do Sul se destacou negativamente como o segundo com maiores perdas, ficando atrás apenas de Mato Grosso, que perdeu 274 mil hectares.

Representação de estados que tiveram as maiores perdas a nível nacional (Imagem: Reprodução/Mapbiomas)
Representação de estados que tiveram as maiores perdas a nível nacional (Imagem: Reprodução/Mapbiomas)

"Enquanto o Cerrado e a Caatinga estão experimentando aumento na superfície da água devido à criação de hidrelétricas e reservatórios, outros, como a Amazônia e o Pantanal, enfrentam uma grave redução hídrica, levando a significativos impactos ecológicos, sociais e econômicos. Essas tendências agravadas pelas mudanças climáticas ressaltam a necessidade urgente de estratégias adaptativas de gestão hídrica", destaca Juliano Schirmbeck, coordenador Técnico do MapBiomas.

No cenário nacional, 53% dos municípios brasileiros (2.925) apresentaram uma superfície de água em 2023 abaixo da média histórica. Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense, lidera de forma disparada o ranking das maiores perdas, com uma redução de 261.313 hectares, o que representa uma diminuição de 53% na sua superfície de água. Aquidauana, também no Pantanal, figura em 6º entre os 20 municípios com maiores perdas, registrando uma redução de 41.369 hectares ao longo de 38 anos.

Projeção de perdas de área alagada no Pantanal de 1985 a 2023 (Imagem: Reprodulção/Mapbiomas)
Projeção de perdas de área alagada no Pantanal de 1985 a 2023 (Imagem: Reprodulção/Mapbiomas)

O Pantanal, em particular, foi o bioma que mais sofreu com a redução da superfície de água, com uma diminuição de 61% em relação à média histórica. Em 2023, apenas 382 mil hectares, ou 2,6% do bioma, estavam cobertos por água, representando uma situação alarmante para a região que é crucial para a biodiversidade brasileira. "Em 2024, nós não tivemos o pico de cheia. O ano registra um pico de seca, que deve se estender até setembro. O Pantanal em extrema seca já enfrenta incêndios de difícil controle", ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.

A análise da situação dos corpos hídricos em relação à média histórica revela um cenário preocupante em diversos biomas. No Pantanal, há uma redução de 61%, enquanto o Cerrado, considerando apenas os corpos hídricos naturais, apresenta uma diminuição de 53,4%. No Pampa, a queda é de 40% e na Amazônia, de 27,5%. Em contraste, a Caatinga teve um aumento de 6% e a Mata Atlântica, de 3%.

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