Manifestantes fazem ato para barrar desmatamento do Parque dos Poderes
Grupo fez ato simbólico e protocolou pedido para Justiça barrar a homologação que autoriza o desmate do parque
Na tarde desta quarta-feira (5), quando é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, manifestantes se reuniram em frente ao Fórum Heitor Medeiros, na Capital, para um ato público em prol da preservação da vegetação nativa do Parque dos Poderes.
O grupo realizou um ato simbólico e protocolou um pedido à Justiça para barrar a homologação que autoriza o desmate de 10 hectares de vegetação, visando a ampliação de estacionamentos de oito secretarias estaduais e a construção do novo Palácio da Justiça. O ato foi promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pelos Juristas pela Democracia.
“Hoje, no Dia Mundial do Meio Ambiente, protocolamos um pedido de produção de provas, requerendo que o juiz exija que o Estado apresente um estudo de impacto ambiental, detalhando os impactos desse desmatamento e as medidas mitigadoras e compensatórias”, explica a advogada e ambientalista Giselle Marques, que representa os Juristas pela Democracia.
Entre as solicitações apresentadas no documento, o grupo de ambientalistas também requer a inclusão do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) no processo. “Há um laudo de cientistas que afirma que, além do Cerrado, há vegetação remanescente de Mata Atlântica no local. Isso atrai a competência do Ibama para decidir sobre o pedido de desmatamento”, comenta Giselle.
Até o momento, os ambientalistas conseguiram duas vitórias importantes: no dia 8 de maio, foi anulada a sentença que homologava o acordo entre o Ministério Público e o Estado de Mato Grosso do Sul, autorizando o desmatamento. O Estado recorreu, por meio de um Agravo de Instrumento, mas não conseguiu o efeito suspensivo, que foi negado pelo Tribunal de Justiça no dia 24 de maio de 2024.
Apesar dessas vitórias, Giselle ressalta que o processo está longe de terminar e que a expectativa dos ambientalistas é que a população continue a se mobilizar para impedir o desmatamento. “Se não tivermos vitória, este processo judicial permitirá o desmatamento e praticamente a descaracterização do Parque dos Poderes, que é um símbolo para nós. Quando você traz um turista a Campo Grande, você o leva ao parque. Agora, levará para ver estacionamento, não para ver o Palácio da Justiça".
Luta pela preservação - Cerca de 35 pessoas participaram do ato, manifestando-se contra o desmatamento da vegetação nativa do Parque dos Poderes. Entre eles estava o economista Ari Ferreira Jr., de 26 anos, que também se mostrou preocupado com a questão.
“Uma cidade que, dia após dia, tem cada vez mais prédios, precisa desse ponto de resiliência. Acredito que essa luta é essencial. Manter esse parque é importante para as futuras gerações, pois proporciona um ambiente de melhor qualidade de ar e espaços verdes”, opina Ari.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) também esteve presente e reiterou a importância da preservação da vegetação nativa do Parque dos Poderes para a Capital. Ela destacou que a região é crucial para a regulação climática.
“A região do Parque dos Poderes e do Parque Estadual das Nações Indígenas é a maior ilha de frescor da cidade. Não sou apenas eu quem diz isso, mas um cientista pós-doutor da UFMS. A segunda melhor é a Mata do Segredo. Além disso, Mato Grosso do Sul, incluindo Campo Grande, possui cidades listadas como de risco para eventos climáticos extremos, seja de calor ou de chuva. É responsabilidade de todos, mas é especialmente importante que as autoridades assumam essa responsabilidade”, comenta Luiza.
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