Prefeito é dono de fazenda multada em R$ 520 mil por degradação ambiental
O prefeito de Bonito - distante 257 km de Campo Grande, Leonel Lemos (PT do B) é proprietário da fazenda Arco Íris, onde a PMA (Polícia Militar Ambiental) encontrou uma séria de irregularidades e danos ambientais. Ele foi multado em R$ 520 mil por degradação de várzea e nascentes do rio da Prata, desmatamento e por enterrar a madeira.
Na cidade conhecida internacionalmente como melhor destino de ecoturismo sustentável do país, se acumulam as denúncias de irregularidade ambiental. Na segunda-feira (16), outro proprietário foi multado em R$ 13 milhões por desmatar e degradar nascentes de rio.
A fazenda está em nome do prefeito e inclusive foi declarada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) como parte de seus bens, na campanha de 2012. Na época, ele alegou que tinha quotas de capital na propriedade avaliada em R$ 1.224 bilhão.
De acordo com a PMA, as irregularidades foram percebidas a princípio, em imagens aéreas. No local, os policiais constataram que o prefeito causou danos em 8,5 hectares da propriedade.
Entre os danos ambientais, havia criação de gado dentro da APP (Área de Preservação Permanente). Não havia cercamento das áreas protegidas do córrego Turvo, afluente do rio da Prata, que estavam sendo pisoteadas e degradadas.
Foram encontradas embalagens de agrotóxicos espalhadas em vários prontos da fazenda. Além disso, havia desmatamento. Árvores foram derrubadas e a madeira enterrada para encobrir a infração ambiental. Em algumas valas parte da madeira encontrava-se descoberta, segundo a PMA.
Recorrente - A divulgação da irregularidade e multa acontece duas semanas depois de moradores de Bonito denunciarem a existência de esgoto e lixo a céu aberto. Em uma cidade, considerada paraíso ecológico, a denúncia de danos ambientais tem proporções maiores.
De acordo com o promotor titular da 2ª Promotoria de Justiça de Bonito, Matheus Macedo Cartapatti, o Ministério Público ainda não recebeu o auto de infração da PMA. "Assim que recebermos, vamos analisar e se for comprovado que há indícios infrigentes de normas administrativas e criminais, o ministério vai instaurar inquérito civil e o proprietário da fazenda vai ser chamado para prestar esclarecimento", afirma.
Ainda conforme o promotor, o crime ambiental cometido por ele, diz respeito a vida privada e não a vida política. "Ele será julgado como o dono da fazenda e não como prefeito, mas é claro que por ele ser uma personalidade pública, a exibição do caso é maior".
Outro lado - Ontem, a prefeitura de Bonito publicou uma nota onde o prefeito se defende dizendo que "as valetas que existem na propriedade foram feitas há mais de 30 anos", mas que "todas estão recuperadas por vegetação nativa, cercada e sem uso a mais de 20 anos".
Ele admitiu que a fazenda foi notificada por depósito irregular de vasilhames vazios de agrotóxicos, mas que o problema "já resolvido!". "Reconheço que houve falhas no manejo de nossa área, mas não posso aceitar ser responsabilizado pelos danos ambientais de outros, e isso só reforça minha disposição de lutar pela manutenção de nossos bens naturais".
O prefeito foi procurado pelo Campo Grande News hoje, porém as ligações foram encaminhadas para a caixa postas e não foram retornadas até o fechamento desta matéria.