Sem previsão para a semana, Dourados tem 3º mês seguido de pouca chuva
Assim como fevereiro e março, abril tem apenas 30% do volume de chuva esperado
Dourados (a 233 km de Campo Grande) terá o terceiro mês seguido de pouca chuva. Sem previsão para esta semana, o quarto mês de 2021 deve terminar com pouco mais de 30% dos 109 milímetros registrados, em média, em abril.
Conforme o Guia Clima, da Embrapa Agropecuária Oeste, do dia 1º até hoje foram apenas 37 milímetros de precipitação. Como não há previsão de chuva até o final de semana, abril deve repetir fevereiro e março e terminar com apenas um terço da precipitação esperada.
Fato curioso é que os três meses de estiagem ocorrem justamente após o janeiro mais chuvoso nos 42 anos de existência do serviço meteorológico da Embrapa em Dourados. O primeiro mês de 2021 teve 345 milímetros, mais que o dobro dos 167 mm esperados.
Em fevereiro, o volume esperado era de 149 milímetros, mas choveram apenas 46,8. No mês seguinte, de novo a estiagem se repetiu. Dos 137 milímetros esperados, choveram apenas 39,5.
Conforme a Embrapa, nas quatro décadas de monitoramento climático em Dourados, março teve chuvas inferiores a 50 mm apenas em três anos: 1991 (40 mm), 2003 (47 mm) e 2005 (35 mm).
Descontando a quantidade de chuva registrada de janeiro até hoje e o volume esperado para os quatro meses, a precipitação do primeiro quadrimestre de 2021 está quase cem milímetros abaixo da média.
La Niña - “Nesse primeiro quadrimestre de 2021 estivemos sobre a influência do fenômeno climático La Niña. Na nossa região, La Niña tende a reduzir o volume das chuvas. Este fenômeno está perdendo força e é esperado que sua influência se encerre a partir de maio”, disse ao Campo Grande News o agrometeorologista Ricardo Fietz, pesquisador da Embrapa.
Segundo ele, na região de Dourados o maior problema foi a distribuição das chuvas. “Na média dos 42 anos, chove no primeiro quadrimestre 562 mm. No primeiro quadrimestre de 2021 choveu 470 mm, 80% dessa média. No entanto, a chuva ficou concentrada em janeiro, com quase 400 mm”.
Ricardo Fietz afirma que os solos da região armazenam pouca água, apesar do seu alto teor de argila. “Assim, as chuvas mais frequentes, bem distribuídas ao longo do tempo, são as ideais. Chuvas concentradas, como ocorreu nesse quadrimestre, não são desejáveis”.