“Quero ver este pastor bem longe”, diz prefeito que teve conversa gravada
“Quero ver este pastor bem longe”, diz o prefeito de Maracaju, Maurilio Ferreira Azambuja (PMDB), a respeito de Jairo Fernandes Silveira, líder evangélico que gravou conversa de deputados estaduais em que é revelada uma possível tentativa de fraudar folha de ponto dos servidores da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
É que em Maracaju ocorreu história semelhante, envolvendo até a polícia. Uma conversa entre o prefeito e o pastor teria motivado uma chantagem posterior.
Na conversa, segundo informações registadas na Polícia Civil, o prefeito e o pastor falam sobre a relação de Maurílio com um promotor público e com vereadores. O prefeito confirma que recebeu o pastor em seu gabinete, mas diz não se lembrar a data.
Em setembro, o prefeito prestou declarações sobre a gravação na Delegacia de Polícia de Maracaju. Negou qualquer ilegalidade no conteúdo da conversa e revelou que Jairo tentou vender o material por pelo menos R$ 20 mil.
Consta no depoimento que "caso não fosse pago ele (pastor) iria divulgar o áudio de maneira a prejudicar" o prefeito durante o período eleitoral – Maurílio disputou a reeleição este ano e venceu. Para o peemedebista, o conteúdo, além de de ter sido gravado sem autorização, foi "deturpado e tem configurado difamação" contra ele.
Em entrevista ao Campo Grande News nesta sexta-feira (4), o prefeito não soube dizer quem o pastor teria procurado na tentativa de vender a gravação, somente que seriam adversários políticos. "Não cometi nenhuma irregularidade. Só quero ficar longe do pastor”.
Sem citar nomes de quem mais teria sido chantageado e os motivos, Maurílio afirma que, em Maracaju, Jairo “procura várias pessoas para tentar levar vantagem”.
Segundo o prefeito, o pastor Jairo costuma gravar as pessoas. “Ele chama para reunião e grava. Com toda a certeza para levar vantagem em alguma coisa. É rotina dele. Ele procurou outras pessoas, não a mim. Sempre foi uma pessoa ligada a Deus, mas acho que o Deus dele é outro".
Ao Campo Grande News, o líder religioso havia dito que, entre 17 denúncias que levou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), está a conversa envolvendo o prefeito de Maracaju.
Jairo admite que gravou o diálogo, porque, segundo ele, costuma adotar o procedimento para se resguardar, negando que usaria os diálogos para tentar extorquir alguém. Contrário do que diz o chefe do Executivo Municipal, o pastor fala que o prefeito costuma sempre procurá-lo em busca de apoio, como na eleição deste ano.
A reportagem procurou Amylcar Eduardo Romero, delegado da Delegacia de Polícia de Maracaju, que colheu o depoimento do prefeito. No telefone fixo, a informação é de que ele não estaria no local, enquanto o celular funcional deu sinal de desligado.
Assembleia - Na gravação espalhada semana passada nas redes sociais sobre a casa de leis, os deputados falam sobre possibilidade de fraudar folhas de pontos de funcionários da Assembleia. De lá para cá, os deputados já se manifestaram, tentando se justificar do ocorrido.
Corrêa fala que queria dizer ponto “manuscrito” ao dizer “fictício”, enquanto Orro afirma que, no momento da ligação, não entendeu o motivo da conversa e que mantém o controle de frequência de seus funcionários em dia.
Já o pastor nega ter tentado extorquir os deputados e fala que demorou um ano e cinco meses para denunciar a história, pois estava com medo de ser chamado de chantagista e de represálias.