Ação do MPE vira "munição" para vereadores criticarem Alcides Bernal
O pedido de afastamento do prefeito Alcides Bernal (PP), feito pelo promotor de Justiça Alexandre Capiberibe Saldanha, serviu como munição para os vereadores retomarem as criticas ao progressista, numa demonstração de que a aproximação e o diálogo pregado por Bernal no seu retorno ao comando da Prefeitura, na prática não vem se sustentando.
“Estamos no Outubro Rosa, mas parece que lá pelo lado da Afonso Pena o outubro está negro ou vermelho, porque hoje sai matéria no jornal com o prefeito se posicionando favorável e cobrando o afastamento de 17 vereadores. Essa é a forma de Bernal governar, é atacando”, afirmou o vereador Airton Saraiva (DEM). Assim como muitos outros vereadores, ele aproveita o momento para dizer que esse procedimento do MPE (Ministério Público Estadual) só reforça que a Câmara Municipal estava certa em criar a CPI do Calote e cassar o prefeito Alcides Bernal.
Outro que afirma que os vereadores estavam certos em decidir pela cassação de Bernal é o vereador Chiquinho Telles (PSD). “O MPE atestou que ele tem que ser afastado imediatamente, baseado na conclusão da CPI e obrigado e devolver quase R$ 14 milhões aos cofres públicos”, afirmou ele. Flávio César (PT do B), que preside a Câmara com o afastamento por determinação judicial do vereador Mário César (PMDB), diz que o afastamento de Bernal do comando da Prefeitura não se deu “da noite para o dia”, é resultado de um ano e três meses de apuração, começando em janeiro de 2013.
“Foram várias denúncias que culminaram com a CPI do Calote e encerrou com todo o trabalho da processante e mais uma vez o MPE vem pedindo o afastamento imediato do Bernal”, afirmou Flávio César. A vereadora Carla Stephanini engrossa o coro dos vereadores que voltaram a atacar o prefeito. “Em Campo Grande nunca faltou merenda, mas a partir de 2013 as coisas mudaram e para muito pior. Em relação a limpeza das unidades de saúde, muito me estranhava que uma empresa que foi objeto de cassação do prefeito continuar contratada”. Ela se referia a Mega Serv, contratada por Bernal no início da sua administração, para fazer a limpeza das unidades de saúde.
As denúncias feitas à época e que motivaram a criação da CPI do Calote era de que Bernal deixou de pagar os fornecedores que já prestavam serviço à administração, para que assim fosse criada toda uma situação que permitisse a contratação de novas empresas sem licitação, sob o argumento da necessidade urgente. O pedido de cassação de Alcides Bernal, solicitado na semana passada pelo promotor Alexandre Saldanha, da 30ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público, é com relação a contratação da Mega Serv.
Alcides Bernal, que retornou ao cargo de prefeito no dia 27 de agosto deste ano amparado por uma liminar, já se manifestou sobre o ato do promotor. Ele diz que esse assunto já foi objeto de processo que foi julgado improcedentes. Bernal diz ainda, que o MPE está reeditando um tema que já foi encerrada. Além disso, Bernal afirma que a contratação da Mega Serv gerou economia para o município.