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Política

Ala da esquerda repudia “ataque” a indígenas no Planalto Central

Confronto praticado pela Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados fez políticos questionarem a democracia

Gabriela Couto | 23/06/2021 12:01
Indígenas que protestam contra projeto de lei que vai impactar suas comunidades foram recebidos com balas de borra, spray de pimenta e gás lacrimogênio na tarde de ontem em Brasília (Foto Instragram)
Indígenas que protestam contra projeto de lei que vai impactar suas comunidades foram recebidos com balas de borra, spray de pimenta e gás lacrimogênio na tarde de ontem em Brasília (Foto Instragram)

“Inaceitável”, disse o deputado estadual Pedro Kemp (PT) sobre o episódio de ontem (22) em frente a Câmara dos Deputados, em Brasília, envolvendo a Polícia Legislativa e os indígenas de diversas etnias que protestavam contra a aprovação dos projetos de leis 490/2007 e 6.818/2013.

“Eu repudio o presidente da Câmara que achou normal a ação da Polícia Legislativa. A Câmara tem que por obrigação abrir a Casa de Leis para ouvir os povos indígenas, para não ter aprovação de projetos a toque de caixa que podem ter grandes impactos para eles”, afirmou Kemp.

Segundo o deputado, além da brutalidade contra os indígenas, tais projetos são uma afronta à Constituição Federal e atacam direitos já consagrados. “Em 1988 a Constituição trouxe no artigo 231 e 232 uma evolução extraordinária na defesa dos povos, mas esses projetos que tramitam são verdadeiros ataques. O Ministério Público Federal já declarou que são inconstitucionais”, lamentou.

Apesar da Assembleia possuir bancada ruralista e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, nenhum dos representantes se posicionaram ou apartearam a fala do petista durante a palavra livre dele.

Já na esfera federal apenas os representantes da esquerda se posicionaram nas suas redes sociais sobre o caso. O deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT) detalhou a situação para seus seguidores com imagens do vídeo do confronto.

“A polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar um grupo de indígenas em frente à Câmara dos Deputados, uma nuvem de fumaça cobriu o espaço, impedindo que o grupo entrasse no local. O protesto era contra a votação do PL 490, que estava em debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o projeto dificulta a demarcação de terras indígenas. Devido a situação da manifestação a reunião da CCJ foi encerrada”, explicou o parlamentar.

Segundo Dagoberto, o PDT está trabalhando para impedir a votação do projeto neste momento do país. “Nada justifica o uso desnecessário da força policial, pela nossa constituição, no sistema democrático, todos possuem o direito ao protesto. Nossa solidariedade às comunidades indígenas!”

O deputado federal Vander Loubet (PT) também estampou a foto desta matéria no Instagram dele e classificou como cenas lamentáveis.

“Em pleno século XXI não cabe mais essa truculência, nem contra os indígenas, nem contra ninguém. É preciso regular o uso desse tipo de força e coibir esses exageros. Toda a nação que deseja crescer e se desenvolver precisa garantir dignidade aos seus povos originários. Por isso, aos nossos irmãos e irmãs indígenas, todo o meu apoio e solidariedade”, destacou Loubet.

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