Cada um para um lado! Bloco bolsonarista "racha" em eleições municipais
Os nomes mais conhecidos do bolsonarismo em MS se dividem entre 3 candidaturas na Capital e até a neutralidade
As eleições municipais de 2024 em Campo Grande vieram para rachar de vez o bloco que marchou junto ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) em 2022. Na ocasião, o peso eleitoral do ex-chefe do Executivo nacional fez diversos nomes da política sul-mato-grossense se aglutinarem ao seu redor, dando certa uniformidade aos discursos e elegendo figuras desconhecidas no cenário político estadual.
O único bolsonarista que caminhou praticamente sozinho em 2022 foi o ex-deputado estadual Renan Contar, o Capitão Contar (PRTB), que chegou ao segundo turno de forma surpreendente contra o atual governador Eduardo Riedel (PSDB), mas se apresentando como como aliado do ex-presidente e defensor de suas ideias.
Os dois, inclusive, disputaram o apoio de Bolsonaro, principalmente após comentário em pleno debate presidencial dele dizendo que apoiaria Contar. Foi necessário um novo vídeo gravado por Bolsonaro falando que, em Mato Grosso do Sul, não tinha candidato predileto e que ficaria neutro na disputa.
Neste ano, já se desenhou bastante bem o apoio dos bolsonaristas na corrida eleitoral da Capital, e nem todos irão apoiar o mesmo candidato de Bolsonaro.
O próprio Capitão Contar decidiu, em convenção, que não irá apoiar nenhum candidato. Porém, mesmo sem apoio formal, Contar disse que não descarta um apoio verbal e analisou o nome de três possíveis apoiados: Rose Modesto (União), Beto Pereira (PSDB) e Adriane Lopes (PP).
“Rose é uma mulher guerreira que me apoiou no segundo turno e que tem um time muito bom. A Adriane está buscando a reeleição e tem ao lado dela a senadora Tereza (PP), que é uma referência e tem o Beto Pereira (PSDB), que tem o apoio do Bolsonaro”.
Oficialmente, o ex-presidente e seu partido, o PL, estão apoiando o deputado federal Beto Pereira. Inclusive, a legenda indicou a vice na chapa, Neidy Nunes Barbosa, a Coronel Neidy (PL). Porém, nem todos os nomes do PL irão apoiar o tucano.
O principal exemplo de dissidência é do deputado federal Marcos Pollon (PL). O político, ligado à família Bolsonaro desde antes da sua eleição, foi rifado da presidência estadual do partido após contrariar a direção nacional e tentar barrar o apoio a Beto publicamente.
O parlamentar chegou a se colocar como pré-candidato e disse que não votaria “nem na mãe” se ela fosse do PSDB. "Lembra daquele cara lá atrás que falou que não votava nem na mãe se ela estivesse no PSDB? Vocês lembram daquele cara que cortou a melancia e falou que melancia no PL só em cima da mesa? Então, esse cara sou eu", disse o deputado.
Escanteado, Pollon segue “sumido” das redes sociais e terá, provavelmente, posição de neutralidade nas eleições. Outros membros do PL que não estão se manifestando sobre apoio explícito são o deputado estadual João Henrique Catan (PL) e o deputado Rodolfo Nogueira (PL), esse último, no entando, tem a esposa, Gianni Nogueira, como vice na chapa tucana em Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Catan tentou se colocar como candidato, mas na disputa com Pollon, mesmo antes da confusão que o tirou da presidência, não conseguiu se viabilizar.
Quem mantém o apoio inabalável é o deputado estadual Carlos Alberto David Dos Santos, o Coronel David (PL), que foi grande entusiasta de Neidy como vice. “Meu apoio ao projeto estabelecido em Campo Grande vai muito além da minha amizade e admiração pela coronel Neidy. Eu sou bem claro nas minhas posições. E o que foi estabelecido pelo presidente do PL Valdemar da Costa Neto e pelo presidente Bolsonaro é o apoio ao Beto para prefeito”.
Sobre os bolsonaristas que não apoiam o candidato indicado por Bolsonaro, o deputado é bem direto. “Eles que se expliquem ao Bolsonaro e ao PL nacional. O presidente Bolsonaro e o PL querem eleger o maior número de prefeitos e vereadores pelo país. Essa base é fundamental para o objetivo maior que é a eleição do Bolsonaro a presidente em 2026. Em 2026 a intenção também é eleger o maior número de senadores para que tenhamos número de votos suficientes”.
O PL ainda conta com a candidatura do ex-deputado estadual cassado Rafael Tavares como candidato a vereador. Em suas redes sociais o político se restringe a falar de si, mas apoia discretamente e de forma implícita, Beto Pereira.
Já parte do bolsonarismo sul-mato-grossense se acomoda no PP, que tem como protagonista a senadora Tereza Cristina (PP). Ela é a principal fiadora da candidatura à reeleição de Adriane Lopes (PP) e tentou, até o último instante, fechar apoio de Bolsonaro, mas não conseguiu.
Tanto ela quanto o partido se sentiram “traídos” pelo ex-presidente, porque a expectativa de apoio dele era baseada em acordo pré-estabelecidos que não se concretizaram. Adriane Lopes chegou a dizer durante lançamento da pré-campanha que “era mais fácil desfazer acordo com mulher”, em referência clara ao fato do PL ter ido com Beto Pereira.
O vice escolhido por Adriane também é considerado bolsonarista “de carteirinha”. O deputado federal Luiz Ovando (PP) vai estar na cabeça de chapa da prefeita e do lado oposto a Bolsonaro.
Já o vereador por Campo Grande, Alírio Villasanti, o Coronel Villasanti (União) é, inclusive, de um partido da base de apoio do presidente Lula (PT), o União Brasil. Em Campo Grande, Villasanti apoia a candidata Rose Modesto (União).
“Por fidelidade partidária e por entender que o nosso projeto, representado pela Rose, é o melhor para Campo Grande, não posso deixar de apoiá-la. Realmente a direita acabou se dividindo em função da eleição municipal , o que é lamentável, e muitos dos apoios tem por foco a eleição de senadores, governador e presidente em 2026”.
Porém, o vereador não deixa de ressaltar sua ligação com Bolsonaro.” Conheço o ex-presidente Bolsonaro desde 2014, em razão, que na época, era presidente da Associação dos Oficiais da PM e BM, e em razão da luta classista e também na busca por um segurança pública de melhor qualidade tinha presença constante no Congresso Nacional. E em 2015, por minha indicação ele recebeu a Medalha Tiradentes da PM aqui no Comando Geral”.
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