Candidato tucano acha “oportunismo” cobrar mais dinheiro do Estado para saúde
Em debate na Associação Médica, Geraldo Resende disse que adversários “vendem ilusões” e defendeu governo do Estado de críticas sobre falta de verba para atender pacientes da região
O deputado federal Geraldo Resende, candidato do PSDB à prefeitura de Dourados, chamou de “oportunismo” a crítica feita pelos adversários ao governo do Estado por destinar pouco dinheiro para a saúde pública.
Como tem gestão plena, Dourados é responsável pelo atendimento de pelo menos 800 mil moradores de 33 municípios da região. Entretanto, a saúde está em crise, principalmente no atendimento de pacientes com câncer e renais crônicos.
No debate promovido hoje (21) pela rádio FM Cidade na sede da Associação Médica de Dourados, tendo a saúde como único tema, os candidatos Renato Câmara (PMDB), Ênio Ribeiro (Psol) e Wanderlei Carneiro (PP) cobraram mais participação do Estado para melhorar os serviços de saúde.
Candidato do partido do governador Reinaldo Azambuja, Geraldo Resende chamou os adversários de “oportunistas” ao responder a uma pergunta enviada pelo Campo Grande News sobre a cobrança de Dourados por mais dinheiro do Estado.
“É oportunismo falar em acabar com a gestão plena e cobrar mais recursos do Estado durante a campanha eleitoral. Erra quem acha que a União e o Estado repassam menos recursos para Dourados. É uma das mais altas per capitas do país. Somos aliados do governador e do secretário de Saúde e temos condições de fazer o diálogo para conseguir mais recursos para a saúde da região”, afirmou o candidato tucano.
“O candidato deve estar falando de Mato Grosso e não de Mato Grosso do Sul”, rebateu a candidata do PR, vereadora Délia Razuk, ao comentar outra pergunta.
A reação de Geraldo Resende em defesa do governo estadual foi o momento mais quente do debate, que durou uma hora e 20 minutos e teve blocos com perguntas de pessoas presentes no local do evento, de ouvintes da rádio e de jornalistas. Os candidatos não fizeram perguntas entre si, o que evitou o embate direto.
Saúde em crise – A crítica ao modelo de saúde adotado em Dourados na atual administração e ao governo do Estado e à União por mandarem poucos recursos para o município atender pacientes da região predominou.
O atual secretário de Saúde de Dourados, Sebastião Nogueira, desafeto de Geraldo Resende e filiado ao PMDB de Renato Câmara, acompanhou o debate na primeira fileira, ao lado do vice-prefeito Odilon Azambuja (PMDB).
“Não podemos vender ilusões, falsas promessas. A atenção básica está esfacelada em Dourados. Faltam gestão e diálogo para resolver a crise na oncologia e nefrologia. Meu escritório é o muro de lamentações sobre a saúde”, afirmou Geraldo Resende, que é médico.
Ele também não perdeu a oportunidade de alfinetar Renato Câmara: “Será que o candidato resolveu os problemas da saúde no seu município quando foi prefeito antes de falar que vai resolver em Dourados”, questionou, se referindo ao período em que o peemedebista foi prefeito de Ivinhema.
Délia Razuk prometeu, se eleita, valorizar os médicos e atuar em todos os setores para ampliar os serviços de saúde. “Precisamos cuidar do cidadão e melhorar o atendimento básico”.
Já Renato Câmara disse que passou da hora de Dourados ter um laboratório próprio para fazer de exames. “Tem que chamar os médicos concursados para ocupar as vagas nos postos. O Hospital Regional é projeto para médio prazo, para agora precisamos ampliar o Hospital da Vida”.
Lembranças de 2008 – Ao abrir o debate, o presidente da Associação Médica Jorge Baldasso citou as promessas feitas pelos candidatos no debate promovido pela entidade em 2008. “Em menos da metade do mandato, o eleito foi preso junto com quase todos os vereadores e o vice-prefeito”, citou ele, se referindo ao escândalo político desencadeado após Operação Uragano, em 2010.
“Os doentes com câncer e renais crônicos estão sem tratamento. Onde está a prioridade? Será que acaba assim que o candidato é eleito?”, questionou Baldasso.
Ele chamou o apadrinhamento político de “praga nacional que compromete a administração pública” e disse que o alto custo para abrigar correligionários usa o dinheiro que deveria ir para a saúde. “Impede de pagar salários dignos”, afirmou Baldasso, que pediu para o eleito em 2 de outubro ouvir mais os médicos da cidade.