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Política

Chefe do MPE repudia 'ataques' e dá recado: 'não iremos nos intimidar'

Michel Faustino | 27/07/2016 17:20
O promotor Marcos Alex Vera (primeiro plano) e ao fundo o procurador-geral de Justiça Paulo César dos Passos. (Foto: Fernando Antunes)
O promotor Marcos Alex Vera (primeiro plano) e ao fundo o procurador-geral de Justiça Paulo César dos Passos. (Foto: Fernando Antunes)
Passos criticou declarações de advogados e afirmou que MPE seguirá vigilante. (Foto: Fernando Antunes)
Passos criticou declarações de advogados e afirmou que MPE seguirá vigilante. (Foto: Fernando Antunes)

O procurador-geral de Justiça, Paulo César dos Passos, rebateu, na tarde desta quarta-feira (27), em entrevista ao Campo Grande News, críticas feitas à denúncia da Operação Coffee Break, durante coletiva de seis advogados, que representam 11 denunciados pelo MPE (Ministério Público Estadual) à Justiça), concedida mais cedo. Além de repudiar os ataques, Passos afirmou que o órgão não irá se intimidar perante às ofensivas.

“O Ministério Público sempre respeitou o direito de defesa de qualquer acusado, o que a gente não pode aceitar é que usem dessa prerrogativa para atacar, ofender e imputar fatos a nós (MPE) que não correspondem com a verdade. Essa é uma tentativa clara de manipular a opinião pública e colocar em xeque, inclusive, o trabalho da própria Justiça. Não iremos sucumbir diante qualquer tipo de ameaça”, reforça.

Passos se refere à hipótese levantada durante coletiva na manhã de hoje pelo advogado André Borges, que atua na defesa do vereador Otávio Trad (PTB). O defensor se disse pretenso a acionar à Justiça contra o MPE, caso a denúncia da operação, que aponta compra de votos para cassação do prefeito, Alcides Bernal (PP), seja rejeitada em relação ao seu cliente.

“Interpretamos essa afirmação como uma forma de ameaça e de tentar desqualificar não só a denúncia, mas todo o Ministério Público. Isso é uma ofensa sem tamanho”, afirma Passos, reiterando que todas as investigações são pautadas nos princípios da legalidade.

Outro ponto citado pelo procurador é quanto a acusação de que órgão estaria supostamente 'pressionando' à Justiça.

“Nós repudiamos com veemência essas afirmações até porque, volto a dizer, tais citações atingem não só o MPE, mas também o Poder Judiciário. Reafirmamos que confiamos na independência da Justiça , assim como do MPE e isso é altamente ofensivo. Temos segurança em tudo aquilo que até agora apontamos e acreditamos na coerência e seriedade da investigação”, diz.

Esquema – Atual secretário-geral do MPE, o promotor, Marcos Alex Vera de Oliveira, foi o responsável por conduzir as investigações da Operação Coffee Break, enquanto chefe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repreensão ao Crime Organizado).

Vera reforça os argumentos apresentados pelo procurador-geral de Justiça e reafirma que as declarações da defesa à imprensa seriam tentativa 'desesperada' de contrapor os fatos concretados existentes na denúncia.

O promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, secretário-geral do MPE e ex-chefe do Gaeco, (Foto: Fernando Antunes)
O promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, secretário-geral do MPE e ex-chefe do Gaeco, (Foto: Fernando Antunes)

“O que presenciamos hoje foi um lamentável espetáculo midiático. Entendemos que esse é o papel deles (advogados), mas temos que nos atentar aos fatos. É importante lembrar que a Coffee Break não surgiu por um acaso. A operação tem como base outras investigações, que revelaram a existência de um esquema, envolvendo políticos e empresários, com o objetivo de cassar o mandato de Alcides Bernal”, lembra.

O promotor reforça que ficou evidenciado, ao longo da investigação, pretensa barganha e oferecimento de vantagens em cargos e espaços na administração pública, o que teria viciado a vontade dos parlamentares diante de uma sessão de julgamento, além de uma evolução financeira desproporcional.

“Neste período onde foram intensificadas as negociações para cassar o mandato do então prefeito, podemos constatar uma movimentação financeira descomunal”, completa.

Marcos Alex também rebate à tese de alguns defensores que acusam a investigação de ser seletiva, deixando de fora algumas peças que atuarem no processo de cassação de Bernal, como a vice-governadora Rose Modesto (PSDB), a deputada estadual Grazielle Machado (PR), e o deputado federal Elizeu Dionizio (PSDB), vereadores à época.

Quanto à esta questão, o procurador-geral Paulo Passos reitera que as investigações prosseguem e tais casos estariam sendo tratados de forma individual nas instâncias competentes.

O processo contra 24 pessoas tramita desde o mês passado na seção criminal do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

O procedimento contabiliza mais de 15 mil páginas. As denúncias são de associação criminosa e corrupção. O Ministério Público vai se manifestar à tarde sobre a coletiva de imprensa dos advogados.

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