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Política

Peça-chave da Coffee Break deixa MS e vira presidente de empresa no Paraguai

Aline dos Santos | 14/07/2016 13:53
MPE fez denúncia contra Fábio e mais 23 pessoas no mês passado. (Foto: Marcos Ermínio)
MPE fez denúncia contra Fábio e mais 23 pessoas no mês passado. (Foto: Marcos Ermínio)
Documento paraguaio de Fábio Machinsky foi anexado ao processo. (Foto: Reprodução)
Documento paraguaio de Fábio Machinsky foi anexado ao processo. (Foto: Reprodução)

Apontado como negociador de vantagens indevidas para vereadores e peça-chave na Operação Coffee Break, Fábio Portela Machinsky deixou Campo Grande e virou presidente de empresa no Paraguai.

A mudança de endereço foi anexada no dia 7 de julho ao procedimento cautelar que tramita desde agosto de 2015 na Justiça, quando foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) a operação que investiga venda de votos na Câmara Municipal para cassar o prefeito Alcides Bernal (PP).

Conforme a defesa, o novo endereço foi informado à Justiça, o que afasta possibilidade de fuga. Contudo, no processo da denúncia da operação Coffee Break, o mandado de notificação, datado de 17 de junho deste ano, ainda foi endereçado para o endereço de Fábio em Campo Grande.

De acordo com a denúncia do MPE (Ministério Público do Estado), apresentada no mês passado à Justiça, Fábio Machinsky, também chamado de “Fabão” na gravações, era representante do empresário João Roberto Baird, dono da Itel Informática.

Ainda segundo o documento, Fábio, o então vice-prefeito Gilmar Olarte (Pros) e o então presidente da Câmara, vereador Mario César (PMDB), prometeram vantagens indevidas a vereadores para cassar Bernal.

Olarte assumiu a prefeitura em março de 2014. No mês seguinte, o Diário Oficial de 2 de abril trouxe a nomeação de Fábio para exercer cargo em comissão de gerente da Gerência de Administração e Finanças, no IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação).

Contudo, no fim do ano passado, Fábio decidiu buscar novos caminhos profissionais em Luque, cidade no Paraguai, próximo à capital Assunção. Na justificativa apresentada à Justiça, a defesa informa que ele buscou novas alternativas “antevendo o cenário econômico nefasto para o qual nosso país lamentavelmente vinha se encaminhando a passos largos já ao longo do último semestre de 2015”.

Em outubro do ano passado, ele adquiriu 50% de uma empresa e se tornou presidente da Rave Sociedad Anonima que informa, em sua página na internet, atuação nas áreas de organização, digitalização, arquivo físico e online de documentos.

No fim de 2015, Fábio Machinsky ainda obteve identidade civil paraguaia, mas sem alteração de cidadania. A mudança para o país vizinho foi em primeiro de abril deste ano e comunicada à Receita Federal.

“A mudança foi antes da própria denúncia e ele está à disposição. Não vai se furtar a responder ao processo e provar sua inocência. Mas para isso ele não tem que morar em Campo Grande. Pode responder esse processo em qualquer lugar porque há instrumentos processuais. Não há hoje qualquer impedimento, não há sequer qualquer tipo de presunção de culpa”, afirma o advogado Anatólio Fernandes da Silva Neto, que atua na defesa de Fábio.

A reportagem solicitou informação ao MPE sobre se há irregularidade no procedimento e aguarda resposta.

Núcleos – Na esfera de associação criminosa, os denunciados são: Gilmar Olarte, João Amorim (empresário), João Baird (empresário), Mario Cesar (vereador), Fábio Machinsky (empresário), Airton Saraiva (vereador), Flávio César (vereador), André Puccinelli ( ex-governador), Nelson Trad Filho (ex-prefeito), Luiz Pedro Guimarães (empresário), Raimundo Nonato de Carvalho (empresário), André Scaff (procurador da Câmara) e Carlos Naegele (empresário).

Na corrupção ativa, foram denunciados: Gilmar Olarte, João Amorim, João Baird, Mario Cesar, Fábio Machinsky, Airton Saraiva e Flávio César. Na corrupção passiva, a denúncia é contra 11 vereadores: Edil Albuquerque, Carlos Augusto Borges (Carlão), Edson Shimabukuro, Gilmar da Cruz, Eduardo Romero, Jamal Salém, João Rocha, Alceu Bueno, Otávio Trad, Paulo Siufi e Waldecy Batista Nunes, o Chocolate.

A Justiça deu prazo para que os 24 citados apresentem a defesa e ainda não decidiu se aceita a denúncia, transformando-os em réus.

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